● A nova mania de linguagem de Lelê é: “no sentido figurado”. Se ela fala: “Pai, você é feio”, diz ela que está falando que eu sou bonito, pois a frase está no sentido figurado; “a comida está muito fria, Neide”, é porque a comida está muito quente. Segundo ela, se eu falar: “Filhinha, você é muito burra”, é porque eu estou dizendo que ela é muito inteligente. “Pai, o dever tá muito fácil = pai, o dever está difícil”...
Estamos fazendo uns serviços aqui em casa e o pedreiro me pediu pra comprar “uma” lixa de ferro e eu comprei “uma” lixa de ferro como ele havia me pedido, mas na realidade ele queria que eu comprasse várias folhas, e quando eu já estava aqui em casa com as lixas ele se justificou:
Ailton/Pedreiro: Não, Eduardo, é porque, como diz Letícia, eu estava falando “no sentido figurado”.
“No sentido figurado” virou curinga na resolução de qualquer afirmação/negação ou mal entendido aqui em casa. “Seus problemas de linguagem acabaram”, como diria as “Organizações Tabajara” do Casseta e Planeta.
● Lelê chegou da escola, está sentada à mesa fazendo deveres escolares, depois de uma tarde inteira em sala de aula mais viagens de ida e volta na van escolar. Eu ajeitando sua janta:
LL: Pai, você é sortudo.
DD: Por quê?
LL: Porque você já é adulto, não é preciso ir pra escola e nem fazer dever.
DD: Também você é sortuda porque ainda é criança. Eu gostaria de estar nessa sua idade para brincar.
LL: É mesmo, né pai, a gente brinca, a gente come chocolate, a gente brinca no parquinho...
DD: Sem contar que por dentro do corpo do adulto já passou o de uma criança - tentei fazer uma jogada meio filosófica pra cima de Lelê mas ela não deu atenção e eu também desisti de baixar ao entendimento dela.
DD: Ah, esquece.
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