Pesquisar este blog

Seguidores

Total de visualizações de página


quinta-feira, 3 de julho de 2008

Frufru, digo, Fluflu

Inevitável voltar ao tema do jogo decisório de ontem do Flu na Libertadores como já havia abordado na vitória sobre o Boca Juniors argentino. Não posso fazer nada, Lelê adora – toda vez que uso essa palavra ela me corrige dizendo que adorar, só a Deus – torcer pelo Fluminense e isso não vai tirar pedaço de mim, então deixa.
Antes de começar o jogo contra a LDU – essa sigla parece com a de SLU daqui de Brasília, que significa Serviços de Limpeza Urbana – Lelê já estava vestida a caráter, uniforme completo do pó de arroz. Sentamos – melhor dizendo, apenas eu - no sofá pra vermos o jogo, Lelê colocou o volume bem alto e criou-se um clima de adrenalina maior com aquelas imagens aéreas do Maracanã feitas pela Tv Globo e o barulho uníssono da torcida corria por dentro das veias de Lelê, ela gritava, extravasava palavras de ordem de torcedor: “ é Flumineeeeeense...”, “vamos lá, minha gente...” etc. Ela gritava rasgando a garganta, iria ficar rouca, com certeza. Pegou um caderno para anotar a que minutos os gols seriam assinalados. O jogo começou, ela de pé, não ficava parada um minuto sequer, e em pouco tempo veio o primeiro gol da LDU e ela deu uma gelada, mas não deixou de xingar de fedepê o equatoriano do primeiro tento da partida. Quando vieram os gols tricolores vi a hora ela explodir. Pediu-me para eu pôr a mão no seu coração pra ver como estava acelerado e realmente estava, pedi para se acalmar porque aquilo era um simples jogo de futebol. Os lances de perigo eram acompanhados de um “uuuuu!” como se estivesse saído do caldeirão do Maracanã. Virada do Flu – e haaaaaja, coração infantil!; veio a prorrogação – se segura, coração infante!; decisão dos pênaltis – explode, pequeno coração tricolor. Os pênaltis defendidos pelo arqueiro equatoriano fizeram Lelê sentar no sofá, foi afundando num silêncio com o sentido inverso daquelas placas de papelão que os torcedores mostram nos estádios, num consternado “eu não sabia!”, e a degola fatal veio quando Washington, o milagreiro dos jogos anteriores, chutou e o grande goleiro do equador defendeu e correu feito um louco para comemorar o título de campeão da Libertadores. Lelê, coração partido, coração de estudante, levantou-se silenciosamente e caminhou de cabeça baixa e foi pra cama dormir, não pra cama dela mas a de sua mãe, pedindo socorro para seu pequeno corpo desmoronado, e antes de dormir, como todo bom tricolor, chorou e naufragou nas ondas do mar de lágrimas do Maracanã. Hoje de manhã pediu-me para que eu a levasse no meu carro para escola, ela não queria ir de van escolar porque iria ser motivo de gozação por toda galera. Falei-lhe que não, que ela deveria ir na van e já chegando dizendo pra todo mundo que ela torce pelo Fluminense na vitória e na derrota, que era o seu time de coração, e pronto. Fui falando com ela e aos poucos ela foi se convencendo e aceitou ir de van mesmo. Ah, falei pra ela ir pra escola vestida com o uniforme do Fluminense, e ela topou, só que na hora que foi vestir, cadê o uniforme tricolor? Neide tinha colocado pra lavar pois o bicho tava sujo porque ela não tirava esse uniforme nos últimos dias por nada. E também que, era preciso lavar todo o suor da decepção, apagar as marcas deixadas pela LDU – Serviço de Limpeza Urbana Equatoriano.

Um comentário:

Unknown disse...

Os jovens tricolores não sabiam que torcer para o Fluminense, além de um prazer, também representa uma imensa dor...Toda aquela ''sorte'' que a equipe havia mostrado contra São Paulo e Boca era meio estranha para os mais velhos que conhecem o Flu de longos tempos, e sabem o quâo custosas e árduas são as suas maiores conquistas...O Fluzão, para quem não sabe, é aquela equipe que muitas vezes- com um ''timinho''- ganhou vários títulos com míseros 1 X 0...