Pesquisar este blog

Seguidores

Total de visualizações de página


segunda-feira, 2 de março de 2009

O tempo não pára


Lelê costuma sempre preparar sua mochila a noite porque, como ela acorda as cinco e trinta da matina, ou da madruga, melhor dizendo, não iria dar tempo se arrumar e preparar o material de aula do dia. Pois bem. Ontem ela não organizou sua mochila, foi dormir cedo, mesmo a gente sempre alertando-a para ela tomar de conta de sua mochila na noite anterior. Ela acordou (o relógio é cruel no seu tic-tac), tomou banho (o relógio não dá trégua no tempo), tomou café (o relógio apressando Lelê silenciosamente), escovou os dentes (o relógio é o senhor do tempo), e depois Lelê foi arrumar a mochila com todo seu material (o relógio gritou silenciosamente que a van escolar já estava esperando por ela). Aviso pra ela que a van já chegou e ela grita para esperar porque ela estava ajeitando sua pulseira verde identificadora de seu grupo da gincana do colégio (o relógio buzinando no meu ouvido que a van – com todos os passageiros-estudantes, já estava há alguns minutos pacientemente a espera dela). Corro para ver porque essa menina não se desenrola. Ela estava sentada no chão da cozinha organizando sua pulseira da gincana como se o tempo estivesse parado exclusivamente para ela. Chamei-a:
DD: Vamos Lelê, o pessoal está te esperando!
LL: Peraí que eu tenho que terminar isso aqui (no passo que ela estava iria acabar lá pelas dez horas).
DD: Leve para ir ajeitando isso na van
LL: Não posso, tem que ser aqui (o tempo gritou mais alto no meu ouvido avisando que o respeito com o horário dos que estavam na van era maior). Como ela continuou despreocupadamente, tive que dar-lhe um grito:
DD: Vamos Lelê, levanta daí que o pessoal ta te esperando!
LL: Não posso, pai, se não eu vou perder ponto na gincana.
DD: Levanta agora! Vamos embora!
Lelê começou a chorar e largou a recomposição de sua pulseira da gincana e saiu chorando em direção a van. Se deixar, a guria fica folgada. A tarde, quando ela chegou do colégio me cumprimentou abraçando-me e beijando-me, como se nada tivesse acontecido. Com certeza mais gente não levou a pulseira pro colégio e ninguém ficou prejudicado. Do contrário seria a primeira coisa que ela comentaria ao chegar em casa. Mas foi bom ter acontecido isso, porque a partir de agora não preciso nem mais alertá-la de que a mochila tem que estar pronta pro dia seguinte. O tempo não pára, não páraaaaa – Cazuza.

Nenhum comentário: