Pesquisar este blog

Seguidores

Total de visualizações de página


sexta-feira, 11 de julho de 2008

Religião

Por formação, Lelê e Maurinete são católicas, assistem missa regularmente aos domingos. Por deformação, ou por opção já crescidinho, não tenho religião. Lelê, vez por outra, quando dou uma derrapagem em minhas palavras, ou seja, quando falo alguma besteira que desagrade quem tem uma religião, ela puxa-me a orelha e diz, porque já ouviu alguém falar: “você precisa ter uma religião!”, ou algo no sentido de que me falta Deus no coração. Aí eu falo com ela:
DD: Você me acha mal?
LL: Não.
DD: Você já me viu desejando o mal para as pessoas?
LL: Não.
DD: Então você acha que Deus não gosta de mim?
LL: Não.
DD: Então!
É lógico que ainda é prematuro para que essa questão sobre religião amadureça em sua cabeça. Quando ela atingir o estado da razão de adulto, vamos ver se ela será católica, católica praticante ou assumirá sua fé por outra religião ou por religião nenhuma. Nem Maurinete, nem eu, nem ninguém, julgo, saberemos qual será seu futuro religioso, mesmo ela freqüentando catecismo.
Rubens Alves, psicanalista, um grande contador de histórias, um intelectual refinado, para ele “há muitos deuses, cada um com a cara e o coração daquele que o tem dentro do peito. O Deus de São Francisco não era o Deus de Torquemada. São Francisco usava o fogo do seu Deus para aquecer sua alma. Torquemada usava o fogo de seu Deus para churrasquear hereges em fogueiras que eram a diversão do povo”. De forma poética ele – que já foi pregador – se diz não saber se acredita em Deus, mas se acha um construtor de altares.
Mas esse papão tá muito complicado para Lelê entender. Nem os adultos se entendem por causa de religião imagina eu querer construir uma razão religiosa para uma criança de nove anos. Apenas desejo que ela seja uma pessoa do bem, sem complicações de credo político-religioso-afetivo. Não temos bola de cristal e o que eu quero agora, neste instante, é pegar uma bola de futebol e ir brincar com ela. Narrando um jogo: peguei a bola, matei no peito, dei um passe para Deus que também matou no peito e passou de primeira com a ponta do pé direito para Lelê que chutou também de prima para o bom senso e foi gooooooollllll!!!! Que gol bonito, minha gente, um gol de tática equilibrada, sem chutão, na medida certa, decorrente de uma jogada que veio lá de trás, até parece que tudo foi discutido até atingir o objetivo final, um gol laço pra ser elogiado, tomara que ela continue dessa forma, sempre usando o ponto de equilíbrio para desconsertar os adversários. É isso aí, minha gente!

Nenhum comentário: