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domingo, 11 de abril de 2010

Nova língua

A mãe de nossa amiga, Soledade, faleceu. Vamos ao cemitério prestar nossas condolências, mas Lelê não quer ir. Ela não gosta de ir a cemimtérios, o que é compreensível.
Mauri: Temos que ir, minha filha, temos que ser solidários nessas horas. Se a gente não for, quem é que vai pegar na alça de nosso caixão quando a gente morrer?
Lelê: O caixeiro.
Dudu: Quem?
Lelê: O caixeiro. É o homem que leva o caixão.
Mauri: Vamos ter que dar um jeito da gente ir.
Lelê: Por isso que eu gosto de estudar pela manhã, só assim eu não vou ao cemitério.
Lelê não sabe, mas caixeiro é um balconista, é um entregador, é o cara que faz caixas, e não o homem que leva caixão de mortos no cemitério. Caixeiro, na concepção de Lelê, está mais para a concepção de “Marcelo, marmelo, martelo”, o livro de Ruth Rocha. O livro de Ruth Rocha, não. O excelente livro de Ruth Rocha, em que o garoto Marcelo achava que Latim é língua de cachorro; cadeira deveria se chamar sentador; travesseiro deveria se chamar cabeceiro; leite deveria ser suco de vaca; bom dia era bom solário; bom lunário era boa noite; casinha de cachorro, moradeira; cachorro, latildo.
Bem, amanhã de manhã Lelê vai para a aprendedora dela, ou melhor, sua escola e eu e Maurinete vamos para o dezitério, digo, cemitério.

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