Lelê é uma criança que não gosta de pedir perdão por seus erros (erros de criança eu nem sei se são erros), não quer falar simplesmente “perdão” por uma bobagem qualquer, como se pedir (vamos substituir ‘perdão’ por ‘desculpa’) ‘desculpa’ fosse cair pedaço da gente. Pacientemente vou mostrando-lhe, no dia-a-dia, que pedir desculpa por algum deslize que cometemos é educação, e reconhecermos nossos erros é um alívio pras distensões internas, a chamada ‘alma’. Resumo: Lelê tem vergonha de pedir desculpa’’, não está no seu âmago falar essa palavrinha de forma espontânea. Eu e Maurinete continuamos tentando através de gestos significativos para ela falar essa palavra mágica de sentido educativo. Qualquer coisa que eu faça que ela não goste eu digo “perdão”, “me desculpe”, e quando ela faz algo que me desagrade, uma coisa boba qualquer, falo: “peça perdão”, e ela balança a cabeça com um risinho contido no canto da boca, diz uma negativa balbuciante “um hum”. Mas, água mole pedra dura, tanto bate até que fura. Neide me chamou e falou que queria falar comigo uma coisa de Letícia – Letícia estava presente. Já imaginei que Lelê lhe tinha feito alguma ofensa.
Neide: “Seu” Eduardo, eu quero lhe falar um negócio que aconteceu com Letícia.
DD: Por favor, não esconda nada.
Neide: Ontem Letícia me desagradou e eu fechei a cara pra ela, pra ela saber que eu não gostei do que ela fez.
DD: Sim.
Neide: Mas o que eu quero falar mesmo é que ela me procurou, agora mesmo, e me pediu desculpa – Lelê, que estava presente, como já falei, começou a sorrir juntamente com Neide, como se estivessem comemorando a vitória de um gesto.
DD: Gente! Que lindo, isso é maravilhoso. Chama uma banda de música aí – e começamos (eu e Neide) a cantar os “parabéns” e Lelê ficou toda fofa, toda cheia de si, percebendo que pedir perdão não tira pedaço de ninguém, não morde ninguém. Dirigindo-me a ela:
DD: Tá vendo como isso é bonito, que é atitude de gente educada! E lhe abracei, lhe beijei e lhe afaguei. Nós três ficamos encantados.
A noite, não sei o que ela falou pra mim – nem ouvi –mas Maurinete ouviu e achou que era falta de respeito e falou pra ela pedir desculpa e ela pediu. Se seguir nesse ritmo receio que em breve teremos em casa uma Madre Teresa de Calcutá.
Neide: “Seu” Eduardo, eu quero lhe falar um negócio que aconteceu com Letícia.
DD: Por favor, não esconda nada.
Neide: Ontem Letícia me desagradou e eu fechei a cara pra ela, pra ela saber que eu não gostei do que ela fez.
DD: Sim.
Neide: Mas o que eu quero falar mesmo é que ela me procurou, agora mesmo, e me pediu desculpa – Lelê, que estava presente, como já falei, começou a sorrir juntamente com Neide, como se estivessem comemorando a vitória de um gesto.
DD: Gente! Que lindo, isso é maravilhoso. Chama uma banda de música aí – e começamos (eu e Neide) a cantar os “parabéns” e Lelê ficou toda fofa, toda cheia de si, percebendo que pedir perdão não tira pedaço de ninguém, não morde ninguém. Dirigindo-me a ela:
DD: Tá vendo como isso é bonito, que é atitude de gente educada! E lhe abracei, lhe beijei e lhe afaguei. Nós três ficamos encantados.
A noite, não sei o que ela falou pra mim – nem ouvi –mas Maurinete ouviu e achou que era falta de respeito e falou pra ela pedir desculpa e ela pediu. Se seguir nesse ritmo receio que em breve teremos em casa uma Madre Teresa de Calcutá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário