Essa semana estou indo ao parquinho jogar bola com Lelê. É logo depois que ela chega da escola. Ela veste o calção e blusa do Flu e eu calço meu tênis para dar umas boas corridas. Brincamos de golzinho, e, quando ela faz um, corre para comemorar comigo. É uma hora de bola. Quando termina o jogo já estou com um palmo de língua pra fora, e Lelê está toda saltitando pedindo pra continuarmos jogando. Chega, por hoje chega, não sou mais criança, sou um adulto, portanto, uma morada de criança. O suor escorrendo por meu rosto faz-me perceber que a criança Eduardo já gastou todo seu gás e toda sua ex-energia infantil está no corpo de Lelê, está na pessoa daquele guri correndo pra pegar seu coleguinha. Vejo também as outras crianças brincando cumprindo seus rituais de gastarem suas energias naturais, correndo pro corpo de um adulto em construção. E eu correndo pro corpo de um velho, se assim as intempéries do desse mundo velho de guerra cotidiana assim me permitir, e permitir a essas crianças também que vejo correndo a minha frente. Passando em frente ao parquinho vejo um velhinho caminhando lentamente, fazendo sua caminhada, provavelmente por recomendação médica. “Pai, olha bola!”, gritou Lelê. Agarro com as mãos e é como se a trajetória da bola saísse da criança Lelê, passasse pelo o adulto Eduardo e chegasse até aquele velhinho que ora passava pelo parquinho. É o ciclo da vida.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
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Um comentário:
Este papo de idade é bem coisa de velho mesmo...E o velho, pai coruja, que se regozija ao ver a filhinha feliz correndo com todo o gás atrás da bola, não deixa de assumir uma espécie de felicidade de ''voyer''( mediada)diante da existência...
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