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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Amo os adultos

Ontem na aula de Kumon, uma menininha se dizia que estava cansada e não queria mais fazer a resolução dos deveres de matemática. A professora tentou convencê-la a ter ânimo, que era natural uma criança como ela passar por essa fase de desânimo, mas era preciso reagir a essa preguiça. A menina falou em tom baixo de que iria quebrar o braço, e a professora e os demais presentes olharam para a guria por ter falado isso, e, de imediato ela se corrigiu dizendo que isso era o que ela tinha sonhado. Se os pais dessa garota tivesse ouvido ela falar esse seu desejo, por certo perguntariam: “ onde foi que erramos?”. Vou torcer para que Lelê não queira entrar nessa, e, se ela não entrar, e gostar de verdade do kumon, eu e Maurinete iremos nos perguntar: “onde foi que acertamos?”. Não quero tirar conclusão alguma, mas me provoca o questionamento se certos pais gostam de crianças. Será que é comum os pais afirmarem “eu gosto de crianças!”. Sim, eu acho que essa é uma afirmação corriqueira, no entanto é preciso estarmos atentos para sabermos se é comum, e, vou logo adiantando, acho que não, as crianças afirmarem “eu gosto de adultos!”. Não, eu nunca vi uma criança dizer: “eu adoro adultos!”. Possa ser que tenha alguma criança fora de série para fazer uma afirmação dessas de forma espontânea. Fico até imaginando uma criança pegar o rosto de um adulto qualquer e segurar na ponta dos dedos as bochechas desse adulto e falar dengosamente: “ai, meu deus, como eu amo esse fofuchinho da/o mamãe/papai!”. Que tal observarmos isso.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A Bolsa de Valores de Lelê

Depois da aula de Kumon fomos ao supermercado comprar couve. Um real e trinta centavos. Olhei em minha carteira e não havia uma alma sequer de um centavo. Olho pra Lelê: “Você não tem nada aí?”. Ela pega sua carteira recém ganha em seu aniversário e tinha lá dois reais – que eu havia colocado para inaugurá-la -, o que evitaria eu ter que pagar no cartão os um real e trinta centavos. Ela ficou toda contente porque me socorreu. As Bolsas de Valores do mundo inteiro numa pindaíba danada e a bolsa de Lelê alimentando a produção do cinturão de verde de Brasília. A queda do dólar, a subida do dólar, a queda do dólar, a subida do dólar em nada afetou a bolsa de valores de dois reais de Lelê. É claro que a questão cambial na dívida ativa do papai, reflete no sistema financeiro displicente caseiro na boca do caixa dos supermercados, tendo em vista que os Bancos Centrais principais europeus socorreram a jogada sistêmica norte-americana. Como não fui à bocarra do caixa eletrônico sacar papéis cambiais em moeda nacional, o panorama econômico familiar provocou à desaceleração econômica da padaria próxima daqui de casa, quando fui comprar pão e a minha Bolsa de Down Jones estava down. Recorri, mais uma vez, a empréstimos não dolares com a semi tranqüilidade dos papéis da Bovespa de Lelê e obtive recursos na ordem de um real e noventa centavos, a preços do barril de centeio. Segundo analistas econômicos da The Economist, se perdurar por mais um dia empréstimos dessa ordem para a pochete financeira de Lelê, o grau de confiança no sistema financeiro eduardiano poderá refletir nas principais casas de cambio mundiais. Para tranqüilidade de todos o FT, Financial Times, jornal econômico londrino, observa que foi o boom do crédito que detonou a crise americana. Ufa! Que alívio, tô fora dessa melequeira toda! Amanhâ mesmo vou pagar a couve e o pão que Lelê comeu.

domingo, 21 de setembro de 2008

Lelê caetaneou

Maurinete ganhou de presente em seu aniversário – próximo ao de Letícia – o cd O Melhor de Caetano Veloso: Sem Lenço Sem Documento, que vai de Alegria Alegria até Beleza Pura, e também um de Milton Nascimento, também com as melhores dele. Mas foi o cd de Caetano que Lelê se amarrou. As músicas desse cd tem balanço, como se diz, tem ginga, tanto nas músicas quanto nas letras. São sucessos de Cae que o Brasil inteiro já cantou desde 1968 de quando ele começou com o Alegria Alegria. E é por isso que Lelê fica o tempo inteiro cantando trechos de músicas que o seu subconsciente pronuncia com as poucas vezes que ela ouviu o cd. E já tem música que ela já sabe a letra toda. É o caso de Atrás do Trio Elétrico, sua preferida. Entramos no carro, e já vai ela tascando Atrás do Trio Elétrico. Tava na cara que é o tipo de música que qualquer criança gosta. Tem ritmo e tem letra lúdica, letra que Caetano brinca com as palavras. Lelê adora quando ele canta a frase “Aprendeu, que é do outro lado; Do lado de lá do lado; Que é do lado de lá”, e também quando Caetano dá uma sincopada em “Nem quero saber se o dia(pausa)bo; Nasceu, foi na Ba(pausa)hia”, e mais o jogo de palavras “O sol é seu; O som é meu”. Outra musica que Lelê gostou muito foi Soy Loco Por Ti América, e a razão, segundo ela, é porque Caetano canta misturando português e espanhol. Essa música ela já conhecia de quando visitamos a exposição A Utopia da Modernidade, que funcionava como fundo musical. Lelê fica cantando frases que lhe chamou a atenção, como “”...sou o seu bezerro, gritando mamãe...”. A música O Leãozinho, é inevitável que qualquer criança se apaixone por ela. Mas nem tudo são buquês. Ela detestou “Odara”, e lhe perguntamos porque, ela disse que não sabe porque, mas que detesta, detesta. Vou parar com esse papo de que Lelê adora Caetano porque está um papo pra lá de pedante lá em Marraqueche.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Festa de despedida

Lelê chegou da escola já me perguntando:
LL: Pai, se você tivesse de ir a uma festa por oitenta reais, você iria?
DD: Ué, depende de que festa, se é de meu interesse ou não.
LL: Pois eu gostaria de ir a uma festa assim.
DD: Assim como?
LL: É porque vai ter uma festa de fim de ano lá na escola. (Lelê abre a mochila, pega sua agenda escolar e pede pra ler um bilhete da escola):
LL: “Senhores Pais/Responsáveis. Para comemorarmos o término do ano letivo e a despedida dos alunos da 4a. série, estamos programando um dia de passeio em dezembro, com a empresa Janot Tour ao Hotel Fazenda Águas Emendadas com direito ao transporte em ônibus de turismo de luxo, 02 lanches, almoço e atividades recreativas oferecidas pelo hotel como piscina, salão de jogos, quadras esportivas, trilha ecológica, passeio à cavalo entres outras.
Esta é apenas uma proposta e para isto solicitamos que o responsável pelo aluno preencha a autorização abaixo e nos envie até o dia 23/09, para que possamos agilizar e reservar com antecedência aproveitando o preço promocional que a empresa nos concedeu, que será de R$ 80,00 por pessoa:”.
DD: Aí não fala que acompanhará a turma, se os professores ou não.
LL: Você deixa eu ir?
DD: Deixo. Mas antes eu vou me informar sobre quem acompanhará vocês, se essa empresa está ok, etc.
LL: Oba! Oba!
DD: E também eu vou conversar com sua mãe.
LL: Oba! Oba!.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ôba, não tem aula!

-Triimmm, triiimmmm
- Alô! – Eu atendi no telefone e Lelê na extensão simultaneamente.
- Aqui é da Escola da Letícia. Estou avisando que hoje não haverá aula pra porque está faltando água e só voltará depois das dezoito horas.
DD: Ok.
Ouvi os gritos de alegria Letícia de “oba! oba! hoje não vai ter aula! Oba!”, “oba! hoje não vai ter aula!”. Ela corre pra biblioteca, sobe a escada e vai chegando falando-me: “Pai, hoje não vai ter aula!”, e fica pulando de alegria e se dirige pra me abraçar. Eu a abraço e ficamos pulando juntos gritando “hoje não vai ter aula! Hoje não vai ter aula!”. Descemos a escada e fomos lá pra baixo onde estava Neide – secretária – e continuamos gritando “hoje não vai ter aula!”. Neide ficou nos olhando como se não estivesse acreditando eu pulando de alegria com Lelê porque ela não teria aula.
Neide: “Seu” Eduardo, eu num tô acreditando no que estou vendo!
DD/LL: Hoje não vai ter aula! Hoje não vai ter aula!
Neide: Deixa dona Mauri saber disso!
DD/LL: Hoje não vai ter aula! Hoje não vai ter aula!
LL: Eu vou ligar pra mamãe pra dizer que não vai ter aula.
Lelê liga pra Maurinete e ela atende. Lelê, antes de falar fica rindo, apenas rindo.
Mauri: Qual o motivo de tanta alegria, filhinha?
LL: É porque hoje não vai ter aula!
Mauri: E isso é motivo de alegria?
LL: (com toda sinceridade infantil e diminuindo o riso) É!.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Criar um bebê

Os presentes do aniversário de Lelê ainda não terminaram de jorrar. Fomos ao apartamento da vó Bia e lá ela ganhou um joguinho, ‘na ponta da língua’, um joguinho muito interessante em que os participantes respondem a um monte de perguntas de bom nível para crianças – de questões de português a conhecimentos gerais – e mais cd, vestido, bonecas e carteira de dinheiro. Já em casa Lelê brinca com as bonequinhas. Veste as roupas, tira as roupas, prepara mamadeiras, dá água para bebês sedentos com esse clima super seco de Brasília , dá banho, ajeita-as para dormir...
LL: Ufa! Pai, eu estava pensando aqui comigo...
DD: Sim.
LL: Esse trabalho todo para deixar essas minhas meninas tudo ajeitada...
DD: Sim.
LL: Você imagina como isso não é na vida real pra tomar conta de uma criança de verdade.
DD: Você tá vendo como é dureza.
LL: Nossa! Como dá trabalho!
DD: E isso sem contar os deveres de casa quando elas estiverem na escola, brincar, passear...
LL: Pai, eu vi passando na televisão uma menina de treze anos que já tinha filho.
DD: Ou seja, um bebê cuidando de outro bebê.
LL: É muito trabalho para ela fazer com seu filho.
Pelo visto Lelê ficou pensativa de que criar um filho não é fácil, e, pelo menos momentaneamente, ela poderá colaborar comigo em não me dar trabalho e me obedecer de imediato quando eu pedir-lhe para não deixar as coisas espalhadas pela casa. Percebi que ela tem mudado muito, depois d’eu tanto lhe pedir para não deixar roupa suja no chão e sim na cesta apropriada, apagar as luzes se não estiver em determinado ambiente, etc. É a lei da paciência, do pedra dura água mole, tanto bate até que fura e também a lei dos espôrros vez ou outra, ou outra vez.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Viagens de Gulliver

Cheguei um pouco mais cedo na Escola Parque pra pegar Lelê e fui à biblioteca da escola e peguei dois livros pra ela ler. Nunca mais ela tinha lido um. O último foi o Blog da Cacau, se não me engano. Peguei o livro A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector. Um livrinho que ela escreveu em 1974 e é sobre uma galinha. Eu nunca tinha ouvido falar nesse livro infantil dela. Só este ano é que vim a ler o A Hora da Estrela, de Clarice. Coincidentemente Maurinete telefona-me e diz que acabara de ganhar de presente o filme em dvd A Hora da Estrela, de Suzana Amaral baseado no livro de Lispector.
Bem, o outro livro que peguei pra Lelê ler foi Viagens de Gulliver. Quando mostrei pra Lelê ela de imediato falou que já tinha lido esse livro.
LL: Num é aquele que ele mora numa casa?
Sinceramente não me lembro desse detalhe e já em casa conferi o livro que ela tinha lido. É um livrinho – oito páginas - super infantil de uma coleção chamada Histórias Encantadas. E lá está escrito: “Afeiçoado a Gulliver, a rainha ordenou que construíssem uma casa do tamanho dele para que ficasse bem acomodado”. O livro que ela irá ler é de uma outra coleção: Reencontro Infantil, da editora Scpione, também ilustrado, já mais extenso – 48 páginas - , adaptação de Lúcia Tulchinski. Tá parecendo que estou preparando terreno pra ela ler a tradução do original – 276 páginas – na tradução Octávio Mendes Cajado, da coleção Os Imortais da Literatura Universal. Isso é que é o verdadeiro processo de leitura: uma escala do infantil ao adulto.


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Picles


●Não é que Lelê se desencantou e participou de um esquete com a sua turma da Escola Classe? Sua participação era aparecer numa curta cena com uma máscara de bicho no rosto e dava um susto num grupo de crianças que estava perdido no mato. Pronto, era só isso, sem diálogos. Mesmo assim nesses últimos dias ela falava que estava nervosa com essa ‘apresentação’. Foi legal simplesmente porque ela marcou presença quebrando assim esse seu gelo em não querer participar dos teatrinhos da escola. Isso se deu sexta-feira última por ocasião de festas comemorativas ao folclore brasileiro por todo o colégio. Logo após teve um almoço e bingo. Foi legal. Maurinete também compareceu.

● Lelê tem a mania de colocar meus óculos de grau em seus olhos. Disse ela que tem dois sonhos: primeiro, usar óculos de grau. Ela se acha o máximo e quer usar óculos iguais ao meu. Até perguntou se não existia óculos de grau disfarçado. Lhe falei que ela ia ver o que era bom pra tosse ficar dependendo de óculos. Ainda bem que o meu é só pra leitura. O outro sonho é aprender a dirigir. Ela já sabe que a sua hora será assim que chegar à idade adulta. Faço questão que aprenda dirigir de imediato. Pra mim vai ser um alívio e ao mesmo tempo motivo de preocupação. Preocupação até ela ganhar maturidade e deslanchar vida a fora.

● Ontem estava eu aguando o jardim – a seca de Brasília faz até as plantas chorarem de secura – e quando entro pra casa, na sala de tv vejo Lelê vendo tv. Pensei que fosse algum desenho animado como ela sempre gosta de ver. Qual nada, Lelê estava vendo o Jornal Nacional da TV Globo.DD: Ué, sem minha presença você está vendo o Jornal Nacional?
LL: O Jornal Nacional é muito fera, pai. É muito legal. Será que estou influenciando essa menina pra ela ser uma consumidora de notícias quando entrar na fase adulta? Tomara que seja leitora da mídia impressa.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Aniversário

Sexta-feira passada levei Lelê para uma festinha de aniversário de um adulto, masculino. As mulheres se dirigiam ao aniversariante para parabenizá-lo dando beijinhos e afagando suas costas. Lelê, de antena ligada, pergunta-me:
LL: Pai, por que os homens dão os parabéns dando essas taponas nas costas?
Comecei a observar e vi que era verdade mesmo. São tapas que até dói nas costas da gente. E tem machão que parece caprichar na mão pesada descendo o relho no dorso do aniversariante, de mão espalmada como se estivesse batendo numa bola de vôlei.
DD: É verdade, minha filha, mas também não sei te explicar. Talvez seja porque os homens queiram testar quem é mais forte do que o outro.
Minha explicação foi mal pois daria a entender o inverso com as mulheres. Ainda bem que Lelê não voltou a retrucar-me. Talvez porque ela se ligou no bolo de chocolate, seu bolo predileto com açúcar e com afeto. Não sei porque quando ouço a palavra ‘predileto’ sempre eu emendo essa expressão ‘com açúcar e com afeto’ da música de Chico Buarque.
Falar em festa de aniversário ela não tira da cabeça a seu na próxima sexta-feira que será na escola com seus amigos. Será uma sorvetada de flocos, como ela escolheu. Ela me pediu de presente uma bola já que a sua, a do Fluminense, furou e está murcha como o próprio.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Chiquinha

Pela manhã Lelê tomou banho e fomos para a aula de Kumon. Penteou o cabelo, que cortou semana passada, e está quase rente as orelhas, e colocou seu estojo de maquiagem na bolsa do material escolar. No carro retirou o estojo e começou a passar batom e se maquiar. Fiquei observando-a baixar o espelho que está no guarda-sol do lado do banco de passageiro e fazer todo processo de maquiagem. Parecia uma moça se enfeitando indo pr’uma guerra, pra guerra das vaidades. Tenho que começar a me preparar que Lelê-menina está se esvaindo e cedendo lugar para Lelê-mocinha. Os trejeitos de passar batom e pressionar lábio inferior com lábio superior se olhando num espelhinho é o sinal de que estamos perdendo Lelê-criança. Dia desses já estava me falando de namoradinho, que estava “ficando”... Esses papos circunstanciais e inevitáveis de quando ela está com a galera da escola. É o processo natural do universo feminino, do caminho sem volta porque os centímetros que ela está crescendo a cada instante - “nossa, como ela está grande!”, “ela só tem nove anos?”, “gente, como o tempo passa rápido!”, admiram nossos colegas - pede passagem para ser um instrumento em que avaliaremos, cresceremos, investigaremos, contentaremos, sofreremos a segunda fase de sua/nossa vida. Cada vez mais ela vai se parecendo com Chiquinha, a personagem de Miguel Paiva, cartunista do jornal O Globo, em que ela trava diálogos e situações independentes com seu pai, o Gatão de Meia Idade, lhe coloca contra a parede avisando que o espírito da modernidade feminina está no ar. Chegamos na sala de aula do Kumon e professora perguntou: “Nossa, como você está linda, vai para alguma festa?”. Lelê ficou encabulada mas a resposta estava no ar de que ela estava indo para a festa do prazer da vida.

sábado, 6 de setembro de 2008

Vinícius Ziraldo de Jobim


Estamos comprando a “Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova” e Lelê viu o número 3, Vinícius de Moraes, e ela achou o Vinícius parecido com Ziraldo.
DD: Parecido com o Ziraldo?
LL: Sim, eles se parecem muito.
DD: Não, minha filha, preste atenção e você verá que há diferença.
LL: Não, pai, eu estou falando que eles se parecem por causa da música Garota de Ipanema.
DD: Peraí, minha filha, peraí, que a coisa agora enrolou toda!
LL: Num sabe a música “olha que coisa mais linda, cheia de graça...”?
DD: Lógico que sei.
LL: Então!
DD: Então digo eu! Garota de Ipanema foi feita por Vinícius de Moraes e Tom Jobim, e não por Vinícius e Ziraldo. Se bem que a Garota de Ipanema feita pelo traço de Ziraldo é tão bonita e charmosa quanto à da música do Tom de Vincíus.
LL: Como assim?
DD: Ah, deixa pra lá. Mas não foi o Ziraldo...
LL: Não, pai, o que eu quero dizer é que Ziraldo disse no livro dele Rolim que queria ser o umbigo da Garota de Ipanema. Você me entende?
DD: Ah, entendo, Ziraldo citou a Garota de Ipanema em seu livro Rolim.
LL: Isso, isso, isso.
Mais tarde fui à nossa biblioteca e peguei o livro Rolim, de Ziraldo – que conta a estória de um umbigo, e que ela leu há quase dois anos, e tava lá, na última página do livro o desenho da Garota de Ipanema em que aparece o umbigo dela – não mostra o rosto – sob um sol de traço infantil com o seguinte texto: “E o Rolim respondeu assim, sem nenhum problema: - Eu quero ser o umbigo da Garota de Ipanema!”.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Amigo invisível

LL: Pai, você tem um amigo invisível?
DD: Não.
LL: Pois eu tenho.
DD: E como é ele?
LL: Ah, ele é muito legal.
DD: Mas como? É loiro, é menino, menina, cabelos pretos...
LL: Num sei, num dá pra falar como ele é.
DD: E você sempre fala com ele?
LL: Desde pequenininha.
DD: O que vocês conversam?
LL: Ah, de tudo. Quando eu tô nervosa aí ele aparece e diz: “calma, tenha calma”.
É verdade que eu já a vi algumas vezes falando consigo.
LL: E o legal a gente ter um amigo invisível é que quando não tem ninguém pra brincar eu brinco com ele.
DD: E ele é seu confidente?
LL: O que é isso?
DD: É a pessoa a quem a gente confia segredos a ela.
LL: Ah, com certeza!
Lembrei-me que no seriado Menino Maluquinho da TV Brasil, baseado na obra de Ziraldo de mesmo nome, tem um episódio em que o menino maluquinho conversa com seu amigo invisível e deixa a empregada da casa intrigada porque ele quer dois biscoitos, um para ele e outro para seu amigo invisível. Será que toda criança tem, ou teve, um amigo invisível? Eu não me lembro de ter tido algum, ou, se tive, era tão invisível que ficou invisível em minha memória.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Feira do livro de Brasília

Ontem fomos à Feira do Livro de Brasília, à noite, e estava vazia. Segunda-feira parece ser mesmo dia da ressaca dos afazeres de lazer do fim de semana das pessoas, e porque não dizer, dos animais do zoológico também. Ou seja, ninguém quer saber nada de livros, nem os bichos, porque eles não são bestas. Eu e Lelê percorremos todo o percurso e entramos em quase todos os stands. Lelê se interessou pelas barracas de literatura de cordel e comprou dois livrinhos: “O menino e o disco voador” e “O homem que, um dia, foi bebê ”. Compramos mais um livro do Ziraldo (Outro como eu só daqui a mil anos), dentre os mil e tantos que ele já escreveu. O homem é uma usina de escrever livro infantil. E vende feito pão de queijo porque são bonitos e criativos. O A loja do Sebinho vendia muito. É um sebo muito organizado, parece não ser sebo. Lelê adorou os banquinhos de lá pra gente se sentar e vermos os livros das prateleiras próximas ao chão. Thiago de Mello estava lançando um livro feito especialmente para a Feira e Lelê queria pegar um exemplar, mas a fila tava grande e não íamos ficar esperando. Até estande do pessoal do Esperanto tinha. Mas o que despertou a atenção de Lelê foi um quite com livrinhos infantis e um cd, em embalagem grande de papelão do Fluminense. O cd tem o hino do Flu, do Brasil com aquele clima de jogo da Seleção Brasileira e mais outras músicas em louvor ao futebol. Se nosso amigo tricolor Alcindo tivesse visto compraria. Mas Lelê falou que ele não compraria porque ele agora é são paulino depois que foi morar na cidade de São Paulo. No carro já foi ouvindo o cd na maior euforia. É lógico que a Feira do Livro de Brasília não chega nem nos pés das feiras de São Paulo e Rio de Janeiro, mas não deixa de ser um evento importante. Ouvi no noticiário do carro, dia desses atrás, que essa feira estaria mais centrada no púbico infantil visando a formação de leitores pro futuro, já que o presente com os adultos que não criaram o hábito da leitura estava difícil. Ainda vamos retornar lá com Maurinete. Ah, segundo informações o Ziraldo estará lá autografando seus livros no dia quatro e Lelê quer estar lá para arrancar um autografo dele. Juro, Alcindo e Rita, é Lelê que quer pegar autógrafo do Zira, que, aliás, quase chegou na Academia Brasileira de Letras semana passada, perdendo a cadeira para Luiz Paulo Horta pelo placar de 23 x 11. Cadeira 29 ocupada por Josué Montello.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Raul Santos Seixas

A professora estava dando aula ontem sobre o significado de AC e DC e Lelê lhe perguntou:
LL: Tia, a senhora gosta de Raul Seixas?
Professora: Gosto, por quê?
LL: Porque ele fala disso aí.
Professora: Como?
LL: Na música dele ele canta – e Lelê cantou – “Eu nasci, há dois mil anos atrás, e não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais”.
Professora: Ah, muito bem.
Na hora do recreio ela ensinou mais da letra para suas colegas e mais outras, como Gita, O Trem das Sete... Ela não gosta daquela música que fala no diabo – não me lembro agora, e nem de Mosca na Sopa, “ecaaa!!!”, como ela reage . Descobriu que os pais de quatro delas também gostam de Raul Seixas. Interessante é que há pouco tempo ela não gostava do Raul Seixas e agora é o inverso. Vá lá entender criança! Será que o Raul baixou o santo em Lelê, já que na semana passado foi o aniversário de dezenove anos de sua morte? Pra completar ela me pediu pra deixar levar a capa do cd de Raul – Metamorfose Ambulante – pra mostrar pra galera. As músicas de Raul são muito lúdicas, representativas e anarquistas. Acho que é por isso que ela gosta. Quis levar também um Atlas. Está estudando sobre os continentes. O nosso está desatualizado mas levou assim mesmo. Mais os cards de desenho animado para jogar bafo na escola. Misturar Raul Seixas com Atlas geográfico e cards de desenho animado vai dar um roque globalizado animado infantil pasteurizado na linha evolutiva da MPB da Bossa Nova pato aqui pato acolá.