Lelê estava tomando café, absorta, e eu cheguei – hoje ela acordou tarde: quase dez horas, por isso não tomei café com ela. É carnaval! Xô, 5:30 h. dos dias de aula!
LL: Pai, porque que essa toalha branca – da mesa – eu não posso dizer que ela é vermelha?
DD: Pode. É só você pintá-la de vermelha e depois é só você falar que essa toalha é vermelha.
LL: Não, pai, não é isso que eu quero dizer. Eu quero falar... Deixa ver... Vê se você me entende... Tá vendo aqui a parede... Por que o nome dela é parede e não outro nome? Você me entende?
DD: Ah, já sei o que você quer dizer. Você quer saber, por exemplo, por que uma cadeira é uma cadeira e não... Digamos... Não é uma xícara!
LL: Isso!
DD: Ah, minha filha, isso vai ser difícil d’eu te explicar. Isso é uma questão filosófica. Olhe só, tem um filósofo chamado Giambattista Vico, italiano, que fala que o homem só conhece verdadeiramente aquilo que faz ou cria... Não, não é isso que eu quero te explicar... Deixa eu ver... Ah, tem o filosofo francês Degérando que examinou as mútuas relações entre os signos e a arte de pensar... Ele analisa a formação das idéias e a instituição dos signos, a imaginação e a memória... Não, não, não, pelo amor de deus, esquece tudo que eu falei porque eu não sei nada do que esses caras falaram e nem eu sei o que acabo de falar.
Lelê franziu o cenho como se achasse que eu não havia ainda tomado café.
DD: Olhe, filhinha, você começou a estudar filosofia esse ano, e, talvez, suas dúvidas sobre as coisas aumentem mais ainda, e isso é importante, porque a filosofia quer que questionemos sobre tudo, sobretudo sobre a própria filosofia...
LL: Pai, ô pai...
DD: Calma filhinha, eu vou procurar ler sobre esse enigma, sobre essa coisa difícil de te explicar. Depois eu vou ver em nosso dicionário de filosofia que está lá em cima, em nossa biblioteca, o dicionário de Nicola Abbagnano, que é excelente, e te explicar porque as coisas são as coisas que são e não as coisas que deveriam ser.
Saímos da mesa do café e Lelê foi brincar e eu saí frustrado porque não tive uma resposta plausível para ela. Vou ter que reler, para início de conversa, O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder.
LL: Pai, porque que essa toalha branca – da mesa – eu não posso dizer que ela é vermelha?
DD: Pode. É só você pintá-la de vermelha e depois é só você falar que essa toalha é vermelha.
LL: Não, pai, não é isso que eu quero dizer. Eu quero falar... Deixa ver... Vê se você me entende... Tá vendo aqui a parede... Por que o nome dela é parede e não outro nome? Você me entende?
DD: Ah, já sei o que você quer dizer. Você quer saber, por exemplo, por que uma cadeira é uma cadeira e não... Digamos... Não é uma xícara!
LL: Isso!
DD: Ah, minha filha, isso vai ser difícil d’eu te explicar. Isso é uma questão filosófica. Olhe só, tem um filósofo chamado Giambattista Vico, italiano, que fala que o homem só conhece verdadeiramente aquilo que faz ou cria... Não, não é isso que eu quero te explicar... Deixa eu ver... Ah, tem o filosofo francês Degérando que examinou as mútuas relações entre os signos e a arte de pensar... Ele analisa a formação das idéias e a instituição dos signos, a imaginação e a memória... Não, não, não, pelo amor de deus, esquece tudo que eu falei porque eu não sei nada do que esses caras falaram e nem eu sei o que acabo de falar.
Lelê franziu o cenho como se achasse que eu não havia ainda tomado café.
DD: Olhe, filhinha, você começou a estudar filosofia esse ano, e, talvez, suas dúvidas sobre as coisas aumentem mais ainda, e isso é importante, porque a filosofia quer que questionemos sobre tudo, sobretudo sobre a própria filosofia...
LL: Pai, ô pai...
DD: Calma filhinha, eu vou procurar ler sobre esse enigma, sobre essa coisa difícil de te explicar. Depois eu vou ver em nosso dicionário de filosofia que está lá em cima, em nossa biblioteca, o dicionário de Nicola Abbagnano, que é excelente, e te explicar porque as coisas são as coisas que são e não as coisas que deveriam ser.
Saímos da mesa do café e Lelê foi brincar e eu saí frustrado porque não tive uma resposta plausível para ela. Vou ter que reler, para início de conversa, O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder.
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