Quando chega o período de provas de Lelê, é um deus nos acuda. Nos acuda porque eu e Maurinete temos que nos desdobrarmos para fazer toda revisão de conteúdo das provas com ela. Sem muito rodeio, acho muito estressante, tanto para Lelê como para nós. Mas não fugimos à responsabilidade e encaramos a situação. Mais estressante, percebo, para Lelê, porque tem que lidar com um volume de informação que eu e Maurinete pensamos ser um pouco exagerado. Desde que me conheço por estudante essa é a rotina de quem está nos bancos escolares.
Estava eu revisando raiz quadrada e Lelê questiona-me para que serve isso e também o conteúdo das outras matérias. É lógico que ela jogou também com o bom humor.
Lelê: Pai, para que serve eu estudar matemática se não vou ser cientista? Para que serve estudar o português se eu não vou dar aulas de português? Para que serve estudar geografia se eu não vou trabalhar no IBGE (não sei onde ela arranjou essa)?; Para que estudar filosofia se eu não vou ser filósofa? Para que estudar inglês se eu não vou pros Estados Unidos? Pra que estudar espanhol se eu não vou pra Espanha? `Pra que estudar História se eu não vou ser historiadora? O que falta mais...?
Eu: Então você queria ficar só em casa brincando? Você quer só aprender a brincar? É verdade que essa raiz quadrada que nesse momento estou revisando com você, eu não sei qual a finalidade pra sua vida. Como nunca teve na minha até hoje. (Dei essa levantada de bola para ela encher o pé e ela encheu com uma expressão facial de satisfação):
Lelê: Então, pai, é isso mesmo. Pra que ela serve? ( Procurei ser ágil e lhe dar uma resposta convincente, mas nem todo momento a resposta é iluminada, de um adulto para uma criança, sem os subterfúgios do engano, da enrolação, e eu queria ser sincero com ela. Como não tive nenhuma resposta iluminada, então empurrei o óbvio).
Eu: Olhe, minha filha, acredito que, na vida, agente tem que aprender um monte de coisas, como esse monte de coisas que você está aprendendo, mesmo que muito disso não lhe dê tanto prazer. Eu passei por isso, sua mãe passou por isso, e, acredito, que mais lá na frente tudo será recompensado pra sua vida prática. Alguma coisa positiva vai lhe ocorrer. Tenho certeza.
Lelê deu vontade de ir ao banheiro, a tardezinha já estava escurecendo e dei por encerrada a aula sobre raiz quadrada. Poxa, vida, fiquei pensando, porque essa raiz quadrada está sempre a perturbar a vida da gente desde criança? Nunca imaginei que, além de quando fui encostado na parede em prova de matemática para responder questões de raiz quadrada, eu fosse ser encostado novamente na parede por minha filha exatamente por essa bendita raiz quadrada!
Hoje entro no site do jornal O Estado de São Paulo e lá está uma matéria com Fernando Reinach, um professor graduado em Biologia em 1974 pela USP, e onde fez mestrado. Fez também doutorado na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e pós-doutorado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Foi sócio da primeira empresa especializada em teste de DNA e participou da pesquisa pioneira do genoma no País. Também assumiu o cargo na direção da Votorantim. Pois bem, ele fez uma palestra sobre estudo continuado lá no jornal Estadão, e ele criticou o descompasso que existe entre o que se ensina na escola e o que efetivamente se usa na “vida real”. “As coisas mais úteis que você precisa fazer no cotidiano não são ensinadas na escola. Quantas pessoas calculam raiz quadrada em seu dia a dia?”, questionou.
E agora, eu vou falar pra Lelê o que esse estudioso falou sobre raiz quadrada?
Estava eu revisando raiz quadrada e Lelê questiona-me para que serve isso e também o conteúdo das outras matérias. É lógico que ela jogou também com o bom humor.
Lelê: Pai, para que serve eu estudar matemática se não vou ser cientista? Para que serve estudar o português se eu não vou dar aulas de português? Para que serve estudar geografia se eu não vou trabalhar no IBGE (não sei onde ela arranjou essa)?; Para que estudar filosofia se eu não vou ser filósofa? Para que estudar inglês se eu não vou pros Estados Unidos? Pra que estudar espanhol se eu não vou pra Espanha? `Pra que estudar História se eu não vou ser historiadora? O que falta mais...?
Eu: Então você queria ficar só em casa brincando? Você quer só aprender a brincar? É verdade que essa raiz quadrada que nesse momento estou revisando com você, eu não sei qual a finalidade pra sua vida. Como nunca teve na minha até hoje. (Dei essa levantada de bola para ela encher o pé e ela encheu com uma expressão facial de satisfação):
Lelê: Então, pai, é isso mesmo. Pra que ela serve? ( Procurei ser ágil e lhe dar uma resposta convincente, mas nem todo momento a resposta é iluminada, de um adulto para uma criança, sem os subterfúgios do engano, da enrolação, e eu queria ser sincero com ela. Como não tive nenhuma resposta iluminada, então empurrei o óbvio).
Eu: Olhe, minha filha, acredito que, na vida, agente tem que aprender um monte de coisas, como esse monte de coisas que você está aprendendo, mesmo que muito disso não lhe dê tanto prazer. Eu passei por isso, sua mãe passou por isso, e, acredito, que mais lá na frente tudo será recompensado pra sua vida prática. Alguma coisa positiva vai lhe ocorrer. Tenho certeza.
Lelê deu vontade de ir ao banheiro, a tardezinha já estava escurecendo e dei por encerrada a aula sobre raiz quadrada. Poxa, vida, fiquei pensando, porque essa raiz quadrada está sempre a perturbar a vida da gente desde criança? Nunca imaginei que, além de quando fui encostado na parede em prova de matemática para responder questões de raiz quadrada, eu fosse ser encostado novamente na parede por minha filha exatamente por essa bendita raiz quadrada!
Hoje entro no site do jornal O Estado de São Paulo e lá está uma matéria com Fernando Reinach, um professor graduado em Biologia em 1974 pela USP, e onde fez mestrado. Fez também doutorado na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e pós-doutorado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Foi sócio da primeira empresa especializada em teste de DNA e participou da pesquisa pioneira do genoma no País. Também assumiu o cargo na direção da Votorantim. Pois bem, ele fez uma palestra sobre estudo continuado lá no jornal Estadão, e ele criticou o descompasso que existe entre o que se ensina na escola e o que efetivamente se usa na “vida real”. “As coisas mais úteis que você precisa fazer no cotidiano não são ensinadas na escola. Quantas pessoas calculam raiz quadrada em seu dia a dia?”, questionou.
E agora, eu vou falar pra Lelê o que esse estudioso falou sobre raiz quadrada?
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