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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Crescimento

LL: Pai, você sabe que a gente cresce todos os dias?
DD: Sei.
LL: Quer ver?
Lelê saiu correndo e foi até o banheiro pra ver se enxergava no espelho o seu crescimento olhando no cume de seu cabelo. Voltou e comentou comigo:
LL: Não vi eu crescendo, pai. Peraí.
Correu de novo e foi em seu quarto e, com uma trena, se pôs junto a parede e se mediu. Voltou ao meu encontro e comentou que havia se medido, e não viu crescimento nenhum. Novamente foi ao quarto e mais uma vez se mediu. Voltou e, apontando os dedos indicador e polegar falou que havia crescido nesse instante “um pouquinho assim”.
Todo mundo que a vê diz que ela está crescendo paca, que ela é muito grande para sua idade. Tem dia que ela diz que não quer crescer, quer continuar a ser criança, porque ser criança é muito bom porque não tem que trabalhar, e também é ruim porque tem que obedecer. Esse é o dilema dela. That´s the question: crescer ou não crescer? Trabalhar ou obedecer?

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pedagogia cibernética

A forma de controlar o horário do trabalhador é o relógio de ponto – capitalismo selvagem! Como diria a música do Titãs -, o cartão registrado com as horas trabalhadas. A forma de controlar a presença dos estudantes em sala de aula é a chamada, do primário á universidade. Na universidade nem todos os professores fazem isso. Que bom. A forma dos pais controlar os deveres escolares da estudantada, pelo menos nas escolas particulares, são as tais agendas onde são registrados os deveres do dia seguinte. Isso, claro, nos tempos de hoje. E com o advento da internet - a deusa dos saberes, do controle, do prazer, do tudo – surge uma forma melhor, de acordo com a nova pedagogia cibernética, de se controlar os deveres dos alunos. Agora, no reino das escolas particulares os pais chegam em casa, ou sem sair de casa, acessam o sítio de sua escola e já fica sabendo o que seu filho tem de deveres para fazer no dia seguinte. E mais ainda: digitando seu login e senha já sabe se seu filho teve bronca na escola porque não fez o dever ou cometeu alguma irregularidade. O grande irmão pedagógico vigia o circuito interno no pátio, na sala, nos corredores os passos falsos dos estudantes. A pedagogia particular via carnê cobra dos pais a mensalidade, que cobra o software da educação produtora dos futuros cidadãos respeitados que ingressarão na elite da máquina burocrática estatal com os melhores empregos... Ih! Tô divagando pra dizer que eu e Maurinete acessamos o sítio da escola de Letícia para sabermos o que ela tem de estudar pro dia seguinte. São os tempos modernos, o tempo do controle, do descontrole.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Pegadinha

Pegadinha:
Lelê: Pai, quem fala errado é a Mônica ou a Cebolinha?
Dudu: É a cebolinha.
LL: Não, não é. Quem fala ‘errado’ é a Mônica. Cebolinha fala ‘elado’.
DD: Aprendeu na escola?
LL: Foi.
Quando começa a rolar na escola piadas, frases, ditos jocosos e imorais, fico satisfeito. Sinal de que os alunos começam a se entender, as amizades se criam, as afinidades afloram, a perspectiva de regulagem e ‘puxão de orelha’ pelos professores é real e consequentemente (que legal, tô escrevendo essa palavra de acordo com a nova ortografia. Que pena que o dicionário do computador não aceite eu escrever certo – o traço vermelho indica ‘erro’. Lelê já está estudando dentro das novas regras) nós pais seremos também chamados na regulagem. A direção e coordenação da escola deveriam nos chamar para elogiar nossos filhos para dizer que eles são falíveis e passíveis de mal educação. A educação toda sem mácula é uma porcaria. Afinal, errar não é humano? Melhor ainda quando está no santuário escolar. Santuário? Perguntem aos professores quem são os pestinhas de nossos filhinhos!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Filosofia profunda

Lelê estava tomando café, absorta, e eu cheguei – hoje ela acordou tarde: quase dez horas, por isso não tomei café com ela. É carnaval! Xô, 5:30 h. dos dias de aula!
LL: Pai, porque que essa toalha branca – da mesa – eu não posso dizer que ela é vermelha?
DD: Pode. É só você pintá-la de vermelha e depois é só você falar que essa toalha é vermelha.
LL: Não, pai, não é isso que eu quero dizer. Eu quero falar... Deixa ver... Vê se você me entende... Tá vendo aqui a parede... Por que o nome dela é parede e não outro nome? Você me entende?
DD: Ah, já sei o que você quer dizer. Você quer saber, por exemplo, por que uma cadeira é uma cadeira e não... Digamos... Não é uma xícara!
LL: Isso!
DD: Ah, minha filha, isso vai ser difícil d’eu te explicar. Isso é uma questão filosófica. Olhe só, tem um filósofo chamado Giambattista Vico, italiano, que fala que o homem só conhece verdadeiramente aquilo que faz ou cria... Não, não é isso que eu quero te explicar... Deixa eu ver... Ah, tem o filosofo francês Degérando que examinou as mútuas relações entre os signos e a arte de pensar... Ele analisa a formação das idéias e a instituição dos signos, a imaginação e a memória... Não, não, não, pelo amor de deus, esquece tudo que eu falei porque eu não sei nada do que esses caras falaram e nem eu sei o que acabo de falar.
Lelê franziu o cenho como se achasse que eu não havia ainda tomado café.
DD: Olhe, filhinha, você começou a estudar filosofia esse ano, e, talvez, suas dúvidas sobre as coisas aumentem mais ainda, e isso é importante, porque a filosofia quer que questionemos sobre tudo, sobretudo sobre a própria filosofia...
LL: Pai, ô pai...
DD: Calma filhinha, eu vou procurar ler sobre esse enigma, sobre essa coisa difícil de te explicar. Depois eu vou ver em nosso dicionário de filosofia que está lá em cima, em nossa biblioteca, o dicionário de Nicola Abbagnano, que é excelente, e te explicar porque as coisas são as coisas que são e não as coisas que deveriam ser.
Saímos da mesa do café e Lelê foi brincar e eu saí frustrado porque não tive uma resposta plausível para ela. Vou ter que reler, para início de conversa, O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Uí, madame!

• Lelê continua em seus primeiros passos no inglês. São os primeiros passos de fato. Está aprendendo os pronomes pessoais com o verbo to be. Expliquei-lhe as pronúncias dos pronomes e do verbo to be no presente do indicativo.
DD: Como se pronuncia a primeira pessoa do plural?
LL: uí.
DD: Muito bem. E o que significa?
LL: Significa ‘sim’.
DD: Como assim ‘sim’? Veja bem: I significa eu, You significa tu. É só seguir a ordem no português.
LL: ‘Uí’ signfica ‘sim’.
Caí na real e dei uma gargalhada. A questão é que aqui em casa eu e Maurinete, e por tabela Lelê aprendeu conosco, quando falamos ‘sim’, em qualquer situação, só falamos ‘oui’ (pronúncia de uí) em francês.
DD: Não, filhinha, isso é coincidência de ‘we’ em inglês ter a mesma pronúncia do ‘oui’ em francês. O significado de ‘we’ em inglês é nós, e não ‘sim’. Mas tudo bem, eu não tinha alertado para isso.
• Lelê adora brincar. Não de carnaval, mas de qualquer coisa. Quanto mais bagunçar com ela, mais ela gosta. Hoje brincamos de empurrar um ao outro, de pega-pega correndo dentro de casa por entre os móveis – e Maurinete chamando nossa atenção pra não cairmos e nem esbarrarmos nos móveis. Outra brincadeira é eu deitar no chão, levanto as pernas e ela coloca sua barriga nas solas de meus pés e eu a equilibro. Se Maurinete visse iria nos dar a maior bronca. “Ô beibe, você quer arrebentar com sua coluna! Você não está vendo que vai derrubar essa menina e ela vai quebrar o braço!”... Mas ela não viu e o show da dupla trapezista saiu a contento.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Informação


• Em conversa do dia-a-dia de mãe para filha Mauri fala pra Lelê que ela já está ficando uma mocinha e que logo, logo quando ela completar uns treze anos, portanto daqui a três anos, ela estará menstruando, e, a partir daí seu crescimento cessará.
LL: Eu não vou mais crescer mãe, jura?
Mauri: Vai não.
LL: Você menstruou também quando tinha treze anos, e aí você parou de crescer e tá desse tamanho que você é hoje desde os treze anos?
Mauri: É sim. Isso é um processo natural, isso é da natureza...
LL: E, você, pai, também menstruou com treze anos?
DD: Foi sim.
LL: E o tamanho que você está hoje é desde quando você tinha treze anos também?
DD: É, sim.
Mauri: Ele está de gozação com você, minha filha. Homem não menstrua.
LL: Ah, pai...
• É costume nosso quando estamos andando de carro pegarmos um livro, ou os livros didáticos de Lelê e irmos estudando com ela os deveres da escola. Ontem estávamos lendo um capitulo do livro de filosofia onde aborda questões marcantes na história da humanidade contemporânea, e aí aproveitamos as temáticas e vamos fazendo os devidos adendos para Lelê melhor entender os textos. O escrito que Lelê estava lendo para nós falava da bomba de Hiroshima, tsunami, aborto, drogas, ecologia e outros assuntos. Depois comentamos como os livros da escola de hoje em dia mudaram. São temáticas atualizadíssimas, envolventes, livros ilustrados com desenhos e fotos bem esclarecedores. O caso do tsunami foi praticamente ao vivo, as imagens flagrantes da televisão foram de arrepiar, e hoje, se quisermos rever tudo isso possivelmente encontraremos os arquivos na internet. A geração Lelê tem um tsunami de arquivos que pode naufragar essa geração em tanta informação, por mais contraditório que isso possa parecer.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Nasce uma estrela

Há mais de ano que Lelê foi fazer uma aula experimental de teatro para ver se gostaria ou não de fazer teatro na escola do grupo teatral Néia e Nando. Não, não ficou. Não gostou. Quinta-feira última ela voltou a fazer mais uma aula experimental, só que dessa vez era na sua escola, com seus colegas de sala e de colégio. Estávamos receosos em decorrência da experiência anterior. Ela aceitou e ficou toda empolgada. Gostou demais!
Estávamos – Lelê, Mauri e eu – jantando e conversando sobre essa aula de teatro. Mais empolgados do que Lelê eu e Mauri falamos teatralmente para Lelê:
Dudu: A partir de quinta feira última o teatro brasileiro começou a escrever uma nova página em sua história. O teatro brasileiro se dividiu, a partir dessa quinta-feira última, em antes e depois de Lelê.
Mauri: Isso mesmo. Já imaginou, Lelê dando entrevista para jornais e televisão, falando de sua carreira, dizendo assim: “Eu quando era criança fiz aula experimental para ver se entraria para o teatro, e fiquei em dúvida se faria ou não essa arte, se começaria a construir a partir daquela data uma experiência artística – Lelê ficou só escutando nós dois com cara de admiração, principalmente porque nós caprichávamos o tom de voz – mas graças a persistência de minha mãe, graças a Deus estou hoje aqui prestando minha contribuição ao teatro brasileiro.
DD: “E graças também ao meu pai que me estimulou muito para eu fazer o Kumon, que é uma verdadeira aula de estímulo à disciplina e a vontade de querer estudar, dois fatores basilares na formação de um ator”.
Lelê estava rindo, quase babando de vaidade. Mauri disse que um dia desses estava ouvindo na rádio CBN uma entrevista com Gilberto Gil em que ele falava que a avó dele foi uma grande estimuladora para sua carreira, lhe ensinando o prazer de estudar, de ler – mais ou menos essas coisas. Também citei o caso de Rafael Cortez, integrante do programa de humor-jornalismo da TV Bandeirantes, o CQC, que eu gosto muito, ao jornal Rascunho – o jornal de literatura do Brasil – em que ele fala que sempre foi estimulado a ler o tempo todo por sua avó materna. Ela reunia ele e seus irmãos em seu apartamento para ler clássicos de Monteiro Lobato, despertando-os para o interesse pela leitura e a escrever bem e bastante. Então eu e Mauri apenas estávamos seguindo exemplos naturais de pessoas que tiveram seus talentos despertos por estímulos de pessoas próximas e persistentes. Agora, sem sacanagem, independente disso sentimos que Lelê gostou da aula de teatro, que será toda quinta-feira. Apostamos nela.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Conversas do além

LL: Pai, sabia que você é um marciano?
DD: Por quê?
LL: Porque tem olhos verdes.
DD: Que estória é essa?
LL: Foi a professora que falou que todas as pessoas de olhos azuis ou verdes são marcianas.
DD: E as que têm outras cores são ETs?
LL: Não.
DD: Então essa teoria de sua professora tá meio capaenga.
LL: Sabia, pai, que lá no meu colégio tem uma menina vampira?
DD: Por que ela é vampira?
LL: Ela disse que é porque não gosta da cor vermelha.
DD: Pelo contrário, ela deveria gostar do vermelho porque é a cor de sangue, que é o que todo vampiro gosta.
LL: Ela falou que tem oitenta e três filhos.
DD: Uau!!!
LL: Eu acho que ela queria dizer que são oitenta e três bonecas.
DD: Mesmo assim acho que é exagero. E haja quarto pra tanta boneca.
LL: Um dia desses, pai, eu estava lendo na biblioteca, e ela chegou e sentou na mesa ao meu lado e ficou digitando com os dedos na mesa e ficou falando uns números esquisitos!
DD: Ela não é vampira coisa alguma, filha, isso é fantasia dela, ou, mais do que isso, fantasia de quem quer acreditar.
LL: Não, pai, ela é vampira, ela acha que é vampira.
DD: Ã rã!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O jaleco

Aula de laboratório. É mais uma novidade na vida escolar de Lelê. Ela tá toda empolgada com essa aula, principalmente porque tem que ter uso obrigatório de jaleco. Jaleco com seu nome escrito acima do bolso do lado esquerdo do peito. Tudo providenciado e Lelê, até que enfim vai se tornar “doutora”. Foi assim que ela se sentiu vestida com aquele jaleco branco, símbolo universal da profissão médica. Ah, como podíamos deixar passar em branco esse momento? Qual nada!
LL: Pai, eu mereço uma foto.
DD: Com certeza.
Corro e busca a máquina. Clique! Pronto, o registro para toda a vida de Lelê.
LL: Mais uma, pai!
DD: Vamos lá!
Clique! Clique! Sei lá o que Lelê vai ser na vida, que profissão vai exercer. Não temos a menor idéia. Só estamos preparando-a para a retidão na vida. O mais, o futuro delineia.
Fiquei observando a força que o jaleco exerce sobre as pessoas – adulto ou criança. Acredito que a empolgação de Lelê vestida num jaleco seja tanto quanto ao de um médico, ao de qualquer profissional que use um profissionalmente.
Um pouco de história sobre o jaleco não faz mal a ninguém. Li num livro bem interessante, Medicando com Arte, dos médicos Armando José China Bezerra e Jordano Pereira Araújo, publicado pelo CRM-DF que “a vestimenta relacionada à profissão médica sempre variou muito entre as diversas culturas. Em várias cidades européias da Idade Média, o médico usava roupa vermelha para se destacar dos outros profissionais. Nos primeiros hospitais surgidos na Europa, nos quais quem prestava cuidados era o clérigo, a cor usual das roupas era o preto. Nesse período , os hospitais eram locais onde os doentes que não tinham assistência familiar iam para passar seus momentos finais, já que a Medicina não podia fazer muito por eles. Assim, a roupa escura ajudava a criar um ambiente apropriado de luto. Entretanto, até o fim do século XIX, não havia um uniforme ou uma cor ligados diretamente à profissão. O médico usava no consultório e até nas salas de cirurgia as mesmas roupas que usava na rua”. Não falei pra Lelê isso sobre a história do jaleco, mas vou contar.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Marcando presença

Mauri: E aí, Lelê, está gostando da aula de inglês?
LL: Só não está melhor porque não sei falar inglês.
DD: É porque você está no início ainda, minha filha. Você ainda não teve nem quatro aulas de inglês em sua vida e já quer dominar o idioma de uma vez!
LL: Mãe, diga como é que fala ‘presente’ em inglês.
Mauri: gift.
LL: Não é.
Mauri: É, sim.
LL: Não é, mãe!
Mauri: E como é, então!
LL: É ‘present’.
Caimos na gargalhada.
DD: Não, filhinha, o presente que nós estávamos pensando que você queria dizer era o substantivo masculino significando brinde, dádiva, e não o adjetivo, no sentido figurado, que participa da aula, no seu caso quando a professora fala seu nome e você diz “presente!”.
LL: Mas eu queria saber logo de inglês.
DD: Eu sei, mas um idioma a gente aprende aos poucos. Tem uma música que Elba Ramalho canta que fala que “toda caminhada começa com o primeiro passo”.
LL: Como assim?
DD: Isso significa que você está hoje na quinta série-sexto ano...
Mauri: Mas pra isso você teve que começar lá na escola infantil, no presinho, depois primeira série... até chegar onde está e caminhará até você se formar...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O homem-memória

Moraes Rego. Esse é o nome da nova escola de Lelê. Já falei aí acima. Escola particular tradicional de Brasília, há mais de trinta anos mo mercado educacional brasiliense. Essa é a primeira vez que Lelê estuda numa escola particular. Gostamos dela. Acredito que já escrevi que são cerca de dezessete alunos na turma de Lelê, ao contrário do muito bom Colégio Marista que são quarenta por turma, onde procuramos informações quando da matricula de Lelê.
Na Moraes Rego quando as aulas encerram há um bedel que fica na porta de entrada do colégio e a proporção que os pais vão chegando para pegarem seus filhos o bedel, microfone em punho, chama o nome de cada aluno e a turma, anunciando a chegada do responsável. “Letícia Alves, sexto ano bê”, “Carlos Rodrigues, nono ano A”... A princípio a gente pensa que o cara tem uma memória fora do comum, mas é só observar que todos os dias, de segunda a sexta-feira, o ano inteiro ele repete o nome de todos os estudantes, e não seria diferente se não decorasse o nome de todos eles, do maternal ao nono ano, séries existentes no colégio. Lógico que isso funciona também como estratégia da escola, para quem ver pela primeira vez, para acreditar que essa escola é diferente de todas, pois atende seus alunos de forma personalizada.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Sol

Ufaaaa!!!! Adeus horário de verão! Lelê não se conteve de alegria porque agora irá acordar com um pouco menos de escuridão e logo logo a seguir o sol aparecerá. E hoje, primeiro dia escolar sem a o breu matutino, parece que o Sol apareceu mais belo do que todos os outros dias. Ela acordou alegre, banhou-se, vestiu o uniforme, tomou café, calçou os tênis, e, lá vinha ele, o Sol. Como diz a música de Raul Seixas, que Lelê conhece muito bem, “o Sol vem surgindo detrás das montanhas azuis”. Lelê falou que o Sol estava tão lindo que merecia uma foto. Então fui buscar a máquina fotográfica, dessas que a gente olha pelo buraquinho para ver o fotografado enquadrado, e não dessas que a máquina te enquadra quando a colocamos na distância do nosso braço e você mesmo se fotografa. Pois bem, sem os poderes da modernidade, fotografei Lelê tendo como fundo o Sol. Uma foto na varanda interna de casa e outra em frente também à nossa casa. Vi a hora Lelê esticar o braço e pegar o rei da luz quente com as mãos e presenteá-lo a si mesmo. Quando a van escolar chegou para pegá-la o Sol parecia que já era o de meio-dia. Millôr Fernandes sobre o Sol: “Lá em cima o sol, caminhando de um dia pro outro”. Pra não dizerem que eu só falei bem do Sol, transcrevo outra de Millôr: “O sol está a 150.000.000 de quilômetros da terra. Mas dá um jeito de sua luz viajar a 300.000 quilômetros por segundo só pra aporrinhar às cinco da manhã o boêmio que foi dormir as três”.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Da internet

Quando vejo, tá lá Lelê fazendo uma bateria de exercícios e deveres de casa com a internet ligada. Passando um clip, ou algo parecido, e tome que escreve algo do livro no caderno sobre a escrivaninha. Com calma cheguei junto a ela e disse que assim, dessa forma de estudar, acreditava eu que seu rendimento não seria uma boa.
LL: Mas pai, eu já li todo esse texto de história.
DD: Não duvido. Ler é uma coisa, entender é outra.
Ela já estava praticamente no final dos deveres e depois conversamos, eu e Maurinete, que não seria mais permitido ela fazer dever escolar com o computador ligado na internet, assistindo clip, ouvindo música, tocando flauta, tudo ao mesmo tempo agora. Depois peguei o caderno dela e vi muitos erros de português e há carência de melhor ordenação em suas explanações. A verdade é que essa geração Lelê/toddy/iogurte/pão e congêneres enlatados, quer tudo enlatado, até o conhecimento via inteligência Google, o salvador da pátria. Não nego as facilidades do computador. Não sou burro. Julgo. No entanto, só computador, não é possível. É verdade que todos os dias ela pede nossa orientação nos deveres, sem entregarmos o queijo e a faca de graça pra ela. Bem, quem tem filho sabe que os tempos modernos também é uma sinuca de bico.
Abunda informação na escassez de conhecimentos. A propósito: li um artigo de Rose Muraro, no Correio Braziliense do último dia 12, muito bom, exatamente sobre essa questão da escassez dos gênios culturais e científicos de nossa época em decorrência dessa nossa civilização de consumo, internet e videogames. Para ela parece que estamos em um século de deserto. Acrescenta: “da segunda metade do século 20 em diante, estamos cercados de uma noosfera imbecil, niveladora por baixo, que faz que os grandes gênios que certamente existem não possam acontecer. Seja pela pobreza material, seja pela pobreza emocional e espiritual”, E vai mais: “Rádio, televisão, videogames, a primazia do consumo sobre a qualidade de vida, tudo isso é ambiente nefasto para o caminhar da espécie humana que está nos fazendo chafurdar nesta realidade rasa e pantanosa”. E por aí vai. Mas eu estava falando mesmo era da interferência da internet, esse mundo fantástico, na aprendizagem escolar de Lelê. A verdade é que ela é tão fantástica que, se não tivermos cuidado ela acaba nos engolindo. Ah, estou abordando essas questões aqui não é porque eu queira infernizar a vida de Lelê para ela se tornar gênio, não. Fui!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Excelente porcaria

Estávamos – eu, Lelê e Maurinete - no shopping center Conjunto Nacional comprando umas roupas pra mim e passou por nós os atores da companhia velha de guerra conhecida de Lelê , Néia e Nando, distribuindo panfletos sobre a peça Os TrêsPorquinhos. Estavam vestidos a caráter. Era umas dezesseis horas e a peça seria as dezessete. Esses atores são batalhadores mesmo. Uma hora antes do espetáculo os caras ainda estão pescando expectadores pelas ruas. A peça seria no teatro da Escola Parque, escola que Lelê freqüentou por três anos, uma vez por semana. É uma escola que ela sente saudades. Lelê fez cara de que queria ir pra peça. Maurinete tinha um compromisso às 17:00 h. e então eu e Lelê zarpamos pra lá.
É um conto tradicional a história clássica dos Três Porquinhos, e o grupo faz várias adaptações pros dias de hoje inserindo trechos de música funk, gozações com as duplas caipiras, no caso deles uma tripa caipira, como eles falam e faz algumas inserções participativas da platéia. As crianças se divertem pra caramba como os pais também. Tinha momento que eu percebia que os pais pareciam os filhos, rindo de graça.
Depois perguntei pra Lelê se ela tinha gostado e ela falou que só não gostou mais por causa do guri que estava ao nosso lado, um molequinho de uns quatro anos de idade, que a todo instante estava falando, gritando, xingando o lobo mau... e o pai não tomava nenhuma atitude para não atrapalhar quem estava ao seu lado.
Quando chego em casa tenho que anotar na ficha essa peça que Lelê viu e lhe pagar dois reais, que é o valor por cada peça que ela assiste.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tarsila

• Fui pegar Lelê na escola. Sexta-feira treze. Ela, como todo supersticioso, tem receio desse dia.
LL: Pai, você num fica preocupado não?
DD: Com o que?
LL: Hoje é sexta-feira treze!
DD: Não vejo diferença em ser sexta-feira treze, quatorze, quinze... Não tenho medo de escada passar por debaixo de mim ou vice-versa.
LL: Cruz credo, pai!
• Estamos passando pela quadra 105 Sul, Lelê aponta para os tapumes de uma obra:
LL: Olá, pai, o quadro da Tarsila do Amaral!
Era um grafite.
DD: Como você sabe que é da Tarsila do Amaral?
LL: E nós da Escola Classe não fizemos um trabalho o ano passado sobre pintura!
De fato, no final do ano passado sua ex-escola fez um belo trabalho com todas as turmas do colégio. Cada turma pegou um pintor brasileiro e reproduziu suas principais obras – e expôs suas biografias - em cartolina, papel machê, etc. e mostrou em murais. Foi uma exposição coletiva vista pelos pais em uma festa de fim de ano muito legal. Dejanira, Di Cavalcanti, Portinari, Tarsila, Athos Bulcão, etc. desfilaram pelos murais da escola.
DD: E você está lembrada como é o nome dessa pintura?
LL: Não.
DD: É o Abaporu
Lelê despertou-me a curiosidade e quando cheguei em casa fui pesquisar sobre o Abaporu: pintura (óleo sobre tela) de 1928. É a tela brasileira a alcançar o maior valor em um leilão: 1,5 milhão de dólares. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini e está exposta no MALBA – Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O velhinho historiador

Não, num é prova não. Um texto de história de sete páginas, com ilustrações, para início de conversa. Lelê tinha que lê-lo para a aula de história de amanhã. Ela pediu para ler para mim. Cada um tem seu estilo de estudo. Por certo ela falando para alguém o entendimento para si é melhor. Então ouvi o texto “Por que o passado me interessa?”, uma compilação de introdução à história. Um dos itens de estudo era “o que faz um historiador”. Diz o texto que, para o historiador, mais importante que o acontecimento em si é saber por que o fato aconteceu, qual sua causa ou motivo e diz que o historiador trabalha com as perguntas básicas por quê? Como? Onde? Quando? Quem? E assim por diante. Cita como historiador nada mais, nada menos do que o Eric Hobsbawm. Depois que Lelê terminou a leitura do texto perguntei-lhe o que mais lhe chamou a atenção. De imediato ela falou que foi o fato de Hobsbawm ter nascido em 1917 e ainda estar vivo. Soltou um “Caracas!” do tamanho da distância de sua idade e a do historiador egípcio naturalizado inglês. Fomos fazer as contas e o Eric está com 91 anos, e, se não me engano, ainda continua dando aulas, o que aumentou mais ainda a perplexidade de Lelê. Pela a admiração de Lelê dá pra traduzir que o Eric Hobsbawm além de ser historiador ele é a própria história viva. Fazendo as contas, ele nasceu em plena revolução russa, 1917, passou pela segunda Guerra Mundial e de leve acompanhou via televisão, jornal, internet e rádio essas guerrinhas sujas que os Estados Unidos criou desde a década de 60 até hoje. Lógico que não adentrei esses detalhes pra Lelê, mas lhe chamou a atenção também, puxando o fato de Hobsbawm estar vivo, o Oscar Niemeyer também estar vivo, vivíssimo, com seus 101 anos. Aí é que Lelê foi ao delírio. Haja história que esses dois velhinhos geniais tem para contar.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

The book on the table

Depois da janta Lelê pede a Maurinete para fazer um cafuné na barriga dela.
LL: Mãe, massageia aqui minha barriga.
Mauri: Não senhora, vamos massagear seu cérebro pra terminar de fazer os deveres da escola.
Hoje LL aprendeu na aula de inglês as cores básicas e os nomes de algumas frutas. Treinou comigo e mais tarde com Maurinete. Também aprendeu algumas frases de cumprimento e tive que repetir várias vezes para ela articular bem sua fala o “what’s your name? My name is...”. Vamos ver se a guria não vai ficar, como os pais, no vergonhoso “the book on the table”. Mesmo tarde eu e Mauri já estamos providenciando o estudo de inglês de forma séria. Estou terminando o curso de português no Kumon e logo a seguir vou engatilhar o curso de inglês juntamente com Maurinete. Agora ou vai ou racha. Com Letícia dando seus primeiros passos acreditamos que vai ser bom para os três. Lelê também está estudando o espanhol, como obrigação curricular do MEC. Ela está adorando porque foi sempre o sonho dela estudar espanhol, simplesmente por causa dos Beatles dela, que é o RDB, conjunto mexicano que arrastou Brasil a fora milhares de crianças com suas músicas, suas músicas... Sei lá como definir aquilo! São nessas horas que a gente bota a mão na cabeça e pergunta: “meu deus do céu, onde foi que errei?”.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Parem o mundo que eu quero descer!

O bicho está pegando. Pintou um desespero em Lelê e ela começou a chorar. A questão é que, desde o jardim da infância ela tinha sempre um professor, e agora ela tem para cada disciplina – e é disciplina mesmo! – um professor. De português a ciências, passando por filosofia e artes são quase dez professores. De repente a menina viu que as tarefas de casa cresceram de volume, a descentralização professoral a cobrar deveres e mais deveres todos os dias assustou Lelê. Chegou vinte e uma horas e as tarefas não estavam prontas. E o chororô tomou de conta da guria. A ajuda de Maurinete lendo textos para ela entendê-lo para responder questões e eu dando uma mãozinha em desenho – sou bom para reproduções de desenhos – foi uma mão na roda para acalmá-la e fazer com que ela comece a perceber que ela agora tem que se organizar, administrar seu tempo para não se perder com as tarefas escolares.
Isso significa que Lelê começa a adentrar o mundo da trituração do pequeno ser singelo que era, a criança despreocupada com o tempo e com nada, para entrar no mundo da competitividade escolar, mesmo que todas as escolas digam que não, que a escola formará uma cidadã para um futuro promissor. Mas sabemos que, no fundo no fundo a globalização, o mundo moderno, o liquidificador das intempéries contemporânea é um caminho sem volta. Do contrário, quem não seguir esse ritmo cairá no isolamento. Resta-nos, como pais, aparar as arestas das angústias da modernidade para que Lelê, todos nós, não sejamos apenas um dado estatístico jogado na mesa de negociação de Dôrra. E nós vamos conseguir isso?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Burocrata

Cinco e quarenta. Tudo escuro. A matina dorme, o sol dorme, Maurinete dorme, o galo dorme, a lua dorme, o mundo inteiro – para Lelê – dorme. Inclusive o Japão lá do outro lado do mundo. Sonolenta, irada com o horário de verão, tomando café nesse horário, Lelê indaga:
Lelê: Pai, quem inventou essa droga de horário de verão?
Dudu: Algum burocrata fela que deve ir pro trabalho lá pelas dez horas.
LL: E o que é fela?
DD: Esquece.
LL: Não, fala pai, fala!
DD: Tudo bem: significa filho-da-puta.
LL: E burocrata?
DD: É a mesma coisa.
LL: Um dia desses um motorista deu quase uma fechada na mamãe e ela falou alto pra ele: “seu filho-da-puta!” . Então ela podia ter dito “burocrata!”.
DD: Exatamente. Ou se não de ‘burrocrata!”. Mas essa escuridão não é em todo canto não. Lá em Cajazeiras, na Paraíba, quando é cinco horas da manhã o sol já apareceu.
LL: Ê povo de sorte!
DD: Mas quando é seis horas da noite já tá tudo escuro.
LL: Ê povo de azar!
DD: E assim caminha a desumanidade. Esse sacrifício todo, minha filha, é pra a gente adquirir conhecimento. Todo dia você vai aprendendo um pouco. O conhecimento não vem assim, tudo de uma vez só, derramado em sua cabeça. Acordar cedo pra ir pra escola, estudar, fazer dever... Num tem jeito, todo mundo é assim. É lógico que tem gente que estuda a tarde e também pode pegar uma lombeira em sala de aula depois do almoço, ou cochilar a noite depois de um dia de trabalho.
LL: Pai, e...
DD: Iche, maria, olhe a hora,minha filha, são seis e dez, o James Dean já está passando na van! Vamos, escove os dentes, rápido, senão vamos atrasar!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A conta da escola

Quando fomos comprar os livros de Lelê na Livraria Saraiva ela entrou no ambiente e exclamou um “hummmmm!!!!, que cheirinho gostoso!”. Referia-se ao odor de livro novo que exalava em todo ambiente. Maurinete manifestou interpretação de “essa menina realmente vai ser uma bibliotecária”. Ela, lógico, ficou toda cheia de si. A convite dela, Lelê, fomos dar um giro pelas estantes, folheando livros, observando materiais escolares, farejando a criatividade das histórias dos muitos escritores ali presentes. “Olha, pai, o Menino Maluquinho na capa do caderno!”. Em tudo quanto é material estudantil a gente encontra o Menino Maluquinho do Ziraldo. No livro de português de Lelê, tá lá ele, em tirinhas. Se a gente não toma cuidado sai atropelando esse el pibe piola por tudo quanto é folha de papel ao vento. Ziraldo: o homem-fábrica do little boy.
Os livros didáticos Lelê não tinha como escolher, mas os cadernos ela escolheu de acordo com o seu deleite atraído pelo o charme consumista das capas, retratando o estilo infantil feminino. Livro literário não foi dessa vez que compramos, a conta dos didátticos estava salgada, mas em casa ela ainda tem vários livros para ler.
Oh, santa classe média, ainda temos que comprar uma mochila, jaleco – para a aula de artes -, o livro de inglês para a Casa Thomas Jefferson, sem contar a despesa com o transporte escolar – a van de James Dean. Será que o motorista da van é fã mesmo do James Dean?

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Café-com-leite filosófico

Dá dó –percebi o cacófato – ter que acordar Lelê às cinco e trinta da manhã. Tudo escuro, a madrugada ainda está vivíssima, nem um galo pra a gente ouvir cantar. Se bem que, pelas redondezas daqui de casa não existe esse despertador natural. Depois que o celular toca sua sineta tenho que tirar Lelê de seu sono profundo. Incrível, ela não faz cara feia, não faz jogo de querer ficar mais um pouquinho na cama, nada. De imediato ela se levanta e já vai buscar sua toalha pra tomar banho. Se arruma e o café já deixo pronto na mesa pra ela. Hoje, não sei se foi por displicência ou por sono, deixou derramar café-com-leite na blusa do colégio. Ainda resmungou um tipo “nojo!” pelo o auto incidente. Maurinete correu e conseguiu limpá-la a tempo sem prejudicar seu uso. Esse fim de semana ela vai ser lavada. Ontem era sua primeira aula de filosofia. Que o pingado derramado não estragasse seu dia. Não adianta chorar pelo leite derramado. Deu até vontade de lhe falar pra derramar o café-com-leite na caneca da filosofia. Sua caneca é profunda – se coloco outra caneca, que não seja a dela, a reclamação logo surgirá - suporta xingamentos matinais, mas só até antes do pôr do sol. Não lhe falei isso por que sua anima ainda estava nos lençóis da cama, repousando no travesseiro. Lelê iria soltar um “o quêêê!!” e eu iria respondê-la: “Não se preocupe, filhinha, isso aconteceu porque eu cortei seu pão com um corte epistemológico, a faca estava muito amolada pela refratalidade Kantiana, e aí a manteiga escorreu pelos ditames Kierkegaardiano”. Exclamativamente Lelê diria: “Pai, você tá maluco? Você já se acordou?”.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Café com leite

Estávamos nós três jantando – Madulê – e Lelê estava falando-nos de como tinha sido sua primeira aula de inglês. Todos tinham que falar somente em inglês, a exceção dos café-com-leite. Café-com-leite? Que que é isso? São os alunos que começam a estudar inglês pela primeira vez e podem falar em português na aula, por enquanto. Lelê aprendeu o alfabeto, os números ordinais até dez e mais algumas frases de cumprimentos.
A televisão estava ligada no Jornal Nacional da Rede Globo e eu estava escutando-o em off, com uma vontade louca de ver a reportagem que falava de Barak Obama. E aí, ver o Jornal Nacional ou prestar atenção em Lelê falando com entusiasmo de sua primeira aula de inglês na Thomas Jefferson? É lógico que eu escutei Lelê, e Obama ficou pra amanhã, pre’u saber se ele é um café-com-leite que está agindo com habilidade ou não. Se ele é um café-com-leite no enfrentamento da atual crise econômica global. Só não posso dizer, em absoluto, que José Sarney e Temmer são cafés-com-leite nas presidências do Senado e Câmara respectivamente. Pela terceira vez ambos ocupam as presidências daquelas casas. Esse é o Brasil que vai pra frente, novidadeiro, país pra inglês ver. Lelê começou a pronunciar o alfabeto inglês pra gente lhes dizer se estava correto ou não, e a letra ‘a’ estava errada, ela pronunciou ao pé da letra, coisa que os três políticos acima citados não farão em seus mandatos. Yes, they can, com suas lógicas políticas que Lelê não está interessada em saber e nem eu quero falar. Bái!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Que saudades!

Todo início de ano é isso: cadernos novos, livros novos, tudo novo. Então, vamos caprichar para que tudo continue novo até, pelo menos, no fim do ano, e, para que tudo fique conservado só resta cobrir, principalmente, os livros com plástico. Sobrou pra mim essa tarefa. Eu já tinha os plásticos grossos e transparentes, e comecei a cortar daqui, aparar acolá, dobrar aqui, durex colando nas pontas dos dedos e eu dando currulepe – o Aurélio não registra essa palavra: sacudir os dedos velozmente no ar para que se descole o durex das pontas dos dedos – e o bicho nada de despregar de meus dedos. O importante é que o material estará, provavelmente, protegido de dedos gordurosos de quando Lelê terminar de almoçar – num tem jeito, criança acaba esquecendo-se de lavar as mãos por mais que você oriente.
Fui encapando os livros e lembrando de quando eu era criança e tinha também meus livros cobertos para não sujá-los, até o fim do ano não digo, mas até o fim do primeiro mês... vá lá. A letra caprichada nas primeiras páginas dos cadernos Lelê disse que iria fazer, como eu também fazia. Só nos primeiros dias, lógico.
É muito agradável cheiro de livro novo.