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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Por que os filhos não entendem os pais

O colégio de Lelê organizou uma palestra para seus alunos essa semana, e o título foi esse aí acima. Será que foi uma estratégia da escola para os alunos não se sentirem incomodados pela pressão que os pais exercem sobre seus filhos nessa reta final de provas de fim de ano, quando é o período em que os alunos terão que demonstrar por que essa é a hora da onça beber água?
Lelê já chegou em casa comentando da palestra. Disse que foi muito boa e, indagado por mim se encontrou alguma resposta para o questionamento da palestra, ficou reticente. Pelo visto a palestrante carregou o verbo favoravelmente aos pais.
A revelação que Lelê fez da palestradora é que os filhos buscassem a origem da vida de seus pais, o caminho trilhado por eles. Norteou a argumentadora, possivelmente, que a cota de sacrifício deles, alunos, é inferior ao que seus pais passaram para colocá-los em um colégio particular com muitas regalias, e que, portanto, o esforço para estudar e serem aprovados seria o mínimo de obrigação de cada um.
Lelê falou que enquanto a palestrante discorria ela não tirava da cabeça a música Pais e Filhos, de Renato Russo. Como já falei anteriormente estou comprando a coleção completa de cds da Legião Urbana, que está saindo nas bancas, e o dessa semana contempla Pais e Filhos, e Lelê sempre quer ouvir essa música. Está encantada com a música, mais especificamente com o refrão: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, Porque se você parar para pensar, na verdade não há”. Acha demais essa mensagem.
Ouvindo outras músicas do Renato Russo ela falou que ele era doidinho, ou seja, queria dizer que o cara era fera, muito inteligente, bastante sensível na captação de sentimentos tocantes. Estou torcendo pra que ela não se obstine com Pais e Filhos, porque senão eu não vou mais parar pra pensar de tanto ela repetir a música no carro. Até furar o disco, como se dizia antigamente, no tempo dos vinis.
Fiquei até pensando se Lelê não inverteu o título da palestra e não seria “por que os pais não entendem os filhos”. Insisti em lhe perguntar por que ela não entende a mim e a Maurinete. Que ela fale porque isso ocorre, para que possamos fazer nossas correções e ela também.
Por mais que sentemos à mesa de negociações, já que hoje, com essa crise global dos países, até da Europa, estão sentando à mesa de negociações, penso que o conflito de interesses nossos, pais, e os interesses de LeLê, filhos, não terão resultados satisfatórios nas bolsas de valores, morais e cambiais.
Quando falamos dos primeiros, os valores morais, sempre implica alguma restrição. Nem que seja umazinha de nada, por mais que sejamos liberais, e quando falamos dos segundos valores, os cambiais, Lelê sempre vai achar que a tacha de juros implicou cortes em sua mesada, causando perda no consumo interno de chocolates, chicletes e refrigerantes, mesmo sabendo que, pertencente à classe média, que sempre alavanca o consumo, e consequentemente gerando mais empregos, sempre reclamará de perdas salariais da mesada.
Essa é a pedagogia do sistema capitalista: os pais torcerem para que os filhos entrem na engrenagem do consumo. Uns, parcimoniosamente, e outros, vêem-nos entrar de forma desbragadamente.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Vernissagem

A vernissage da escola de Lelê foi sexta-feira última. Havia uma temática provocada: ‘a família’, expressa pelos alunos na pintura em telas, nos cones de cerâmica e nos quadriláteros de madeira. A professora de artes deu o toque final na arte de cada um. Parecia aquela obra de arte de Tarsila do Amaral, Os Operários, onde estão muitos rostos, sendo que nos dos garotos do colégio de Lelê são retratados só os membros destacados de suas famílias. As fotos a seguir mostram a festa em geral.





















































sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Feminina, demasiado feminina

A agenda de Lelê hoje está lotada:
Às 06:20 ela já estava pegando a van pro colégio.
12:30 já estava eu no colégio para pegá-la para irmos almoçar no restaurante. Não dava tempo irmos em casa almoçar devido seu compromisso maior.
14:00 tenho que deixá-la no salão de beleza para fazer escovinha.
16:00 retorno com ela pro colégio para fazer prova de inglês. Depois da prova vamos para casa. Lelê tem que se arrumar.
20:00 levo-a para seu colégio, novamente, para a atração principal dessa sua agenda, uma vernissage.
Há quase um mês Lele só fala nessa vernissage. Trata-se de mais uma atividade cultural empreendida por sua escola. Ao final de cada ano letivo é lançado um livro chamado Palavra em Ação, constando de um texto de cada aluno do colégio. O tema é livre. Mais uma exposição de quadros produzido pelos alunos com auxílio da professora de artes.
Lelê não quis fazer feio e pediu que fosse feita uma escovinha, trato no cabelo que ela adora. Maurinete não estava acompanhando-a porque está envolvida em seus estudos (uma especialização), mas Lelê quer que a mãe faça a maquiagem.
Estava ela meio agitada, meio nervosa por causa desse evento. Nem tomou café direito hoje de manhã, muito menos almoçou com apetite. É um frisson que lhe baixa como se esta noite fosse a última das noites admiráveis em sua vida.
Ah, mas o toque especial no cabelo tem que estar impecável. A vaidade feminina lhe aflora como em qualquer mulher que gosta dar um toque em momentos especiais. Não que ela seja vaidosa. O problema é que depois ela quase que não mais quer lavar o cabelo pra não desmanchar a escovinha. Sobre esse tipo de penteado já falei num texto bem lá pra trás.
Quando estava saindo de casa me pergunta: “Pai, eu estou bonita?”. Essa autoafirmação das mulheres parece que está no gene, ou será o afloramento natural da vaidade de uma pré-adolescente? “Lógico, filhinha, lindíssima!”. Qual o pai que irá contrariar a filha num momento desses? Mesmo porque, é a mais pura expressão da verdade: ela estava realmente mais bonita.
Mesmo se não houvesse o realce de suas sobrancelhas, base, batom suave, toques e retoques dados pela mãe, ela ainda está na fase em que a natureza se encarrega de retocá-la de forma generosa.
Acredito que, para a idade dela, em que quer mostrar sua silhueta para seus pares, numa nítida demonstração de ocupação de espaços estéticos, o quadro mais bonito da exposição, o texto mais inteligente do livro, ou fanzine (tinha mostra de fanzine também) passa à margem da intencionalidade intelectual da vernissage.
Digo isto porque fiquei observando a fogueira das vaidades juvenil de toda galera num vai-e-vem pelos corredores do colégio, como se estivessem em uma passarela de desfile.
A propósito: o título desse texto é uma paródia ao do livro de Nietzsche, Humano, Demasiado Humano, um livro para espíritos livres. No caso, aqui, o subtítulo seria: um desfile para espíritos livres. Não quero, nem de longe, estragar o nome de Nietzsche, tampouco ser o desmancha prazer de festinha de adolescentes de colégio.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A cola

Não sei se já havia perguntado a Lelê se ela costumava colar nas provas da escola. Resolvi perguntar de forma generalizada, ou seja, perguntei se a turma dela costumava colar muito.
De bate pronto respondeu que não, que nunca ninguém tinha colado em sua turma. “Nem colocando um resumozinho, com letras bem pixototinhas, debaixo das pernas?”. “Os professores têm olhos de águia!”, disse ela. Eu já estava cercando-a para individualiza-la, quando lembra: “Ah, agora me lembro. Colei, sim, no 6º. ano”. Não vou falar aqui qual disciplina.
Concordou ela quando ponderei que ficava difícil sua turma colar, porque eles são apenas 19 alunos, muito fáceis do controle do professor.
“Eu também já colei”, disse-lhe, e ela deu uma risada. O motivo do riso é que achou engraçado (estranho) eu ter confessado meu pecado escolar. De certa forma ela se sentiu menos culpada depois de minha confissão.
“Estranho”, para ela, é que ficou no ar o pai confessar seus deslizes, quando geralmente eles querem ser modelo para seus filhos. Pra mim, bacana é que ela perceba que a verdade é nobre de ser falada. Nobre, não sei, essa palavra está muito chique para esse contexto, mas que seja, digamos, correto falar a verdade.
“Também, isso é desde criança”, disse, querendo falar que é desde dos primeiros anos escolares quando já se tem noção real de estudo. Colei, e ela também, mas fiz com que ela percebesse que isso não foi regra em minha vida como não é na dela.
Com esses movimentos contra a roubalheira, chamados pela internet, que se expande paulatinamente pelo Brasil, ela sabe que não vale a pena praticar esses atos, mesmo que pequenos. Maurinete sempre está lhe mostrando o caminho da retidão.
Mas, cá pra nós, quantas e quantas vezes fizemos provas na escola e as respostas não vinham nem a pau, ou estavam na ponta da língua, e dava uma vontade danada da gente colar. Inda mais eu, que nunca fui estudante modelo, exemplo nota dez.
Fiz esse questionamento de cola pra Lelê sem propósito específico, mesmo sabendo que essa semana e a outra ela está lotada de provas.
A única cola que ela não abre mão é a coca. Ah, se deixar ela está na cola direto!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mostra Cultural

Anualmente a escola de Lelê realiza uma Mostra Cultural em suas dependências. Com isso busca interação dos alunos com a comunidade (familiares dos alunos). A finalidade é mostrar uma leitura dinâmica dos trabalhos oferecidos pelos alunos. Os temas exibidos vão desde a compreensão da matemática, história da moda, redes sociais, passando por Atenas/Esparta e indo até medicina alternativa, robótica, armas químicas, quadrinhos e por aí vai. Os alunos ficam em salas de aulas e a cada visitante é apresentado o tema, em um roteiro, exposto por todos de uma determinada série. Coube a Letícia apresentar Curiosidades do Guiness. Vejam as fotos.










































terça-feira, 15 de novembro de 2011

No dentista

Semana passada Letícia foi ao dentista. Revisão dentária no aparelho que está usando. Ir ao dentista, pra criança, é sempre um não querer, rejeição natural. Sentar na cadeira do dentista é esperar ter dor, é perceber o tempo não passar de forma alguma. “Maldito relógio que não passa as horas rapidamente”, é o mínimo de xingamento que Lelê pode pensar.
É possível arranjar estratégias para amenizar esse sofrimento infantil. Não, não é prometer docinhos, chocolates, ou alguma coisa. Lelê já está grandinha e isso não é mais sua fase. Ela tem que estar consciente de que esse tratamento é em seu benefício.
E a estratégia ela mesma conseguiu. Simples: quando for sentar na cadeira do dentista é só trazer à mente fatos engraçadas que lhe tenha ocorrido, presenciado. Lembrar-se de piadas que lhe fez torcer de rir. Bem, essa foi a tática que ela adotou.
O problema é que sua cabeça extrapolou a ocasião e o seu riso provocado por situações engraçadas não estava deixando o dentista trabalhar. Deu-lhe uma crise de riso que não estava conseguindo controlar-se. O que seria que essa menina estava pensando para rir tanto assim? Ela não disse do que se tratava. Não abria o jogo por nada. Que piada tão interessante foi essa?
Depois que Maurinete a olhou séria, como se estivesse advertindo de que o dentista tinha compromissos com outros pacientes, ela foi se controlando aos poucos, saindo de seu estado espirituoso para o estado dental; Ela percebeu que não estava num circo, e sim, num consultório odontológico.
Ah, essa curiosidade de adulto pra saber o que se passava naquela mente infantil. A única coisa que sei que não é nada pilhérico, e que Lelê deveria ficar sabendo, é que a conta do dentista não é nada engraçada.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O fanzine

Lelê foi pra biblioteca do trabalho de sua mãe, ia encontrar com uma amiga para fazer um trabalho da disciplina artes. Hoje não tem aulas pra ela, devido ao feriadão de quinze de novembro que assola Brasília.

O trabalho consiste em fazer um fanzine. Só sei que é um fanzine. A temática, não sei. Sabemos que esse tipo de comunicação foi um grande sucesso nas décadas de setenta/oitenta. A juventude era craque para isso.
Acho importante que o Colégio de Lelê lhe atribua essa tarefa, mas mais importante ainda seria se Lelê e galera tivessem tido a iniciativa de fazer esse fanzine sem o colégio ter pedido. Soaria mais autêntico, mais instigante, e com a possibilidade de ter a cara da rebeldia, característica de fanzines e de quem geralmente os produz.
Não sei se a pedagogia do colégio de Lelê primou por habilidades manuais (recortar jornais e revistas, colar, diagramar, colorir...) ou não percebeu que hoje o fanzine está a mil quilômetros de velocidade com o advento da internet.
Ao invés de tesoura, cola, régua, lápis de cor, pincel atômico, papel colorido, grampeador, hoje existe as ferramentas chamadas de mouse, control cê e control vê e fartura de material no vasto mundo digital, para todos os gostos, para todos os segmentos.
Ao invés de colocar a criatividade em papel, hoje em dia se constrói blogues em três passos simples. É mais bonito e atinge um número de leitores demasiado e se acessa de qualquer lugar. É dinâmico em sua conjugação de aceitar fotos, textos e imagens. Tudo colorido e com mil efeitos.
A não ser que este fanzine caseiro seja exatamente para radicalizar e mostrar que o autêntico mesmo é não entrar nas ondas cibernéticas. Que o importante é ser diferente com o agora não mais tradicional fanzine impresso.
Pra Lelê, isso de impresso ou digital, não é problema. Aprecia tanto um como o outro. Gosta de ficar cortando papel e enfeitando suas cartas pras amigas, e recebendo broncas minhas e de Maurinete porque deixa tudo bagunçado, com papéis recortados e picados pelo chão, tubo de cola aberto derramando, tesoura aqui, canetas e lápis acolá, e sua escrivaninha em zorra total.
A tecnologia, pra Lelê, pode ser avançada, como um tablet, que ainda não tem, ou recuada, como um radinho à pilha. Isso mesmo. Descobriu um radinho a pilha que tenho e agora só vive com o bicho ouvindo as rádios.
Só não perde, em termos de tecnologia atrasada, pra Ziraldo, que tem horror a computador e possui oito máquinas elétricas de datilografia. E por quê oito? Disse ele que é porque não existe mais oficinas de conserto para essas máquinas. Vi o Zira falar isso numa entrevista no programa do Jô Soares.
Espero ver o resultado desse fanzine de Lelê e amigas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

No mundo da Lua




Saí do trabalho e fui pegar Lelê na escola। Hoje ela não voltará na van escolar. Só assim chegará mais cedo em casa pra almoçar, evitando o trânsito e o pinga-pinga da van apanhando os estudantes.


Quando ela entrou no carro foi logo falando que hoje o dia tinha sido maravilhoso। Coisa rara: disse que a aula de matemática foi “fera”, que aqui tem o significado contrário de feroz. Lelê, elogiando a aula de matemática! Era sobre triângulos. Não, não é possível. Alguma coisa está fora de órbita. Aliás, por esses dias tudo tem sido as mil maravilhas, segundo ela. Pergunto por que e ela não sabe da resposta. Só sabe que está legal e pronto.


Já que ela não tem resposta, então não vou insistir procurando a razão। Enquanto dirigia o carro e via seu rosto risonho pelo retrovisor interno, pensei: “por quê tudo tem que ter resposta se a coisa está fluindo de forma deslumbrante?”।


Sem eu perguntar nada ela diz que ontem sonhou dirigindo meu carro.
Eu – Dirigir é muito bom?
Lelê – Nossa! É muito fera (essa palavra é seu curinga)। Aliás, esse ano essa é a quinta vez que eu sonho dirigindo.


Não sei interpretar sonhos। Sou um analfa na questão de signos, mundo astral, esoterismo e os hermetismos pascoais. Numerologia? Nem sei o que é isso. A não ser que dois mais dois são cinco. E esse cinco de Lelê? Cinco sonhos. Dirigindo. Aliás, ontem, por volta de meia noite, ela estava dormindo, quando ouço um vozerio de conversa. Estava eu na biblioteca, vizinho ao seu quarto. Corro para ouvir o que ela falava, mas não deu para entender nada. Ela ficou perplexa quando lhe disse que havia falado em seu sonho.


Chegando em casa para almoçar e viu que era frango a la parmegiana, exclamou: “Nossa, hoje tá tudo combinando!”।


Por volta de 19:00 horas, estava estudando com Maurinete, ainda história, quando se levantou para beber água, viu a Lua। Não se conteve e correu para vê-la melhor do quintal। “Nossa, mãe, como a Lua está linda! Venha ver!”.




Mauri: “Sim, tudo bem, mas cuidado pra você não ficar no mundo da Lua na hora que for fazer sua prova”। Caí na gargalhada.


Dirigir, cinco sonhos, Lua। Hoje Lelê está light. Está zen. Está nas nuvens. Que os deuses astrais a ilumine nas camadas eflúvias do cosmo.


Observaçao. A pesar da máquina não ser boa, mas foi essa a Lua de Lelê que captei.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

É o fim!

Ontem Brasília estava com o tempo de chuva fina constante, nublado, frio, fazendo com que estivéssemos empacotados em lãs. Um clima que refletia no comportamento das pessoas.


Lelê, toda agasalhada, de meias, estava borocoxô, achando tudo uma eme por causa desse clima frio que deixa a gente frio para qualquer atividade. Ela começa a rir esmaecidamente e indago desse gélido riso, e me diz que está simplesmente zombando do tempo. Seria uma forma de se resguardar do tédio?


Lelê tinha que estudar, mesmo com a pasmaceira do tempo. Pegou o livro de História e deu uma olhadinha, e, de repente, soltou uma gargalhada, explodiu de alegria, vibrava, dava pulos, rodopiava no centro da sala, deu um soco no ar como os jogadores de futebol quando fazem um gol, e gritou um “urrruuuu!!!!”.


Estava fazendo minhas lições do curso de inglês e fiquei perplexo com sua mudança repentina de comportamento e lhe indaguei:
Eu: - “Que é isso, minha filha, o que foi que aconteceu? Nesse instante você estava down, e agora parece que ganhou na mega sena! Fale logo!”


Lelê: - “Pai, você não sabe! Olhe aqui – e apontou pro livro de História – esse é o último capítulo que eu vou estudar esse ano! Urruuu!”.


Apenas ri concordando com sua alegria. Se fosse eu, também estaria morrendo de contentamento, doido pra chegar as férias escolares.


O capítulo trata-se de “Os E.U.A. no século XIX”. Maurinete chegou para estudar com Lelê, lhe orientar, sanar suas dúvidas. Se revezam na leitura. Lelê se surpreende porque Abraham Lincoln, que acabou com a escravidão nos Estados Unidos, foi assassinado em um teatro.


Estranhou Lelê a chamada política do Big Stick (grande porrete) adotada pelos Estados Unidos. A sonoridade das palavras lhe chama a atenção, como o da Ku Klux kan, a KKK, nome de várias organizações racistas que apoiam a supremacia branca nos Estados Unidos. Ela começou a rir e perguntei-lhe do que ria e indagou-me:

Lelê: - Ku, o quê, pai?


Enquanto isso, Barack Obama, o primeiro presidente negro dos EUA, está na luta por sua reeleição, mas, pelo que se observa, a americanada tá doida pra botar o negão (como costuma se referir Arnaldo Jabor na CBN) fora da presidência. Essa questão Lelê sempre vê no Jornal Nacional, da Tv Globo, jornal que costumamos ver.


Mas Lelê não quer saber da política americana, quer é se ver livre desse livro e abraçar a causa das férias escolares.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Comendo tabletes

Sábado passado último, dia 05/11, escrevi aqui nesse blog sobre os tablets e sua recepção para fins escolares. Volto hoje ao tema porque houve uma incrível coincidência. Não é que o Correio Braziliense, jornal aqui de Brasília, trouxe hoje, 07/11, como manchete de capa esse tema? Veja a manchete aí acima.


Tudo que eu falei aqui, e muito mais detalhes, a matéria de duas páginas trouxe com análises de especialistas. Mostrei a capa do jornal pra Lelê perguntando se ela gostaria que isso também fosse aplicado em sua escola e ela, naturalmente, ficou babando de inveja do Sigma, colégio que começa a adotar o tablet em uma turma no próximo ano.


Adeus aos livros impressos! Louvarão os alunos do projeto piloto. Tudo é uma questão de adaptação. Para melhor, com certeza. Não vou aqui reproduzir o que o jornal abordou, mas só reafirmar de que tudo é uma questão de adaptação, e tomo como exemplo a própria Letícia.


Quando ela tinha aí seus sete, oito anos, já estava no computador fazendo desenhos no paint, e gostava de escrever cartinhas pras suas primas e tias de Vitória-ES. Só que ela catava as letras. Passava um tempão para redigir um pequeno textinho.


Hoje fico apenas ouvindo o téc, téc, téc, que ela faz no teclado digitando sua comunicação com a galera do colégio. Ela sempre teve uma caligrafia de baixa qualidade. Já vi momentos dela me perguntar o que ela tinha escrito, nos deveres da escola, porque não estava entendendo.


Letícia será uma candidata em potencial – Letícia e sua geração – de não mais ter caligrafia, não ter mais o hábito de escrever à mão, como aliás começará a acontecer com os alunos de Indiana, Estado dos Estados Unidos. A tendência é que haja aperfeiçoamento de digitação.


O Correio Braziliense trouxe uns dados bastante reveladores, como, por exemplo, e isso chama a atenção, de que na Coréia do Sul, a partir de 2014, o material didático das escolas não será mais impresso, e em Taiwan os livros já foram substituídos por versões digitais.


Pra mim, repito, o importante é gostar de estudar, gostar de ler, gostar de ler livros, se aprimorar no conhecimento, não importando o suporte, e sim o conteúdo.


Que viva Lelê e sua geração comendo tabletes de chocolate, tablets escolares...

domingo, 6 de novembro de 2011

Rock Brasília

Fomos ver o filme de meu conterrâneo paraibano Wladimir Carvalho, Rock Brasília – Era de Ouro. Eu, Maurinete e Lelê. Já vamos começar a colocar Lelê no circuito de filmes recomendados acima de doze anos.
Sai aquela garotinha curiosa pelos personagens do teatrinho do Lea e Nando, companhia famosa de Brasília para o publico infantil, e entra a pré-adolescente para os filmes já mais densos, roteiros mais exigentes de análises com a idade da razão, mesmo eu não sabendo muito bem o que é esse “idade da razão”. Não vou conjecturar aqui o peso dessa palavra, porque não tenho razão para tal..
Saímos sedentos para vermos o filme e, que merda!, A fita acabara de sair de cartaz. Droga! Ficamos chupando dedo e fomos pra casa de minha mãe. Resta-nos comprar o dvd, se for comercializado.
Queria eu tanto que Lelê visse esse filme para ela perceber a efervescência de uma juventude rebelde, militante, criativa na música, e saber que Brasília já teve momentos de insurgência.
O filme destacou o Badernaço, momento político em que Brasília ferveu às ultimas consequências, em que a Rodoviária, hoje chamada de “antiga rodoviária”, pegou literalmente fogo. Não sobrou nem pros carros da polícia, todos queimados pela turba de jovens vindos enxotados pela polícia da esplanada.
Queria falar pra Lelê que eu era um daqueles manifestantes que atravessou aquelas chamas, aquele fumacê, jogando pau e pedra contra a polícia e fazendo a maior arruaça. O clima estava propicio, não havia como não se manifestar quem ali estivesse presente.
Queria eu falar pra Lelê que eu não estava presente a outro badernaço que chamou a atenção do Brasil inteiro, o show da Legião Urbana no estádio Mané Garrincha, porque eu estava ressacado de botecos e altas conversas com amigos de discussões políticas.
Esse fllme, tenho certeza, Lelê verá, mais cedo ou mais tarde, porque ele é a história da ebulição de uma juventude brasiliense criativa, cheia de vitalidade e com consciência política. Direi a ela que essa juventude, é verdade, era uma juventude da classe média, bem de vida, filhos de funcionários bem remunerados e que primavam pela intelectualidade. A UnB foi um celeiro que emanava eflúvios de inquietação.
Por coincidência estou colecionando a edição completa da obra da Legião Urbana que está saindo agora nas bancas de jornais, e os dois primeiros volumes são muito bons. Sempre que estou ouvindo-os no carro, e Lelê está comigo, falo pra ela escolher uma música pra gente curtir. Ela sempre escolhe E e M, ou seja, Eduardo e Mônica. Eu falo que é E e M, ou seja, Eduardo e Maurinete, e ela ri com o canto da boca.

sábado, 5 de novembro de 2011

Admirável mundo ovo de Colombo

Maurinete saiu com uma amiga para ver uma exposição sobre móveis e eu fiquei desacompanhado para fazer caminhada. Ia caminhar sozinho mesmo, quando ouço Lelê me chamar. “Pai, você está indo caminhar? Eu vou com você”. Estranhei, pois ela não é de fazer caminhada. “Ué! Você está com febre?”. “Não, pai, é que estou me sentindo gorda, e quero queimar umas gorduras!”. Dei uma risada espalhafatosa.
Mau ela chega aos 50 quilos. Pro espigão que ela é chega até a ser gozação. Será que suas amigas estão botando em sua cabeça o mito da magreza, do manequim? Não levei nada em consideração. “Então vamos”, falei pra ela. E saímos pelas ruas do condomínio de forma peripatética.
Fomos falando sobre os tablets, ipads, ipods, leitores eletrônicos de livros e demais gadgets. “Fomos” é força de expressão, pois ela é que me explicava as diferenças entre uma e outra engenhoca.
Disse ela que em seu colégio tem três irmãos, que estudam em salas diferentes, e possuem tablets. E os pais também. É uma família digital. Sei perfeitamente onde ela queria chegar. Só faltou dizer: “tá vendo, pai, até os pais deles tem! Porque você também não compra um pra você e um pra mim?”.
Adivinhando o pensamento dela expliquei que com certeza esses pais não pegam no pé de seus filhos pra cobrar os deveres da escola. Esses filhos devem ter a exata noção das tarefas escolares - usando inclusive essas ferramentas digitais para auxiliar esses afazeres - e o momento de navegação na internet como lazer.
Gostaria que Lelê tivesse esse autodomínio, mas não tem. Se deixar, ela fica o dia inteiro na internet, e os deveres da escola vão pras cucuias. Como já falei numa postagem lá bem atrás, ela acessa a internet à noite, depois das tarefas escolares prontas, ou durante o dia quando se faz necessário alguma pesquisa.
Tenho consciência que esse modo comportamental de estudos escolares, apenas estudantes presos em salas de aulas, com livros impressos, professores presentes, não vai muito longe não. Pelo menos para as escolas particulares, já que as públicas há atraso de investimento governamental.
Não tardará e Lelê estará lendo livros literários – e didáticos também - somente em e-books, adquirindo-os em livrarias virtuais como se fosse ali na padaria comprar pão. Informou-me que dessa forma os livros são muito mais baratos. Ela está sintonizada.
Deixará de carregar sua mochila pesando uma tonelada e meia, como vejo todos os dias transportando esse fardo, para carregar apenas um tablet na mão. Os livros estarão depositados nas nuvens, como já estão, e não haverá mais quadros de giz – caneta -, e sim, telões exibindo conteúdos didáticos tridimensionais.
Com a velocidade do universo tecnológico digital que grassa atualmente, tenho a impressão de que não estou viajando tanto assim na maionese, como diria a expressão popular.
Lelê não faz parte nem da chamada geração Y, que é a geração da internet, definido pela sociologia dos que nasceram após 1980. Ela já está na geração Z, constituída pelos jovens nascidos entre 1990 e 2009 e que estão constantemente conectados através de dispositivos portáteis. É uma geração antenada com questões do meio ambiente, firulas ecológicas e derenguedês. A denominada consciência ecológica.
Evoê, meu babalorixá do vale do silício! Que as bênçãos advindas das i-clouds derrame conhecimento em pixels e configure o sistema cerebral da geração Lelê em placas e circuitos de saberes, e, acima de tudo, depois de processado pelos hds os softwares cotidianos, se deguste e viva sabedoria.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Graças a deus Lelê reprovou em literatura

Não, não é o que os pais desejam a seus filhos, que sejam reprovados nas disciplinas do colégio, e eu não jogo contra minha filha, mas, tenho que confessar: graças a deus Letícia ficou reprovada na disciplina literatura nesse terceiro bimestre. Nunca ela ficou reprovada nessa matéria. Nunca. Mas esse semestre ficou. Qual o motivo? Julgo que foi desleixo, um lapso, um descuido bobo. Não que ficar reprovada em literatura seja desonra pra ninguém. Literatura é tão importante quanto matemática, geografia, ciências, ou outra disciplina qualquer. Ou, até mesmo mais importante do que qualquer outra matéria. Depende do grau de interesse do aluno. Pudera que Letícia fosse apaixonada por literatura em grau elevado. Quisera que ela se aprofundasse em literatura desde os estudos do primeiro grau e assim continuasse até a universidade, e muito mais depois da universidade. Que fosse ser professora de literatura clássica, ou sei lá que outra vertente literária, ou até mesmo se fosse escritora, se houvesse talento para tal.



Mas ela ficou reprovada em literatura, e por conta disso teve que ler um livro, fazer um resumo e apresentá-lo para sua professora. Não me lembro de ter visto essa menina ler alguma obra literária esse semestre, e agora, em decorrência dessa reprovação, a menina danou-se a ler. Em poucos menos de três semanas ela leu O Viajante do Tempo, de Orígenes Lessa; A Vitória da Infância, de Fernando Sabino; Tristana, de Fausto Wolff; Carta aos Estudantes, também de Fausto Wolff; Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato; e Greve na Escola, de Ivana Versiani.
De repente vejo Lelê deitada no sofá da sala absorvendo um livro, esquecida do mundo, viajando na leitura fantasiosa de um bom livro. À noite, antes de dormir, estava ela sentada na cama, pronta para dormir, agarrada nos braços da imaginação de Fernando Sabino. A hora avançando, querendo se aproximar da meia noite, e Maurinete falando pra parar a leitura porque ela tinha que acordar as cinco e trinta da madruga para se arrumar pra ir pro colégio, e a bruguela parece que não tava nem aí. Foi preciso a mãe dá-lhe bronca para ir dormir.



Alguns dias depois vejo na escrivaninha de Lelê o livro Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector. “Que é isso, minha filha?”, perguntei-lhe espantado por essa sua voracidade de leitura. Sei que ela não vai ler esse livro, pois seu colégio tá arrochando nas matérias para provas.
Lelê tem uma ‘turma da Luluzinha’ no colégio e elas estão sempre em contato via telefone (tem hora que não pára as meninas procurando por ela) e mundo digital, via facebook (face, como ela fala de forma reduzida), e-mails, orkut, ou outros badulaques cibernéticos que não conheço. É um grupo de amigas que estão naquela fase de ti-ti-ti, de segredinhos, de nhén-nhén-nhém, e por isso Lelê quer entender melhor o que é a amizade. Digo isto porque também encontrei sobre sua escrivaninha o livro Cartas aos Amigos, de Franz Kafka. Ela adora escrever cartas para as amigas. Falei-lhe pra se concentrar mais um pouco nos estudos e deixasse esse livro para ler nas férias, que já estão se aproximando. Penso que ela está querendo aprender melhor a técnica de escrever cartas. Quer ver se descobre formas de surpreender suas amigas em missivas maravilhosas. Para encontrar esse livro do Kafka em nossa biblioteca, de aproximadamente mil livros, ela teve que percorrer praticamente tudo com o dedo, já que eles estão em ordem alfabética de autores, e provavelmente chamou-lhe atenção esse Cartas.



No dia seguinte vejo Lelê com outro livro. Agora já estava com o Bom Dia, Tristeza, de François Sagan. Tava lendo e gostando muito. Expliquei-lhe o sucesso que foi esse livro na época de seu lançamento e quem era a autora. Mais uma vez pedi-lhe para colocar essa obra na sua lista de fim de ano pra ler, porque os deveres da escola estavam imprensando-a contra a parede. Nunca vi tanto dever! Essa ânsia de querer ler tantos livros nesse momento, isso não significa que ela será uma leitora contumaz, mas pelo menos terá nosso apoio.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um cãozinho perdido




Esse cachorrinho estava perdido na rua, viu o portão aberto, e adentrou como se fosse já de casa. Letícia, lógico, fez as mesuras pro cãozinho.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O LAÇO

A poesia é capaz de emocionar as pessoas. Sim, claro, depende de quem a escreve e com que sensibilidade, com que arte se escreve. De Carlos Drummond de Andrade já li quase todos seus livros de poesias, e, realmente, é de embevecer. Tem cada poema que a gente quando acaba de ler quer reler, reler e reler.

Tem outro poeta que pra mim, talvez seja melhor que o Drummond. Pode até ser que duvidem de mim, mas é que o estilo desse poeta que eu acho, talvez, melhor que Dru, tem um estilo fino, cheio de humor, tão encantador quanto Dru, também. Lógico que existem outros tantos poetas bons, e tantos outros poemas maravilhas. O Paulo Leminsk é outro que eu também admiro e miro seu estilo Haikai, que não rai cair nunca.

Mas, porque estou fazendo esse rodeio todo? É que Letícia chegou da escola falando que leu um poema, do Mário Quintana, chamado “O Laço”, e que se emocionou muito. Emocionou-se tanto que chorou. Ela e uma amiguinha que ela gosta muito. Ambas choraram. Perguntei-lhe se alguém não achou que ela pagou mico, já que hoje em dia qualquer coisinha os jovens acham que pagam mico. Mas ninguém achou isso delas, porque muitos também se emocionaram. É lógico que a circunstancia também contribuiu para esse momento. É que a escola dela, no primeiro dia de aulas desse ano, distribuiu um folheto para cada aluno com esse poema de Quin e houve uma leitura coletiva. Então, vamos ver o que que Quin quis falar sobre o laço ao ponto de fazer Lelê se emocionar. Eis:

O LAÇO, por Mário Quintana

Meu Deus! Como é engraçado!

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço… uma fita dando voltas.

Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.

É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando…devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.

E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah! Então, é assim o amor, a amizade.

Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.

Então o amor e a amizade são isso…

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

Querido aluno(a)

Um 2011 cheio de “laços de amor”!

Com carinho,

Colégio Moraes Rêgo

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

QUEM CRESCEU?

Um mês depois chegou Lelê em casa. Estava de férias em Vitória-ES com a parentada toda. As saudades eram amenizadas apenas com telefonemas. Aliás, falei um mês mas não chegou a ser um mês. Uma semana antes de completar um mês ela telefona dizendo que quer retornar. Surpresa para nós. Antes, quando ela era gurizinha, ia pra lá e só queria voltar no último minuto do segundo tempo, já chegando aos acréscimos finais e torcendo pra ter prorrogação.

Ela está querendo que retorne logo as aulas – amanhã – para matar a saudade com a galera. Saudade da matemática, do português, de geografia... é que não é. E a neguinha chegou maior do que já era. Meteu o pé na jaca do pão, toddy, chocolate e doçuras mais. “tem nada não”, disse Maurinete, “logo, logo ela entra no regime de acordar cedo e queimar calorias com o dia-a-dia escolar”. Nem me preocupo, pois ela terá seus dias de não querer almoçar e depois querer almoçar e por aí vai.

Já entrando na idade dos treze anos, na fase de pré adolescência - ou será pré aborrecência? – tem muito hormônio pra queimar e eu e Maurinete mais neurônios ainda por causa dela.

Ontem ela foi passear com nina, sua bicicleta, e estranhou muito.

Lelê: Pai, essa bicicleta diminuiu?

Eu: Não, minha filha, foi você que fermentou.

Já estou vendo que sua bicicleta terá que ser repassada para alguma criança menor. Ela, com uma bicicleta grande pelo menos agora terei companhia para apostar corrida pelas ruas do condomínio, com reclamações de Maurinete no papel incansável de mãe zelando por nossos braços e pernas em suas orações e puxões de orelha.

Lelê agora não larga seu óculos escuro, colorido, a lá Rei Start – não sei se é assim que escreve.

Eu: Peraí, Letícia, esse seu óculos está torto na sua cara.

Lelê: Não, pai, é que você está olhando com a cabeça torta.

É a lógica dela.

Os livros e cadernos escolares de Lelê já estão todos em ordem. Os cadernos, já identificados com os nomes das disciplinas, estão em ponto de bala. Lelê é o maior zelo com eles. Pelo que eu já conheço, e pelo o que eu fui quando criança, não dou uma semana pra começar a fazer rabiscos extras.

Oitava ano, sétima série. À luta!