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sábado, 5 de novembro de 2011

Admirável mundo ovo de Colombo

Maurinete saiu com uma amiga para ver uma exposição sobre móveis e eu fiquei desacompanhado para fazer caminhada. Ia caminhar sozinho mesmo, quando ouço Lelê me chamar. “Pai, você está indo caminhar? Eu vou com você”. Estranhei, pois ela não é de fazer caminhada. “Ué! Você está com febre?”. “Não, pai, é que estou me sentindo gorda, e quero queimar umas gorduras!”. Dei uma risada espalhafatosa.
Mau ela chega aos 50 quilos. Pro espigão que ela é chega até a ser gozação. Será que suas amigas estão botando em sua cabeça o mito da magreza, do manequim? Não levei nada em consideração. “Então vamos”, falei pra ela. E saímos pelas ruas do condomínio de forma peripatética.
Fomos falando sobre os tablets, ipads, ipods, leitores eletrônicos de livros e demais gadgets. “Fomos” é força de expressão, pois ela é que me explicava as diferenças entre uma e outra engenhoca.
Disse ela que em seu colégio tem três irmãos, que estudam em salas diferentes, e possuem tablets. E os pais também. É uma família digital. Sei perfeitamente onde ela queria chegar. Só faltou dizer: “tá vendo, pai, até os pais deles tem! Porque você também não compra um pra você e um pra mim?”.
Adivinhando o pensamento dela expliquei que com certeza esses pais não pegam no pé de seus filhos pra cobrar os deveres da escola. Esses filhos devem ter a exata noção das tarefas escolares - usando inclusive essas ferramentas digitais para auxiliar esses afazeres - e o momento de navegação na internet como lazer.
Gostaria que Lelê tivesse esse autodomínio, mas não tem. Se deixar, ela fica o dia inteiro na internet, e os deveres da escola vão pras cucuias. Como já falei numa postagem lá bem atrás, ela acessa a internet à noite, depois das tarefas escolares prontas, ou durante o dia quando se faz necessário alguma pesquisa.
Tenho consciência que esse modo comportamental de estudos escolares, apenas estudantes presos em salas de aulas, com livros impressos, professores presentes, não vai muito longe não. Pelo menos para as escolas particulares, já que as públicas há atraso de investimento governamental.
Não tardará e Lelê estará lendo livros literários – e didáticos também - somente em e-books, adquirindo-os em livrarias virtuais como se fosse ali na padaria comprar pão. Informou-me que dessa forma os livros são muito mais baratos. Ela está sintonizada.
Deixará de carregar sua mochila pesando uma tonelada e meia, como vejo todos os dias transportando esse fardo, para carregar apenas um tablet na mão. Os livros estarão depositados nas nuvens, como já estão, e não haverá mais quadros de giz – caneta -, e sim, telões exibindo conteúdos didáticos tridimensionais.
Com a velocidade do universo tecnológico digital que grassa atualmente, tenho a impressão de que não estou viajando tanto assim na maionese, como diria a expressão popular.
Lelê não faz parte nem da chamada geração Y, que é a geração da internet, definido pela sociologia dos que nasceram após 1980. Ela já está na geração Z, constituída pelos jovens nascidos entre 1990 e 2009 e que estão constantemente conectados através de dispositivos portáteis. É uma geração antenada com questões do meio ambiente, firulas ecológicas e derenguedês. A denominada consciência ecológica.
Evoê, meu babalorixá do vale do silício! Que as bênçãos advindas das i-clouds derrame conhecimento em pixels e configure o sistema cerebral da geração Lelê em placas e circuitos de saberes, e, acima de tudo, depois de processado pelos hds os softwares cotidianos, se deguste e viva sabedoria.

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