Síndrome de provas, ou, mais especificamente, síndrome de matemática. Quem nunca teve essas síndromes que levante a mão primeiro. É isso que está acontecendo com Lelê. Sua capacidade de resolver seus deveres escolares espontaneamente, diariamente, contrasta quando chega a semana de provas, onde, parece-me, a formalidade de dizer que está estudando para ´provas` dá um trava e desaparece a espontaneidade da resolução de exercícios. E aí a trabalheira para convencê-la de que ela não poderá deixar de estudar para as provas mesmo achando ruim esse remédio amargo. Como conseqüência vem o desgaste de nosso relacionamento, eu, na forma de pai responsável, tenho que convencê-la de que o nosso sistema educacional impõe essa norma de realização de provas das disciplinas para ela obter notas suficientes para galgar a série seguinte, no caso dela a quinta série, mesmo eu achando uma porcaria esse critério de avaliação. É lógico que eu explico para ela ao nível de seu entendimento, mas o tempo vai passando e eu vou ensinando as matérias das provas dela aos dissabores por parte dela e muito mais ao meus, que tenho que engolir esse critério educacional, e aí, o que ocorre? Ocorre que ela vai “aprendendo” sem espontaneidade e eu frustrado por saber que faço parte da engrenagem de um sistema educacional que prepara nossos filhos, e de tabela os pais, para sermos engolidos pelo sistema maior, a própria sociedade, o mercado de trabalho futuro. Poderia eu fazer como alguns pais que foram motivo de belas reportagens em jornais que simplesmente retiraram seus filhos da escola – um caso em Minas Gerais que vi num jornal – e assumiram a formação escolar da gurizada e comprando briga com o Estado quanto as formalidades para quando a molecada for entrar na universidade com a obrigatoriedade de certificados, freqüência escolar etc. Se eu for fazer isso já vou comprar briga dentro de meu próprio terreiro familiar, Maurinete não vai aceitar e mais um milhão de amigos e parentes. Mesmo porque aí já vem os questionamentos de ordem prática do cotidiano: Lelê seria uma menina de poucos amiguinhos, já que na escola há um monte? E a sua convivência social? É... É muito complicado. Bem, enquanto isso, vamos aguardar as notas de Lelê da escola e vamos procurar dar continuidade na construção do boletim de seu dia-a-dia com brincadeira, leitura, cinema, teatro, gibi, chocolate, leite com toddy, muito pão, bicicleta, piscina, brincar na terra, eu carregá-la nas costas – mesmo que Mauriente diga que eu vá arrebentar minhas costelas -, televisão, esconde-esconde, futebol, pirulito, chiclete – que nós chamamos de ´corim´-, andar o tempo inteiro descalça, comer picanha, comer esfirra com refrigerante, reler o Diário de Julieta do Ziraldo, ver o filme Polyana pela milésima vez e não reler o livro, ir ao catecismo, ver uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, viajar de férias pra Vitória-ES, limpar a meleca do nariz e eu perguntar se vai ter festa no salão, ver o Chaves no SBT, ouvir REBELDES, reticências, etecetra.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Decola, Escola!
Síndrome de provas, ou, mais especificamente, síndrome de matemática. Quem nunca teve essas síndromes que levante a mão primeiro. É isso que está acontecendo com Lelê. Sua capacidade de resolver seus deveres escolares espontaneamente, diariamente, contrasta quando chega a semana de provas, onde, parece-me, a formalidade de dizer que está estudando para ´provas` dá um trava e desaparece a espontaneidade da resolução de exercícios. E aí a trabalheira para convencê-la de que ela não poderá deixar de estudar para as provas mesmo achando ruim esse remédio amargo. Como conseqüência vem o desgaste de nosso relacionamento, eu, na forma de pai responsável, tenho que convencê-la de que o nosso sistema educacional impõe essa norma de realização de provas das disciplinas para ela obter notas suficientes para galgar a série seguinte, no caso dela a quinta série, mesmo eu achando uma porcaria esse critério de avaliação. É lógico que eu explico para ela ao nível de seu entendimento, mas o tempo vai passando e eu vou ensinando as matérias das provas dela aos dissabores por parte dela e muito mais ao meus, que tenho que engolir esse critério educacional, e aí, o que ocorre? Ocorre que ela vai “aprendendo” sem espontaneidade e eu frustrado por saber que faço parte da engrenagem de um sistema educacional que prepara nossos filhos, e de tabela os pais, para sermos engolidos pelo sistema maior, a própria sociedade, o mercado de trabalho futuro. Poderia eu fazer como alguns pais que foram motivo de belas reportagens em jornais que simplesmente retiraram seus filhos da escola – um caso em Minas Gerais que vi num jornal – e assumiram a formação escolar da gurizada e comprando briga com o Estado quanto as formalidades para quando a molecada for entrar na universidade com a obrigatoriedade de certificados, freqüência escolar etc. Se eu for fazer isso já vou comprar briga dentro de meu próprio terreiro familiar, Maurinete não vai aceitar e mais um milhão de amigos e parentes. Mesmo porque aí já vem os questionamentos de ordem prática do cotidiano: Lelê seria uma menina de poucos amiguinhos, já que na escola há um monte? E a sua convivência social? É... É muito complicado. Bem, enquanto isso, vamos aguardar as notas de Lelê da escola e vamos procurar dar continuidade na construção do boletim de seu dia-a-dia com brincadeira, leitura, cinema, teatro, gibi, chocolate, leite com toddy, muito pão, bicicleta, piscina, brincar na terra, eu carregá-la nas costas – mesmo que Mauriente diga que eu vá arrebentar minhas costelas -, televisão, esconde-esconde, futebol, pirulito, chiclete – que nós chamamos de ´corim´-, andar o tempo inteiro descalça, comer picanha, comer esfirra com refrigerante, reler o Diário de Julieta do Ziraldo, ver o filme Polyana pela milésima vez e não reler o livro, ir ao catecismo, ver uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, viajar de férias pra Vitória-ES, limpar a meleca do nariz e eu perguntar se vai ter festa no salão, ver o Chaves no SBT, ouvir REBELDES, reticências, etecetra.
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