Depois que almoçamos no apartamento de meu irmão Valdim fomos ver a exposição “A Utopia da Modernidade: de Brasília à Tropicália”. Há dias que eu queria leváLelêlá – a Tropicália nus faz in ventar pa lavras – e fomos eu, Maurinete, Lelê e Vanessa Felleti, amiga capixaba nossa que está hospedada em casa. A exposição está no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. Na área externa a gente já encontra obras sugestivas, como o próprio nome da exposição, A UTOPIA E MODERNIDADE, feito em compensado de tamanho gigante, cor mostarda – cada letra com quase três metros de altura por uns quase dois. Como a própria Tropicália, difícil não chamar a atenção. Dizem que lá de cima, de avião, dá pra se ver essas palavras gigantes. Havia também outros parangolés interativos que Lelê correu logo pra pegá-los, brincar, interagir. A porta de entrada são letras giratórias, e não porta. Só deu pra Lelê. Dentro, fotos em tamanho natural e recortadas no contorno de automóveis da década de 50/60 e de políticos, autoridades, como Juscelino Kubitschek, e candangos – os que botaram a massa pra construir Brasília. Os visitantes tiravam fotos com elas, as fotos. No rodapé de uma parede frases escritas. Móbiles de Athos Bulcão, falecido semana passada aqui em Brasília. Um corredor semi-escuro em que as pessoas de roupas claras se destacavam ao passar nele. Mas o mais legal mesmo era a montagem de um painel de fotos de revistas, jornais e capas de discos da década de 50/60 com todo tipo de gente famosa: Sartre; Pelé; Michel Foucault; uma capa de disco com o desenho do rosto de Nara Leão no início de sua carreira, sensacional; músicos: de Jimi Hendrix a Roberto Carlos; escritores: de Clarice Lispector a Jorge Amado; artistas da moda e com roupas da moda; políticos e o escambau. No centro do painel uma televisão que deveria ser o modelo das primeiras do Brasil, passando imagens em preto e branco daquela época. Nós íamos explicando pra Lelê quem era quem. Getúlio Vargas, depois de saber que ele suicidou, Lelê queria saber porque ele cometeu esse ato. Acabou que saímos da exposição e não explicamos os motivos. Além da tv havia um rádio do tempo de minha bisavó, funcionado, com a música Tropicália de Caetano Veloso. Era a música de fundo quando se entrava no espaço da exposição. Pronto, Lelê deu os primeiros passos na história de Brasília, na de Jusça, como ela se refere a JK, e na do Tropicalismo. Pelo menos os principais nomes do Tropicalismo ela já sabe – Cae/Gil e seus afluentes, como Milton Nascimento e Jorge Bem, a quem ela ama de paixão, como ela diz. Tenho um cd com os principais sucessos de Jorge Bem e ela sabe cantar quase todo de cor.
domingo, 3 de agosto de 2008
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Um comentário:
Explique para a menina, também, que a Tropicália não surgiu em Brasília.Como nenhum movimento cultural brasileiro digno do nome... E que a ''utopia da modernidade'', iniciada por JK, acabou desembocando no Regime Militar...
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