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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ser criança

O que é ser criança? Ser criança é basicamente uma brincadeira de deus. Brincar é a mola mestra para a criança ser um adulto feliz. Ô frasezinha sem criatividade, e é mais batida do que bolo. Mas não há argumento contra o óbvio.
Estou falando isso porque Lelê tava me falando que hoje queria ter doze anos. Como se doze anos fosse um estágio adulto. A noção temporal dela está circunstanciada a alguma necessidade. Doze anos anos para ela significa ganhar liberdade. Mas é assim que funciona a cabeça de uma criança.
Perguntei-lhe porque não queria ter seus onze anos atuais. Respondeu-me que essa idade deixa ela com cara de criança. Oh,meu deus do céu, só sendo criança pra raciocinar assim. Aliás, essa é que é a lógica infantil. Nós adultos é que estamos distantes da criança que fomos.
Disse-me ela que de terça-feira até hoje não foi legal na escola nem na rua onde ela brinca todo dia a noite com sua tchurma. Deu de ombros e dobrou o lábio inferior sem saber explicar direito porque essa semana não foi legal. Será que é por isso que ela está questionando que ter onze anos hoje não está sendo beleza?
Mas o que é mesmo ser criança? Estou aqui na biblioteca de casa e olhei de lado para estante repleta de livros e quis ver a opinião de algum desses escritores que estão a minha disposição. Corri os olhos e lembrei-me da opinião gostosíssima de nada mais, nada menos, de Millôr Fernandes: “Criança é muito teimosa e nunca faz o que os mais velhos mandam por isso tem muita que ninguém quer. É muito difícil obrigar uma criança a se lavar, agora a se sujar não é não”. Do livro Millor Definitivo. Uma outra dele: “Uma criança de seis meses, quase toda composta de choro”.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Brincando de boneca

Lelê: Pai, vem cá. Quem fez isso?
Lelê me interrogou com uma cara de meio riso no canto da boca de “foi você que aprontou isso?”.
Eu: Noooossssaaaa, que menina mais traquina! É uma peralta! Como foi que ela conseguiu fazer isso? Como se explica que ela tenha essa capacidade para tal?
Lelê fica me ouvindo como se estivesse desconfiada do que estou falando, batendo as pontas dos dedos de um pé no chão repetidamente, e como se estivesse a dizer que eu não tenho jeito mesmo.
Eu: Eu juro, minha filha, que não foi eu. Garanto que foi atitude dela mesma.
E me olhando com o rabo de um olho me intimida à explicações.
A questão é que quando ela entrou em seu quarto deu de cara com sua boneca de pano na posição de pé-de-bananeira, ou seja, aquela posição que a gente faz quando é criança, que fica com as duas mãos apoiadas no chão e ficamos de cabeça para baixo em relação ao chão.
Enquanto ela distrai um pouco lá por baixo volto ao seu quarto e invento outras posições com suas bonecas.
Agora coloquei a boneca por entre a colcha da cama, aparecendo apenas a cabecinha dela, como se estivesse olhando curiosamente quem chegasse no quarto de Lelê. Depois só ouço a voz:
Lelê: De novo, pai!
Ela grita e quando chego no quarto ela adora que eu mudei a posição da boneca. Mais tarde um pouco ela não mais está no quarto, está lá embaixo novamente, de propósito, se disfarçando para dar tempo para eu ir lá colocar a boneca em uma nova posição. Então peguei uma outra bonequinha, menorzinha, e encaixei nos braços da boneca de pano, como se fosse uma mãe cuidando de seu filho no colo, sentada na cama junto ao travesseiro.
Lelê: Ô pai, você não tem jeito! Fala com sorriso entreaberto.
Em outras vezes já tentei colocar a boneca com um dedo no nariz, mas não sustenta; com os braços abarcando o violão de Lelê, mas não deu; pregada no teto, mas foi impossível; como se estivesse dando uma banana, mas seus braços são flexíveis demais; ah, consegui colocar um livro entre suas mãos e braços como se fosse uma leitora devoradora de livros e já coloquei gibi também.
Já que eu não vou brincar de bonecas com Lelê, eu simulo as bonecas brincando para elas poderem brincar com Lelê.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Já não se faz universitário como antigamente.

Estávamos indo a um coquetel no meu carro eu, Mauri e Letícia. Lelê estava ouvindo música no rádio de meu celular, e, para não acabar a bateria pedi que ouvisse música no som do carro. Então fiquemos ouvindo a música que Lelê estava ouvindo, e era uma música sertaneja. Já falei num post bem antigo aí pra trás que Lelê tem um gosto musical eclético. Da MPB ao sertanejo ela passa por todas as linhas evolutivas e involutivas – sei que essa palavra não existe – musicais.
A música sertaneja que Lelê estava ouvindo, segundo ela, era uma sertaneja universitária.
Eu: Música sertaneja universitária?
Lelê: Sim.
Eu: Com essas letras ridículas?
Lelê: Sim, pai.
Eu: E quem são essas duplas sertanejas universitárias?
Lelê: Vítor e Leo... – E citou outros tantos que eu nem mais me lembro.
Eu: Mas, minha filha, esses caras tem mestrado ou doutorado em quê? Ou, eles têm graduação em quê?
Lelê: O quê?
Eu: Nada, esquece.
Mauri: Já não se faz universitário como antigamente.
Lelê vai formando sua história musical de acordo com o que a indústria cultural vai lhe apresentando, como foi minha formação com os universitários Chico Buarque e companhia tropicalista e outros movimentos de quadris e de cabeça. Cabe a mim e a Maurinete aparar as arestas e encaminhá-la para experimentar outros segmentos mais degustativos. Pelo menos penso assim.
A cerveja que bebi no coquetel fez com que eu ficasse martelando minha cabeça com uma repetição, como uma estrofe musical: “sertanejo universitário, vejam só”, “sertanejo universitário, vejam só”, “sertanejo universitário, vejam só”...
É, estou passado...

terça-feira, 27 de abril de 2010

O penteado

Para ir a festa de primeira comunhão Lelê deu uma caprichada no pêlo, digo, no cabelo. Fez uma escovinha. Ficou muito bonito. Sou suspeito para falar, mas na opinião da mulherada toda que viu, não teve ninguém para dizer que não ficou legal. E a própria Lelê ficou toda exultante, se achando, a própria!
Falei pra Lelê que eu já imaginava as palavras e a cara de admiração de suas colegas do colégio com um típico: “Letííííciiaaaa! Como ficou lindo seu cabelo, cara!”; “Nooossaaaa, Lê, você está o máximo!”... Ela riu e falou que foi exatamente assim.
Minha mãe, minhas irmãs, todo mundo quando a via já abriam a caixa de elogios e sapecavam no seu ego. Com essa fermentação adjetiva, detestável para as obras dos escritores – Graciliano Ramos rejeitava –, eu vi a ora Lelê explodir de tão inchada estava seu espírito de vaidade feminina. Qual mulher não gosta de receber um ramalhete de adjetivos florais?
Esse Eyjafjallajoekull de elogios, fez com que Letícia tornasse seu cabelo o pivô de sua atenção com o espelho. Virava a cabeça prum lado, virava pro outro, alisava aqui, mexia pro outro lado... Mas se observarmos direitinho Letícia é a alma da mulher vaidosa, da mulher que se cuida, da mulher que se admira. Ela é, nesse presente momento, a miniatura das mulheres adultas vaidosas. Não, não é ‘vai, idosas’! Simplesmente é: vaidosas.
Todo dia quando Lelê vai pro colégio, ao tomar banho, ela molha seu cabelo, e tem quase três dias que Lelê não quer molhá-lo, não quer desmanchar sua pedra de toque
Não, Lelê não demonstra que a beleza é o centro da atenção para tudo. Percebo que ela não viaja nessa.
Como todo dia, telefono pra minha mãe, e, hoje, ela perguntou-me: “Letícia já molhou o cabelo? Tava tão bunitim” – falou com seu sotaque de paraibana. Para desencanto de minha mãe e de todas as mulheres do mundo, anuncio que Letícia Alves Pereira Passos molhou o cabelo. Buááááá!!! Eu quero o cabelo de minha filha escovadinho!
Mas Lelê já falou que agora vai fazer esse penteado com mais freqüência para o bem geral da nação e de todas as mulheres do mundo.
Ah, tirei fotos desse penteado. Quando revelar – ih! Minha máquina ainda não é digital! – tentarei burlar minha ignorância megabytes para postar aqui essas fotos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Teatro

Domingo passado fomos ao teatro. Eu, Lelê e Mauri. Era uma peça que já havíamos visto no início deste ano. Trata-se da peça Momentos, apresentada por um grupo de estudantes da escola de Letícia, ou seja, colegas de seu colégio. A temática é a aids, e, por isso, acredito que ela teria mais repercurssão se seu nome tivesse alguma vinculação com o nome aids. Chamaria mais atenção e teria, consequentemente, mais público. Essa apresentação foi no teatro de bolso de uma escola, e, por isso, Lelê não gostou tanto como pela primeira vez. Fiz-lhe ver que nessa nova montagem o espaço era pequeníssimo e daí os atores não tinham muito ambiente para se movimentarem, falavam baixo, e tiveram que reestruturar algumas cenas. Por outro lado os atores estavam mais próximos da platéia. Mesmo essas argumentações não fizeram demovê-la de que a primeira apresentação em localidade maior foi muito melhor. Mas mesmo assim não duvido de que no próximo fim de semana ela queira ver novamente essa espetáculo, mas eu e Maurinete não vamos cair em sua armadilha da obsessão. Sim, é obsessão. Quando ela se apaixona por um filme, por uma peça teatral, por um cd, por um dvd... ela irá vê-lo, ouvi-lo à exaustão. Ela é, nesse sentido, como diria o grande dramaturgo Nelson Rodrigues, uma flor da obsessão. O próprio Nelson se achava obsessivo em suas repetições. Mas isso eu já escrevi há muito tempo aí atrás.
Quando Lelê era menorzinha frequentávamos mais o teatro. O teatro infantil. A Escola Parque é testemunha de que não perdíamos uma apresentação teatral, principalmente do grupo Néia e Nando, grupo famoso daqui de Brasília especializado em teatro para a gurizada. Mas a vontade mesmo é que ela cresça mais para assistirmos teatro mais adulto, só assim eu e Maurinete voltaremos a frequentar melhor o teatro, uma das grandes paixões artísticas nossa.
Caramba, agora me lembrei de que estou devendo o texto, em livro, da peça Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, para Lelê ler – percebi o cacófato. É que ela, e eu também, perdemos as contas de quantas vezes ela já viu o filme homônimo na versão de Guel Arraes e também a versão de Renato Aragão. De longe ela prefere a versão de Guel Arraes.
É verdade que a avalanche de deveres, provas, testes e trabalhos escolares de Lelê está tirando a nossa frequência ao teatro.

domingo, 25 de abril de 2010

Óstia

Igreja lotada. Familiares dos catequistas em peso marcaram presença. Como sempre, crianças chorando, eu quero mamãe, criança deitada no chão alheia a tudo e a todos, inclusive aos santos. Era a oficialização da turma de catequistas que receberiam a primeira comunhão.
Máquinas fotográficas digitais, de todos os tamhos e formatos, é a nova mania. Registro de fotos torna-se comum. Que o digam os orkuts da vida na internet. E o registro por escrito, onde encontrar?
No sermão o padre diz que os catequistas devem receber Cristo como se estivessem recepcionando uma pessoa em sua casa, quando procuramos deixá-la arrumada, bonita, para as visitas. Como se fosse uma visita do Papa, uma visita de Lula, ou a visita de um professor da escola do catequista. Aproveita e dá uma bronca nos pais porque não frequentam a igreja com regularidade para trazer seus filhos também, que, com o tempo vai imitá-los.
O momento esperado: os catequistas comungam. Fiquei observando a expectativa deles. Recebem as óstias e as colocam em suas bocas. Comecei a rir porque alguns ficaram a comentar entre eles – eu estava bem pertinho deles – que o sabor da óstia não era legal ou não tinha sabor. Lógico, essa gurizada acostumada com os hamburgueres dos Mc Donalds da vida não vai sentir gosto nenhum numa óstia feita a trigo e água.
Devido a troca de comentários sobre o sabor da óstia veio a primeira bronca evangelizadora do padre. Não era pra conversar nesse momento com os colegas, e sim, com Cristo. O padre pagou geral.
Letícia falou que realmente a óstia não tinha lá esse goooosto. Maurinete observou que óstia não era tira-gosto. Eu sei do sabor da óstia porque comi muito quando era criança e adorava. Eram óstias que não estavam ainda consagradas e que dona Odília, nossa vizinha, recebia da diocese de minha cidade para selecioná-las, retirando as quebradas, as que eu e meus irmãos comíamos.
Encerrada a cerimônia. Mais fotos, filmagens, confraternizações entre todos. Ufa! O processo burocrático para se tornar um religioso oficial é longo e nem sabemos se esses pimpolhos realmente querem isso ou estão ali por livre e espontânea pressão familiar.

sábado, 24 de abril de 2010

1ª. Confissão

Amanhã será a primeira comunhão de Lelê, e, para isso, hoje ela faz sua primeira confissão, pré-requisito para tal, depois de um longo tempo de preparação para esse momento, sob a responsabilidade de uma freira.
O que que uma criança como Lelê tem para confessar de errado? O que que ela vai confessar para o padre? Será que essa menina tem tanto pecado assim?

Eu: Minha filha, o que você vai confessar pro padre? Ah, já sei. Você vai falar pra ele que sua mãe lhe ordenou pra você pegar pra comer dois chocolates ferrero rocher e você foi lá e pegou três e traçou os bichos. Você não resistiu as tentações infernais do chocolate!

Lelê: Ih, pai, tem coisa sim, pr’eu confessar pra ele.

Eu: Ah, com certeza. Você vai dizer pro homem santo que você não quis estudar mais um pouquinho pra prova de matemática e foi pra biblioteca ler gibis. Isso é, lógico, um pecado matemático. Ou senão, você vai revelar pro representante de Deus na terra que você vez por outra está desobedecendo a mamãe porque não quer comer de jeito nenhum.

Lelê: Eu vou confessar que eu já falei palavrão...

Eu: É aquela palavra com mais de trinta letras que você fala rapidamente ou é inconstitucionalissimamente?

Lelê: Se é confissão, eu não posso falar.

Eu: Tudo bem, tudo bem! Mas não esqueça de revelar que você me chingou no pensamento quando eu falei, sexta-feira da semana passada, que não iria comprar pizza porque em casa ainda havia bastante comida com muita verdura (arghhh!) pra gente jantar.

Lelê: Eu chinguei?

Eu: Pela expressão de seu rosto tava escrito que você quase me mandou pro paredão.

Bem, a verdade é que Lelê ainda tem muita estrada pra rodar pra um padre mandá-la rezar um pai-nosso, três salva-rainhas e vinte ave-marias.
Amém.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Política

Uma revista com uma foto de uma urna eletrônica estava sobre a mesa da sala e, Lelê, observando-a, perguntou-me se eu iria votar nas próximas eleições. Falei que ia por força da obrigatoriedade, pois sou a favor do seu contrário. Então iria votar nulo. Diante de sua exclamação esclareci que não acreditava em nenhum dos candidatos que aí estavam e muito menos nessa fórmula da obrigação do voto.
Lelê: Pois eu votaria no Lula (talvez ela quisesse falar de Dilma Rousseff, candidata de Lula). E depois indagou:
Lelê: Lula é ladrão?
Eu: Iiiihhh!!!!
Lelê: Mas ele já foi preso na Polícia Federal. (Falou como se isso o crendenciasse como um homem que enfrentou até a polícia para se chegar ao Poder).
Eu: Quem te falou isso?
Lelê: Eu li no google.
Diante dessa informação tenho que ensiná-la a melhor filtrar as informações a meio as milhões de notícias que a internet jorra, porque senão, daqui a pouco ela vai achar que Serra foi primo de Che Guevara, o qual lhe negou cabelo da barba para a sua careca, e que Karl Marx foi tio de Ciro Gomes, quando aquele lutou na Guerra de Canudos juntamente com Antonio Conselheiro.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Celular

Estava eu reprogramando o celular para despertar, operando-o com as duas mãos, e Lelê me observando fala para eu manusear o aparelhinho como se fosse um profissional.
Eu: Como se fosse um profissional?
Lelê: Sim.
Eu: Como assim?
Lelê: Pegando nele com uma mão só e teclando com os dedos de uma mão só. E fez a demonstração de agilidade com seus dedos de uma única mão.
Senti-me um analfabytes. Fiquei encantado porque meu celular despertou-me hoje falando. Era uma voz feminina, aveludada, às 05:30, avisando-me: “são cinco horas e trinta minutos”, falou a mocinha do celular de forma tão meiga que quase eu disse um “muito obrigado!”, mesmo estando tudo escuro e um friozinho razoável. E pela voz deduzo que é uma super gata. Com a evolução assustadora da tecnologia,tô vendo a hora a gatinha do celular despertar-me com um “acorda, duduzinho, são cinco e trinta, amor!”.
Voltando ao papo com Letícia. Disse-me ela que é recomendado aos alunos de seu colégio não levar celular pro colégio. Se o bicho tocar em sala de aula o aluno é chamado a atenção pelo professor. Se tocar mais uma vez o aparelho será recolhido e só será devolvido aos pais na próxima reunião de pais e mestres.
Lelê: Já teve gente, pai, que levou pra sala um prp (acho que foram essas letras que ela pronunciou).
Eu: Nossa! E o que é mesmo um prp?
Lelê: Ô pai, você não sabe o que é um prp? É um joguinho eletrônico. Falou ela de forma objetiva para não humilhar mais ainda minha ignorância.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Palavra na medida

Depois que jantou, um pouquinho já mais tarde de pijama, sentada na cama fazendo horas na espera do sono, Lelê papeia comigo e disse que adora falar como foi o dia dela na escola para mim. Também adoro ouvi-la, mesmo ela relatando episódios que gargalha muito e eu não consigo rir de jeito nenhum.
Semana passada, ela disse que sua turma escolar estava insuportável em determinada disciplina, a galera toda estava conversando muito em sala de aula, até que o professor resolveu dar um basta naquela situação e pagou uma geral. Foi uma bronca daquelas em que o pessoal teve que engolir pianinho. Pianinho, nem tanto, porque mesmo com toda a seriedade do professor o pessol caiu na risada com a bronca do teacher.
Acontece que o prof. – ou profa., como ela e turma costuma falar – estava tão irritado(a) (não sou eu quem vai entregar aqui o nome da figura, não é?) com todo mundo que chegou a falar um palavrão de forma involuntária, permitindo gargalhada geral do pessoal. Aliás, ele(a) não chegou a falar o palavrão completo, mas meia palavra para bom entendedor, basta, como diz o ditado popular. E o que foi que o mestre(a) falou? Disse Lelê que os ouvidos atentos da tchurma só ouviu o final do tal palavão. O final foi um perceptível “ceta!”. Depois de se entreolharem a risada foi geral.
Como não se trata de um colégio de padres, e nem de freiras, a galera achou até normal, pelo que percebi das palavras de Lelê. Também pudera, tem que ter muita paciência pra aguentar os milhões de hormônios a flor da pele de uma meninada que tá na idade de, quanto mais adrenalina, mesmo que seja num discurso, tanto melhor será o clima.

domingo, 11 de abril de 2010

Nova língua

A mãe de nossa amiga, Soledade, faleceu. Vamos ao cemitério prestar nossas condolências, mas Lelê não quer ir. Ela não gosta de ir a cemimtérios, o que é compreensível.
Mauri: Temos que ir, minha filha, temos que ser solidários nessas horas. Se a gente não for, quem é que vai pegar na alça de nosso caixão quando a gente morrer?
Lelê: O caixeiro.
Dudu: Quem?
Lelê: O caixeiro. É o homem que leva o caixão.
Mauri: Vamos ter que dar um jeito da gente ir.
Lelê: Por isso que eu gosto de estudar pela manhã, só assim eu não vou ao cemitério.
Lelê não sabe, mas caixeiro é um balconista, é um entregador, é o cara que faz caixas, e não o homem que leva caixão de mortos no cemitério. Caixeiro, na concepção de Lelê, está mais para a concepção de “Marcelo, marmelo, martelo”, o livro de Ruth Rocha. O livro de Ruth Rocha, não. O excelente livro de Ruth Rocha, em que o garoto Marcelo achava que Latim é língua de cachorro; cadeira deveria se chamar sentador; travesseiro deveria se chamar cabeceiro; leite deveria ser suco de vaca; bom dia era bom solário; bom lunário era boa noite; casinha de cachorro, moradeira; cachorro, latildo.
Bem, amanhã de manhã Lelê vai para a aprendedora dela, ou melhor, sua escola e eu e Maurinete vamos para o dezitério, digo, cemitério.

sábado, 10 de abril de 2010

Ao léu

Sobre a escrivaninha da biblioteca está o livro O Reacionário, de Nelson Rodriguues, que leio todo dia um pouco antes de dormir; sobre a cama de Lelê está o livro Diário da Julieta, de Ziraldo, que ela está relendo e já perdi a conta; no sofá da sala lá de baixo está Médico de Homens e de Almas, de Taylor Caldwell, uqe Maurinete está terminando de ler; na cabeceira de minha cama estão gibis do Menino Maluquinho; numa mesinha ao lado da cama de Lele mais gibis do Menino Maluquinho; no aparador da sala lá de baixo, mais gibis; o livro Internet – e não sei mais o que que é o subtítulo - que Lelê trouxe da escola para ler e fazer um trabalho está no sofá do home; o livro Garoto linha dura, de Stanislaw Ponte Preta – Sérgio Porto - está lá na cama do quarto de empregada, onde está a esteira e que leio quando estou andando nela; algumas revistas Veja estão no sofá da sala; pacotes de recortes de jornais que meu amigo Alcindo manda de São Paulo pra eu ler, estão sobre um balcão contíguo a escrivaninha da biblioteca...
Em qualquer lugar da casa ou qualquer móvel há um livro, um gibi, uma revista. Nem eu nem Maurinete nos importamos com isso, mas quer ver Maurinete ou eu darmos bronca na Lelê, é quando ela começa a relaxar e deixa seus tênis na sala do home largados com meias sujas ao lado; a mochila da escola, aberta, jogada bem no meio de alguma porta – tanto espaço a casa tem mas ela só deixa bem no meio de uma porta qualquer -, a roupa que ela tirou após o banho e que vai ser lavada, despresada num canto de parede do banheiro – não era mais fácil colocar já na roupa suja? Uma caneta ali no chão da sala, um lápis sobre a bancada da cozinha; uma borracha que ela usou há pouco largada no pé de parede – não pega nem com reza braba - e depois fica louca procurando-a; o sabonete as vezes jogado no chão do banheiro; a toalha molhada sobre a cama; a pasta de dente aberta e derramando; o cd esquecido no aparelho dvd... Em síntese, sempre há alguma coisa largada convidando pra gente dá uma bronca de graça nela. Mas será que isso não é o mal de todo jovem? Eu quando era criança, não era assim? Existe algum juvenil que não seja assim? Ah, sabe de uma coisa, assim é que caminha a humanidade jovem. Eles desarrumam e os pais dão bronca. É pra isso que existe jovem e existe pais. A guerra da arrumação

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Linguística

Provavelmente tenha sido na aula de redação, ou talvez na de gramática, ou, sei lá, pode ter sido em qualquer aula, com qualquer professor. Com a galera da rua acho que não foi não. Só sei que pra tudo que Lelê fala hoje, ela tem que encaixar a frase: “tem que ter uma variedade linguística nessa...”.
Estava eu vendo noticiário na televisão e Letícia tasca pra mim um: “pai, você não acha que deve ter uma variedade linguística nas notícias da televisão?”. Esbocei um “ãh!”, mas de forma contida para não espantá-la com minga admiração por sua arguição. Com certeza eu concordo com ela que a linguagem noticiosa televisiva tem que ter uma repaginação verbal com o óbvio ululante das perguntas dos jovens repórteres; com sotaques padronizados; com o pegar do microfone homogênio; com ângulos de imagens previsíveis...
Mais tarde ela mesma estava ouvindo música e, se não me engano, era música sertaneja, e ela falou pra ela mesma, mas eu ouvi, que esse tipo de música deveria ter uma variedade linguistica. Quase que corri para me abaixar e beijar seus pés, como aquele Papa se agachava para beijar o chão por onde passava, e lhe dizer que ela estava corretíssima em seu discurso analítico-linguístico.
A novela que passava naquele momento ela também argumentou que deveria haver uma variedade linguística. Maurinete ouviu ela ser claro em sua proposta mas nada comentou, e eu também ouvi e fiquei a imaginar que seria uma revolução nos costumes brasileiro se realmente houvesse essa tal variedade linguística. Mesmo que o Manoel Carlos faça inserção do cotidiano de certas categorias de vida – o da sua atual novela trata dos paraplégicos -, mas seu pecado é que padroniza as personagens com os mesmo nomes para todas suas novelas. Mas isso seria irrelevante para o desejo de Lelê em se ter variedade linguística nas novelas.
Nunca vi uma frase de efeito bater em seu ouvido e colar de forma tão nítida como essa frase. Em nossa biblioteca temos o livro de Umberto Eco, Tratado Geral de Semiótica, que eu ainda não li, mas tenho certeza de que ela não foi lá e pegou o livro e descobriu algo do gênero para ela ser generosa com essa frase de “tem que ter uma variedade linguística nessa...”.
Lelê me perguntou quanto saiu o resultado do último jogo do Fluminense, time de seu coração, e eu lhe disse que não sabia, e mesmo assim ela emendou que o futebol deveria te uma variedade linguística”. Quase que beijei sua testa em agradecimento por sua lucidez ludopédica. É lógico que, se ela falasse isso pro meu amigo Alcindo, a quem ela tem apreço por ser também tricolor, ele iria discordar e dizer que o time do Santos estaria arrebentando a gramática da pelota com seus placares elásticos, como os próprios elásticos de Robinho.
Bem, a verdade é que já era quase dezenove horas e eu ouvi a voz de um guri lá fora chamando Letícia pra ir brincar na rua, e ela saiu correndo leve e solta, voando, como um vento que passasse pelo meu cérebro em estado de digressão, a observar que o mundo infantil é repleto de variedade linguística.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pulseiras

Pronto, o assunto em voga da imprensa é as tais puulseiras. E o que que é isso, afinal? Eu nada sabia dessa história, ou melhor, minto, já li sobre essa questão em e-mail enviado por minha colega Rita de Cássia já há algum tempo. Rita, mãe preocupada com seus pimpolhos, procurava me advertir pensando em Letícia.
Sucede-se que uma menina de 13 anos, no Paraná, usava a tal pulseira e foi estuprada, possivelmente em consequência do uso dela. A prática é feita daseguinte forma: a menina coloca diversas pulseiras de silicone coloridas no braço e um jovem tenta arrebentar uma delas. Dependendo da cor da pulseira arrebentada, a dona terá de fazer um determniado tipo de carinho, desde um abraço até a pática de sexo.
Nunca vi Lelê comentar que esse jogo exista em sua escola, nem por alto. Acredito que é difícil, porém não impossível, de sua escola deixar entrar tais jogos. Para esse tipo de coisa a marcação lá é cerrada.
Li no jornal que a Secretaria Municipal de Educação de Manaus decidiu pelo veto dos adereços de plástico nas 450 instituições de ensino após a morte de duas jovens que usavam o produto. O negócio parece que está se alastrando.
Não dá para entender como é que esses jovens rapazes, no intuito de ganhar as minas, usam da violência para conquistá-las. Os garotos perderam a noção de tudo. Matar! Cadê a velha jinga das palavras no bate-papo, no lero, nas cantadas românticas? A facilidade da comunicação hoje em dia está fazendo regredir a moçada. Quem tiver sua filha que cuide pô-las debaixo de suas asas, do contrário o chororô será tarde.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Essências de Bach

Achamos bom que Lelê agora todo dia depois das dezoito horas vá pra rua em que fica nossa casa e fique brincando com a molecada, correndo, gritando, pulando, agitando. Gostamos porque ela está gastando energia e se socializando mais, pois o espaço de casa estava pequeno para tanta pulo e correria dela. Suas energias estavam retidas e eu é que teria que desempenhar a função da molecada lá de fora com ela, ou seja, tentar ser sparring pro gasto de suas energias.
Não satisfeito com isso, Maurinete buscou uma outra via. Levou-a a uma terapeuta pra saber como fazer para se gastar essas adrenlinas. Depois de consultas foi prescrito ela tomar as essências florais de Bach. Todo dia ela ingere esses remédios e, pelo que observamos, parece que ela está mais centrada, menos agitada. Mas tem dia que eu, particularmente, nao vejo efeito nenhum.
Li uma reportagem no jornal Correio Braziliense de 4/4/10 em que o título é: “Florais na infância. Pode?” . Pelo que deduzi os pediatras preferiram não se manifestarem, em contraposição, é lógico, dos terapeutas, tendo em vista as notícias advindas da Inglaterra, há poucas semanas, em que o governo de lá resolveu cancelar todas as verbas para esses tratamentos terapêuticos por achar que não se cura nada com seus remédios.
Bem, Mauinete acredita nesses remédios e eu, nao me informei sobre essa questão, então deixa a menina tomar essas soluções pra ver se pelo menos existe efeito psicológico na guria e ela pise menos no acelerador.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Betão

Roberto Carlos esse ano está comemorando tudo que tem direito nos seus cinquenta anos de reinado de música. Em São Paulo está acontecendo uma baita exposição sobre sua vida artística; já teve shows apenas com cantoras mulheres; anda comemorando em shows especiais pelo Brasil a fora. Nas platéias a gente vê muita gente pra lá de cinquentão cantando “eu te amo...”, “...detalhes tão pequenos de nós dois...”, etc. Mas não é só coroa que sabe as músicas do Betão, não. Lelê tá nessa tchurma.
Semana passada chegou a vez dos sertanejos soltarem seus tremidos vocais com as músicas do Rei. Lelê tava lá, na primeira fila dos sofás para acompanhar as duplas e monuplas – dupla de um só.
Lelê: Tomara que eles cantem só músicas da década de sessenta.
Aneti (prima de Mauri): Ué, por que?
Lelê: Porque eu só sei as músicas dessa década.
Explico: é que temos uma caixa de cds de Betão só com os discos dessa década. As capas são reproduções fiéis dos vinis daquele tempo. E quais são as músicas preferidas de Lelê? Ah, praticamente são todas, mas ela adora ouvir aquela do calhambeque, que parece uma crônica automobilística, e a do brucutu, inspirada no gibi.
É esperar e ver qual será o próximo show. Será que vai ser com os roqueiros, ou será que virão os axés da Bahia?

domingo, 4 de abril de 2010

Chocolate? Ecaaa!!

Incrível. Lelê, em plena páscoa não quer comer chocolate. Quer dizer: muito. Só um pouquinho. Isso é de se estranhar. Uma menina que o ano passado sentiu-se mal a bessa por causa do excesso de chocolate e agora renuncia a sua grande paixão! Aí tem. Maurinete observou que a testa dela está começando a aparecer indícios de espinhas.
Maurinete: Minha filha está apaixonada por alguém no colégio?
Lelê: Eu? Não!
Maurinete: Ah, bem. Minha filha está ficando uma mocinha e está se preocupando com sua pele.
Lelê: Eu não quero ficar com uma cara de ralo.
Isso é sinal de preocupação alimentar ou reflexo da difusão de propagandas sobre a estética do corpo perfeito feminino? Será que Lelê está absorvendo o espírito subliminar das propagandas? Provavelmente o tempo dará essa resposta.
Lelê: Lá na escola tem uma menina que a galera chama ela de chokito.
Maurinete: Por que? Ela tem uma pele cravo e canela?
Lelê: Não, é por causa das bolotinhas.
Só que eu duvido dessa abstinência de Lelê, inda mais quando eu sei que quando ela olhar para a caixa de chocolate Ferrero Rocher, que ganhou de Eunice, colega nossa de Vitória, não irá resistir, primeiro pelo o apelo visual da caixa, e, depois, sua boca irá salivar pela tentação do próprio. De certo modo tenho que reconhecer que nessa páscoa ela não foi tão incisiva para ganhar chocolate como as anteriores.

sábado, 3 de abril de 2010

Percy Jackson

Semana passada eu e Lelê fomos ao cinema do shopping do Jardim Botânico. Fomos ver “Percy Jackson e o ladrão de raios”. Censura livre. Depois que o filme começou é que notei que não era dublado e, sim, legendado. Tudo bem. Depois ela falou que conseguiu ler muita coisa, mas reclamou que as letras passam muito rápido.
O filme é uma mistura do tempo presente com os deuses da mitologia grega. Lelê não entende de mitologia grega, nem eu, mas o filme é de ação, de aventura que prende a atençao da gurizada. Comendo pipoca ela foi se alimentando de imagens de efeitos especiais, cenas rápidas, bichos enormes, assustadores. Lelê ligadona nessa aventura infanto-juvenil.
Disse Lelê que gostou do filme e até pensei que ela fosse falar que não iria conseguir dormir assustada com algumas cenas, como a da cabeça de uma mulher degolada em que seus cabelos eram serpentes vivas, e quem olhasse para seu rosto se transformaria em estátua. Isso não foi capaz de assombrá-la tanto o Michel Jackson quando morreu, que ela ficava na cola minha e de Maurinete para nao deixá-la sozinha em seu quarto enquanto não dormia. Tinha medo de que ele aparecesse para ela. Argumentei-lhe que ela seria uma privlegiada. Por que ele iria aparecer só para ela quando milhares de fãs não tinha essa sorte.
Mas o filme do Percy lhe agradou muito mais que, imaginem, o tão propalado Avatar. Isso mesmo, o tal do Avatar – que eu, ela e Maurinete vimos - e que eu também não gostei, e que Maurinete também não gostou, e que Lelê também não gostou. Era muito efeito especial para pouca enredo. Saimos frustrados do cinema. Muitas cenas do Percy só não tinha 3D, mas os efeitos eram similares aos do Avatar

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cultura geral

A Copa do Mundo está se aproximando e as escolas já começaram a pedir trabalhos sobre ela. Pelo menos a de Lelê. Nesses últimos dias ela teve que desenvolver um com o título “A Copa do Mundo na África do Sul”. Até aí tudo bem, trata-se de um tema comum.
Logo depois ela aparece com outro trabalho para fazer: “Povo Mali: habitantes da África antes da chegada dos europeus”. Pra ser sincero nem sei onde fica o Mali. Já ouvi falar de seu nome, mas, do resto, não tenho a menor idéia desse povo. E porque do interesse desse professor de História sobre o Mali? Só sei que Lelê recorreu à inteligência-mor Google, o papai sabe tudo, e fez seu trabalho. Ajudei-a na confecção da capa do trabalho, mas o nome Mali ficou martelando minha cabeça de curiosidades sobre esse povo. Associo esse nome à Revista Nacional Geográfica que sempre traz reportagens sobre países exóticos. Que Lelê tire proveito dos malienses. Ou será malineses?
Mais recentemente ela me pede e a Maurinete para auxiliá-la n’outro trabalho: “Oswaldo Cruz: o sanitarista brasileiro”. Agora tá fácil. Maurinete conseguiu material e ela conheceu o sanitarista tupiniquim.
Nossa filha vai criando seu cabedal cultural com a Copa do Mundo, o povo Mali e o cientista Oswaldo Cruz, epidemiologista e sanitarista. Aos poucos ela vai formatando sua googlezação teclando aqui e acolá em seus cadernos digitais, e espero que digerindo que a copa do malinês merece a visita de um craque sanitarista, já que o Mali é um dos países mais pobres do planeta.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A detetive

Não sei por que, agora Letícia diz que quando crescer quer ser detetive. Onde essa menina arranjou essa moda? Sei lá! Poxa, vida, não quer ser médica para tratar das criancinhas pobres; não quer ser veterinária pra cuidar dos cachorrinhos, dos bichinhos tão fofinhos; e, por que não, ser do corpo de bombeiros, ora bolas. Pois bem. Íamos começar a almoçar quando ela chegou para se juntar a nós à mesa, vestida com a indumentária de detetive, segundo ela.
Eu: Que é isso, minha filha, que roupa é essa?
Lelê: É a roupa de detetive.
Eu: Roupa de detetive? Tem certeza?
Só tive que rir com o óculos azul, no formato de fantasia de carnaval, postos nos olhos como se estivessem espionando, só podia ser, um lutador de sumô. No pescoço uma corda emplumada de lilás como se fosse um cachecol. Na cabeça um chapéu de couro nordestino como se fosse a Maria Bonita de Lampião, e o celular com hadphone ouvindo música sertaneja. Chegou ela se esgueirando pelas pilastras da varanda como se estivesse espionando, quem, só a imaginação dela é que diria.
Eu: Minha filha, detetive é exatamente o oposto do que você está fazendo agora, com essa vestimenta que só faltou uma melancia pendurada no pescoço para dizer que você é tudo, menos detetive.
Mas ela não se importou com meus comentários e me olhou de soslaio – palavrinha que casa muito bem com detetive. Percebi que a imaginação dela estava a mil, estava quase descobrindo que fora o garçom que colocou sonífero no copo de cerveja de Zeca Pagodinho. Dei a última golada de cerveja em meu copo e almoçamos sob a suspeita constante de Lelê.