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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O Sol

Certo dia desta semana estava eu indo para casa e ouvi no rádio do carro a informação de que o sol no dia seguinte nasceria às seis horas e vinte e dois minutos. “Puxa, vida, 6:22h!”, pensei impressionado com a precisão britânica – dizem que os britânicos são pontuais, num sei, tô só repetindo – da natureza. Eu, costumeiramente, acordo cedo e geralmente aprecio o nascer do Sol. Vejo o Sol surgindo por detrás das montanhas azuis, lá no fundo do baú de deus. Abre-se a tampa e ele aparece com seus raios jogando luz nos dorminhocos. Pois ontem à noite Lelê, dois pontos:
LL: Pai, me acorda amanhã cedo.
DD: Que horas?
LL: Na hora que você acordar.
DD: Mas eu acordo ás seis e pouco.
LL: Isso mesmo, essa é a hora que eu quero acordar.
DD: Mas pra que se amanhã você não tem Escola Parque!
LL: É porque eu quero ver o sol nascer.
DD: Acordar pra ver o sol nascer? Falei admirado.
LL: Sim, eu quero ver o sol nascer, porque é muito bonito.
DD: Tá bem, se eu acordar antes do sol acordar, eu te chamo.
Quando acordei hoje o sol já tinha batido o ponto e partido pro trabalho dele, dá uma voltinha no espaço. Não acordei Lelê, naturalmente, pois ela queria vê-lo nascer. Droga! Eu também queria ver o Sol nascer hoje para ver o nascer do olhar de Lelê com o olho solar. Lelê já me pediu bola, boneca, terno do Flu, caderno quadriculado, refri, pra levá-la no parque, pra comer pizza... Mas pra ver o Sol nascer foi muito legal. Provavelmente ela iria desfiar um rosário de perguntas: por quê o Sol nasce e morre, porque ele é quente, porque ele não pára, porque ele é branco numa hora, alaranjado em outra, se ele não se cansa de ficar só rodando, porque ele é ele e não ela, ou outras perguntas menos esperadas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ficar em casa

O telefone toca. Lelê corre em direção a ele.
LL: Deixa que eu atendo.
DD: Pode deixar comigo.
LL: Não, pai, pode deixar que eu vou atender. Pode ser que seja a diretora da escola dizendo que não vai ter aula hoje!
DD: A diretora? Eu e Neide caímos na risada.
LL: (falando eufórica) Alôôôô!!!
Mauri: Alô.
LL: (em voz baixa e triste) Alô.
Mauri: O que foi que aconteceu que está com a voz triste?
LL: É que eu pensei que fosse a diretora de minha escola.
Mauri: A diretora? O que foi que aconteceu?
LL: Não... É... É que eu pensei que fosse a diretora de minha escola falado que hoje não ia ter aulas.
Mauri: (Não deu para entender o que ela falou. Mas ficou claro que não era nada elogiável.)
Depois falando pra mim:
LL: É que hoje eu gostaria tanto de ficar em casa.
DD: Mas aí você vai atrasar todas suas tarefas da escola. (Ontem a noite ela fez bastante dever de casa. Respondeu um texto sobre brincadeiras escrito por Marilena Felinto, ex. jornalista do jornal Folha de São Paulo).
Já estava quase na hora da van escolar chegar – pronto, chegou! – e ela pegou sua mochila e saiu correndo dando adeus pra mim e Neide.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

É brincadeira!

Quer ver um adulto feliz? O cardápio é extenso: sair com os amigos, beber num fim de semana, ir para a náite, ver um filme predileto, namorar, participar disso e daquilo e aquilo outro tal e etc. São muitos os verbos: sair, beber, ir, ver, namorar, participar e por aí vai na primeira, segunda e terceira conjugação. São mil programas, mil coisas. Quer ver uma criança feliz? É muito simples, resume-se a um verbo: brincar. Colocou um brinquedo nas mãos de uma criança, e pronto, seu mundo está realizado. O mundo mágico incorporado num objeto lúdico é marcante para sempre tanto pela criança em voga como para o futuro adulto que não deixou de ser criança com seus brinquedos. É isso mesmo. Tem adulto que não larga seus brinquedos que marcaram sua infância. Li no Correio Braziliense do último domingo matéria sobre brinquedos e fala de um fotógrafo de 30 anos que não se desliga de seus jogos de Nitendo, Falcon, Playmobil, He-Man, futebol de botão e álbuns de figurinhas. Mesmo com os novos jogos que surgiram no mercado o prazer dele é com os antigos. Tenho observado – na escola dela, no condomínio e na casa de amigos que tem crianças - que Lelê está abandonando as bonecas e brincando com os brinquedos que tanto os meninos quanto as meninas gostam: diabolô, bicicleta, bola, o jogo de bafo com os cards, jogos de computador – a paixão dela é pelo site do Menino Maluquinho e seus jogos interativos-, etc. Na Universidade de São Paulo – USP, tem um laboratório de brinquedos e materiais pedagógicos. É muito fera. Segundo a professora desse laboratório, Ruth Elisabeth de Martin, “além de desenvolver a linguagem, o ato de brincar ajuda na interação social, na estruturação da personalidade e na aproximação com o real”. Bem, limpando essa linguagem burocrática acadêmica, o que ela que dizer é que brincar deixa a criança feliz. A reportagem ainda afirma que “a relação com os brinquedos não se constrói a partir de um valor, mas por um tipo de carisma ainda desconhecido. Umas das provas disso está nos anúncios publicitários de brinquedos: eles parecem direcionados para os pais e não para os filhos”. E arremata com a opinião da pesquisadora Danielle Lins de Almeida: “As crianças escolhem, mas é dos pais a palavra final”. Não entendi bem o que foi dito. Esse pessoal deveria ser simples e direto como as crianças que eles analisam.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dez e meia

Letícia e eu na aula de Kumon. Entra na sala um menino de uns oito/nove anos:
Menino: Dez e meia.
Professora: Oi.
Menino: Dez e meia.
Professora: Bom dia!
Menino: Dez e meia.
Professora: Como está você?
Menino: Dez e meia.
Professora: Vamos começar estudar!
Menino: Dez e meia.
Professora: Uai!
Menino: Dez e meia.
Entra a acompanhante do menino e diz que a mãe não veio deixá-lo hoje e que ela o pegará às dez e meia.
Professora: Ah, bem, está explicado.
Encerramos nossos deveres.
LL: Vamos embora pai.
DD: (Falando baixinho) Dez e meia.
LL: Já terminamos os deveres, pai.
DD: Dez e meia.
LL: Ô pai!
DD: Dez e meia.
LL: Ô pai, você pirou? (Ela sempre usa essa frase quando faço isso tipo de gozação).
DD: Dez e meia.
Antes que ela ficasse nervosa saímos quinze para as dez e meia.

domingo, 24 de agosto de 2008

Diário

Adoro escrever esse diário, aberto, o mundo inteiro pode lê-lo, quem quiser e tiver conhecimento de sua existência, lógico. É um diário que procuro mostrar o lado positivo de Lelê, o sentido bom da vida de uma menininha, as trivialidades, as brincadeiras. Meu objetivo é ser up, não interessa ser um diário de lavagem de roupa suja, mesmo porque procuro não ter isso como princípio. Sei que me exponho, exponho Lelê, exponho os que me cercam, exponho o mundo ao meu redor e de Lelê. Mostrar a cara para todo mundo, saber que a gente pode dar uma escorregada comportamental, saber que o leitor pode ter mil considerações sobre o que escrevo e reprovar-me, como também dentre essas mil considerações pode-se ter considerações elogiosas, de incentivo. O certo é que, quem se expõe está para ser criticado, ser comparado. Erros de português, erros de estilo, de concordância verbal, etc. são irrelevantes. O importante, aqui, considero, é retratar uma menina de nove anos, filha legítima adotada, classe média, bom padrão de vida, com regalias de oportunidades para a vida, que tem tudo para dar certo, mas que para a vida, como sabemos, não tem disso não. De uma hora para outra o destino pode aprontar com ela, comigo, com o caro leitor. Então o instante é o que nos interessa, com suas surpresas ou suas clarividências. Sinal dos tempos é isso: escrevia-se diários e guardava-se a sete chaves. Quem era famoso seu diário poderia vir à tona em publicação. Hoje qualquer um é qualquer um, a exposição é deslavada e pode se expor nesse caderno de arame óptico planetário. O cadeado do diário de hoje em dia é encadeado.

sábado, 23 de agosto de 2008

O efeito da paternidade

O título acima é o título do artigo do colunista da revista Veja, Diogo Mainardi, de 30/07 último. Não o leio regularmente, não sou assinante de Veja, mas recebo com certa freqüência seus escritos através de meu amigo Alcindo que me envia um pacote de recortes de jornais da grande imprensa brasileira. O Alcindo, em e-mail para mim, escreveu que eu estava gugu-dadá com os escritos desse blog, como o Diogo Mainardi tem sua atenção voltada excessivamente para seus filhos. Disse o Alcindo que estávamos monotemáticos. O Alcindo tem razão, e o Diogo também. Lelê veio a ocupar todos os espaços vazios de casa, todos os espaços vazios de meu cotidiano, sufocando todos os espaços que antes eram largos, profundos nem tanto porque não tenho talento para tanto, como o Diogo que se indagava sobre Santo Agostinho quando abria um livro. Antigamente – algumas décadas atrás - realmente não era assim, os pais estavam mais para aparar arestas com a palavra final sobre nossos comportamentos com uma palmada em nosso traseiro, ou uma chinelada idem, ou, para os papais mais pedagógicos um carão – uma repreensão verbal brava. Hoje em dia não se bate mais nos filhos e o carão tem o tom da fala do senador Eduardo Suplicy. Mas voltando a Lelê. Alcindo e os prováveis leitores desse blog, se não tiverem a paciência com esse diário, para enxergar que aqui se trata de um pai bajulador, descritivo das ações de Lelê, das firulas de Lelê e de Dudu com Lelê, de imediato galgarão o blog de meu amigo Alcindo – www.alcnol.blogspot.com com reflexões sobre seu cotidiano e a coluna do Diogo Mainardi na Veja quando ele espinafra competentemente Lula e Lulistas de primeira e última hora e das horas de quando Lula estava no ABC da política. Por falar em cartilha Lelê está preocupada em fazer uma poesia sobre Brasília, dever solicitado da escola. Pai é bicho besta, já está pensando que a menina pode escrever um poema e se tornar uma Cora Coralina, Cecília Meireles ou uma Drummona. Lelê não está pensando assim e eu estou sofrendo as conseqüências da cerveja que beberei à noite.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Torcer e distorcer

Estamos no térreo, na cozinha, e Letícia no andar de cima, no quarto dela. Não deu nem oito horas. Pelo converseiro ela sabe que somos nós e grita um “quem está aí” só para avisar que já acordou. Desce a escada e chega com um sorriso largo e falando “o Fluminense ganhou ontem a noite!”. Ganhou do Náutico lá dentro de Recife e canta uma esculachada na galera do Flamengo:
LL: O que eu quero é ser feliz
Pegar um flamenguista
E tirar sangue do nariz
É... e poder me orgulhar
E ter a consciência que o BOPE
Tem seu lugar
Mauri: Que é isso, minha filha!Você não ama o Fluminense?
LL: Amo.
Mauri: Então! Os flamenguistas também amam o Flamengo. Cada torcedor ama de paixão seu clube, nós devemos respeitá-los também. Você gostaria que alguém cantasse dessa forma com o Fluminense?
LL: Não.
Mauri: Então!
DD: Podemos dar uma gozada nos adversários, mas não podemos alimentar rancor, falar com raiva dos rivais. Isso é apenas um... um... sei lá... uma paixão esportiva, um divertimento. Se a gente fica falando com raiva de nossos antagonistas pode acabar virando um fuzuê danado, uma confusão como ocorre nos estádios de futebol que dá aquelas brigas horrorosas. Quando alguém falar que é flamenguista doente você fala que é fluminense sadio, e tudo bem, tudo está em paz.
Lelê ficou ouvindo-nos e, acredito, aceitando nossas ponderações. Eu falo assim, mas sei que é inevitável dar umas boas espinafradas nos flamenguistas, ou nos torcedores adversários de nosso time, quando os vemos atolados na lanterna de campeonato. Nesses momentos parece que a ética esportiva é troçar de nossos rivais e não o contrário.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Olelimpíadas


Já escrevi aí acima que Lelê não teve entusiasmo por essas Olimpíadas pequinince, mas mesmo assim vou láureá-la com um quadro de medalhas

· Hoje Lelê andou bastante de bicicleta e brincou no parquinho até o ultimo minuto antes de ir para casa tomar banho. Em dez minutos a moleca tomou banho, penteou o cabelo, se arrumou e começou a almoçar: medalha de ouro!

· Fez o dever da escola ontem ainda à noite (nunca tive problemas pra mandá-la fazer dever de casa: é ouro!

· Fez seus dois blocos de tarefas do Kumon dentro do prazo estipulado: é medalha amarelinha!

· Quando acordou trocou o pijama pela roupa da gandaia sem ninguém lhe pedir: é amarelo puro!

· Almoçou tudo do prato e mais um prato de alface em separado – que ela adora – e tomou suco de goiaba – que ela também adora. O verde da alface e o vermelho da goiaba só fizeram-na a subir o pódio de medalhista ouraço!

· Preparou a mochila com o material escolar e mais o lanche sem ninguém perguntar se já estava tudo pronto: Tá lá no pódio mais amarelo do que nunca!
Vou parar por aqui porque senão ela irá ultrapassar Phelps com suas oito medalhas

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Piadas

LL: Pai, posso contar uma piada?
DD: Lógico!
LL: Era natal e um menino queria ganhar um videogame – e ele não tinha nem computador -, mas o pai dele não tinha dinheiro, aí ele falou pro pai dele: “Pai, você compra pra mim um vídeo game?”. Aí, o pai do menino falou: “Não posso, meu filho, eu não tenho dinheiro”. Aí o menino respondeu: “Puxa, pai, eu queria tanto um videogame”. Aí o pai disse: “Então tá, eu vou comprar”. Aí o menino disse: “Oba, meu pai vai comprar um videogame pra mim, oba!”. Uns dias depois o pai chegou com o videogame e o menino disse: “Como o senhor conseguiu dinheiro, pai, pra comprar o videogame, se o senhor não tinha dinheiro?”. Aí, sabe o que o pai respondeu?
DD: Não, não sei.
LL: O pai disse: “Eu vendi a televisão!”.

LL: Posso contar outra?
DD: Pode.
LL: Quem entra pela porta e sai pela janela?
DD: Não sei.
LL: É a Isabela Nardoni.
DD: Que que é isso, minha filha!
LL: Ah, foi lá na escola que os meninos me contaram.

domingo, 17 de agosto de 2008

Japon

Estávamos no Plano Piloto e na volta para casa passamos no Centro Cultural Banco do Brasil. Lá sempre tem uma exposição nova, um evento qualquer. Hoje tinha até uma banda de música, Rádio Casual, que, aliás, é um grupo, e faria um espetáculo multimídia. Mas não ficamos, ia demorar. Nosso interesse era a exposição “NIPPON – 100 anos de integração Brasil-Japão”. A japonesada inteira de Brasília estava em peso visitando a exposição. Vimos os quadros de Manabu Mabe e Tomi Ohtake e mais outros. Os traços bem no estilo da arte japonesa, aquelas pinceladas delicadas e atenciosas, um colorido apelativo para o encanto de nossa visão. Mas o que me chama a atenção pode não chamar a atenção nenhuma para outra pessoa. Foi isso que percebi em Lelê. Estava indiferente, não sei se era algo instantâneo, se o olhar infantil dela estava achando infantil o olhar criador dos artistas nipônicos, ao contrário do que vimos há dias atrás na exposição A Utopia da Modernidade. Pra não dizer que nada lhe chamou a atenção ela apreciou o que estava numa sala: painéis pendurados no teto em que uma luz projetada dum canhão no alto da parede provocava efeitos luminosos que se retorciam. Eu não sei nada do significado daquilo, se é que a arte tem algum significado estabelecido para o meu olhar e para o olhar de outrem. Observei Lelê fotografando tudo com seu olhar como se não estivesse captando nada. Para mim Tomi Ohtake e Manabu Mabe são Ohtake Mabe, mas para Lelê eles são Tomi e Manabu. É isso. O feio de Lelê para mim é bonito e versa o vice. Fiquei irritado comigo mesmo porque não trouxemos a máquina fotográfica para registrar esse evento.

sábado, 16 de agosto de 2008

O que Lelê vê na TV

Não li o livro, mas li reportagem no jornal Folha de São Paulo. É o “A Tv que Seu Filho Vê” de Bia Rosemberg, diretora de programas infantis na Tv Cultura por 20 anos. Com essa larga experiência pode-se dizer que ela conhece do traçado. Título tão explícito leva-me a avaliar o que Lelê vê na tv. Nunca parei para saber com ar de preocupação o que Lelê vê na tv, e aí talvez eu esteja sendo relapso por não ter preocupado, então pergunto-me: o que Lelê vê na tv? Bia faz um resumo de seu livro em quatro sugestões e que eu vou tentar apresentar aqui em relação a Lelê.
A primeiro pergunta é: quanto tempo Lelê vê tv? Segundo o Ibope 4,5 horas por dia é o tempo que crianças de 4 a 11 anos assistem à TV no Brasil. Lelê, com 9 anos, não chega a ver esse tanto, afirmo categoricamente. Fazendo as contas, deixa eu ver... Meia hora do seriado Menino Maluquinho na Tv Brasil pela manhã – os programas são repetecos pela milésima vez e mesmo assim ela gosta de ver. E o que ela faz então pela manha? Ela gosta muito de rodar bicicleta, ir ao parquinho, ficar zanzando dentro de casa entretida com qualquer coisa; a tarde ela vai pra escola e fica zerada de tv. A noite vê a novela das nove, uma hora, e as vezes o Jornal Nacional comigo, e depois começa a ver qualquer coisa para adormecer. Somando daqui, diminuindo dali, cai um zero pixel no chão, acrescenta 525 linhas na parede, colore um desenho animado aqui com o controle remoto e o tempo ibopal chega numa média de umas duas horas e meia mais ou menos, acredito.
O segundo passo é saber como usar bem o televisor. A autora afirma que “é preciso selecionar a programação a que a criança tem acesso e orientá-la diante da TV”. Não selecionamos porque já sabemos o que Lelê vê; “que se veja TV com seu filho”. Não a acompanho na novela nem no Chaves; “que a tv deve estimular o diálogo em família, não substituí-lo”. Estamos tranqüilos quanto a isso. Sempre que necessário estamos conversando com ela, ou ela mesma nos perguntando sobre o que acaba de ver. Ela gosta muito de perguntar ; “ver TV em excesso pode prejudicar o rendimento escolar”. E a criança se torna bitolada.
O terceiro passo a autora sugere que façamos, durante uma semana, o registro dos horários em que assistimos à TV e quais os programas para sabermos quantas horas vemos TV e saber a quantidade de programas adultos vistos pela criança, e mais: se a TV foi ligada automaticamente ou com propósito específico e se a TV fica horas ligada sem que estejamos escolhendo uma programação. Confesso: nunca fizemos isso e acho muito difícil fazermos aqui em casa.
O quarto passo Bia Rosenberg sugere ensinar a criança a ver TV. Na faixa etária de 3 a 7 anos: fazer perguntas do tipo “por que você gosta desse programa?”. De 7 a 10 anos, faixa de Lelê, “ensinar a diferença entre ficção dos programas e realidade”. Se vermos os jornais praticamente não haverá essa distinção. “10 anos acima apontar estereótipos usados na tv”.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Sonho

·LL: Pai, sabe o que eu sonhei hoje?
DD: Sim.
LL: Sonhei que eu chegava no Mc’Donalds e estava sentado numa mesa o Giovanni – do conjunto mexicanao Rebeldes. Aí eu chegava perto dele e não falava nada, porque estava emocionada. Aí, no dia seguinte eu me reuni com as minhas colegas da Escola Classe, demos as mãos e falamos que tínhamos fé que a gente ia lá no Mc’Donalds de novo e o Geovanni ia estar lá de novo e aí eu ia criar coragem e ia falar com ele.
DD: E falou?
LL: Não!
DD: Ficou sem coragem novamente?
LL: Não, o sonho acabou!

· Lelê engatou tanto no cd das melhores músicas de Raul Seixas que quando a gente entra no carro ela já o coloca, principalmente na música Há Dez Mil Anos Atrás. Diz ela que é a cara de Vitória.
LL: Mãe, eu gosto muito dessa música porque ela tem uma rima muito legal.
Mauri: Qual?
LL: Ele canta assim: “Eu fui criança pra poder dançar ciranda”.
Mauri: E onde está a rima?
LL: Em criança e ciranda!
Mauri: Aí não tem rima, minha filha.
LL: Tem mãe. Olhe: (cantando): eu fui CRIANÇA pra poder dançar CIRANDA!Mauri: Não, filhinha, a letra é assim: “Eu li os símbolos sagrados de Umbanda
Eu fui criança pra poder dançar ciranda”.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Correndo

Lelê mostrou-me um presente que ela ganhou da professora da Escola Classe: um estojo de colocar canetas. É que ela, e uma outra colega, falaram pra turma a tabuada de multiplicar, de um a dez, sem errar nada. Tá afiada na multiplicação! Dei-lhe os parabéns, abraços e beijos e Maurinete também. Esse seu afiamento se deve ao período escolar de férias último, julho. Ela aprendeu com a irmã dela, Vanessa. Matemática é coisa muita justa, coisa justa é coisa de soldado, soldado é tema musical de flauta e agora Lelê está treinando aquela música “marcha saldado, cabeça de...”. É dever-música da Escola Parque. Escola Parque é diversão, diversão é bola, bola ficamos jogando golzinho ontem no parquinho daqui do condomínio de pouco mais das sete horas até as quase oito e meia. Chegou a galera de um morador conhecido meu com seus três filhos, o Ilieu, e corremos muito. Lelê adora e até que eu não botei dois palmos de língua pra fora. Perdi o horário dos jornais televisivos mas nem senti falta, não vi como estão os casos de corrupção Brasil afora, nem os resultado das Olimpíadas. A corrupção todo dia tem e até Lelê já está de saco cheio, sabendo eu que esse é um fardo que a geração dela vai ter que engolir se não acontecer um revestrés sério. E eu nem sei se a geração dela, da classe média, vai ter pique e consciência para mudanças. Bem, isso é assunto pra muitos posts e muitos comentários de meu amigo Alcindo que irá me espinafrar, com certeza. Gosto muito de suas provocações. Ah, quanto as Olimpíadas, não vi nenhum entusiasmo por parte de Lelê. A não ser as apresentações de Daiane e Jade, que ela falou que está torcendo por elas. Só. Olimpíadas pra Lelê resumiu-se a isso. Até pensei que ela fosse ficar empolgada com essa refestelança esportiva de músculos humanos jovens. Quando tiver uma olimpíada dos músculos do cérebro verei com mais freqüência.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Palavras

LL: Pai, você sabe qual a palavra que eu acho mais bonita no português?
DD: Não.
LL: É “broca”.
DD: Brooocaaaa!!!
LL: É!
DD: Nossa! E por que essa palavra é a mais bonita pra você?
LL: Porque é o nome do cachorrinho que inventei para uma estória que inventei. (Era uma redação da escola).
DD: E você sabe o significado dela?
LL: Não!
DD: Quer saber? (Aparentemente é uma pergunta óbvia, mas para criança não é. É perfeitamente possível ela dizer que não quer saber).
LL: Quero! (Sempre estou colocando exclamação porque as respostas de Lelê – e das crianças de modo geral – têm entonação, não é uma resposta seca como a maioria das dos adultos).
DD: Broca é aquele instrumento que se coloca naquelas maquininhas para furar parede. Também é aquele ferrinho da máquina do dentista que faz aquele barulhinho de ‘ziiiimmm, ziiiimmmm!’ que o dentista faz quando está tratando dos dentes da clientela.
LL: Ah, sei! E, qual a maior palavra do português?
DD: A maior palavra do idioma português – pensei que era uma pegadinha de piada de português – é ‘anticonstitucionalissimamente’.
LL: Não é.
DD: E qual é?
LL: É - segundo ela – “pneumutramicroscópicosilicovulcanicocromiótico”. (Deve ter aprendido com a galera da escola e eu não tenho a menor idéia se isso está certo ou não).







terça-feira, 12 de agosto de 2008

Não foi dessa vez

Estou rodando no meu potente gol um ponto zero, super máquina, a procura de uma vaga no Setor de Rádio e Televisão Sul para pegar nossas amigas Vilma e Vanessa Felleti, que estão em casa. Era jogo rápido, o tempo de pegar as meninas. Uma senhora estava enrolada para retirar seu A3 de uma vaga por causa de um outro carro atrapalhando sua saída. Ofereço-me para retirá-lo e a senhora aceita. Entro no carro e fico procurando a embreagem. O carro é de cambio automático, não sei como usá-lo, já vou retirando-me do automóvel e a mulher pede para eu ficar e me explica como funciona a maquina. Lelê me pede para entrar no carro, ela nunca andou num carro desses e queria provar. Não permiti porque ela conversa muito, iria me perguntar para que serve cada botão do carro e aquele momento, o carro super apertado naquela vaga, não dava para dar atenção à Lelê. Consigo retirar o automóvel depois de idas e vindas e Lelê insistindo para entrar no carro. Quando vejo, Lelê já está dentro do carro, a mulher permitiu-lhe entrar na máquina. Mas ela queria é estar no carro andando, mesmo naquele rápido tempo, com a finalidade de completar o vigésimo segundo carro em que ela teria andado em toda sua vida. Lelê falou pra mulher essa sua finalidade e ela ficou rindo com o objetivo de Lelê. Dia desses ela estava fazendo as contas de quantos diferentes carros ela já andou. Queria fechar o número de 22 autos. Ficou na expectativa.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Leitura II

Lelê e Maurinete foram a uma livraria do shopping e Lelê viu um livro em que a personagem principal tinha o nome de Letícia e ela queria comprar o livro por isso - "A menina que era outra vez" de Sérgio Klein. Maurinete comprou e ela já começou a ler, e, pelos comentários está gostando. Não li ainda, vou lê-lo. Gosto também de ler seus livros, são os livros que eu não li quando criança e ela agora está me dando a oportunidade de usufruir esse prazer. Também vou querer ler os livros das aulas do Kumon que ela ler. Hoje foi dia de aula e achei muito legal porque quando o aluno chega lá, a primeira coisa a se fazer é pegar um livro e ler. A primeira tarefa é leitura com o intuito acertado de criar o hábito da leitura no alunado. Quem faz português, como eu, a recomendação é que, em casa, se leia com o dicionário ao lado. A leitura também é gradual, ou seja, dos livros infantis até chegar aos clássicos. Tô com a relação de livros sugerida para ler e são cento e noventa e um livros. Para Lelê, matemática, tem jogos interativos bem legais. A gurizada não quer largá-los. O que eu e Lelê achamos interessante é que nós vimos uma aluna, uma menininha de uns quatro anos de idade com sua vivacidade. E é todo mundo numa mesma sala, indiferente de idade ou grau escolar. Aliás, não me foi nem perguntado qual era o meu grau escolar. O tempo voou sem a gente perceber –passou meia hora – ao contrário das aulas de quando a gente está na escola tradicional.

domingo, 10 de agosto de 2008

Dia dos pais

Quando as meninas – Mauri e Lelê – acordaram eu já havia feito o café delas. Lelê acordou mais tarde e foi buscar meu presente. Eu julgava que seria um livro, e seria O Antologia do Pasquim, volume III, mas já sei que ainda não foi publicado. Então o que seria? Lelê procura fazer mistério, chega com o presente em uma das mãos atrás das costas, se aproxima de mim e de repente estica a mão com o presente. Parabéns, muitas felicidades, eu te amo daqui, eu te amo dacolá, beijinhos, abraços, afagos e, enfim, abro o presente. Como estou cursando o Kumon com ela ganhei um cronômetro, instrumento fundamental nas tarefas diárias. Muito bom, fiquei muito satisfeito porque eu já havia falado pra Maurinete que tínhamos que comprar um de imediato. Lelê ainda me deu um chaveiro com sua foto confeccionado pela Escola Classe especialmente para o dia dos pais com uma chave de cartolina de uns vinte centímetros, com um desenho infantil de uma menininha rodeada de coraçõeszinhos e mais o sol, nuvens e árvores, e no verso escrito: “Papai, tenho você sempre guardado em meu coração!! Feliz dia dos Pais!” – e sua assinatura”. À noite estávamos sentados no chão jogando dominó dos bichos, que ela adora. Que mané Fantástico que nada, estávamos juntando as pontas das pedras jacaré com jacaré, leão com leão, macaco com macaco... e descobrindo a alegria do jogo dos bichos da mata que mata nosso tempo sem bicho para nos matar.

sábado, 9 de agosto de 2008

Método Kumon

As informações que obtivemos era de que o método Kumon era bom. Temos até colega que tem filhinha de quatro anos de idade que já começou a estudar nesse processo. Letícia, como já falei dia desses atrás, está precisando estudar matemática de forma a perder o medo desse bicho papão, e vimos que os estudos pela metodologia do professor Toru Kumon iria ser o caminho. Ontem fomos a uma unidade aqui perto de casa e já fizemos o teste para saber em que nível ela entraria. Já estamos conscientes de que, pelo fato de entrar no método Kumon agora que sua nota na escola não iria melhorar. O método é a longo prazo, os resultados vem daqui há algum tempo. O que gosto no Kumon é que ele ensina o aluno a ser autodidata. O aluno estuda sozinho, ganha seu próprio ritmo, depende dele o seu desenvolvimento no curso, mas tem a orientação de um instrutor corrigindo seus deveres. A pessoa ganha ritmo de estudo porque todos os dias, repito, todos os dias o aluno tem dever da disciplina que está estudando. O Kumon ensina matemática, a origem do curso, inglês e o idioma pátrio de cada nação em que haja o curso Kumon. Ontem Letícia estava tensa pra fazer o teste pra entrar no curso, e hoje, no primeiro dia de aula já estava relaxada. Trouxe material pra resolver em casa e já está toda contente com o curso, toda serelepe. Que esse entusiasmo seja para sempre. Amém. Ah, como eu vou ter que ir deixá-la todos os dias de aula – são duas vezes por semana -, para não ficar esperando de bobeira resolvi também fazer o Kumon. Vou estudar português. Fiz também testes e deveres da primeira aula. Gostei muito. Diz a professora que eu fui muito bem nos testes para começar e que, se eu continuar com esse ritmo dentro de um ano concluo.Como é uma unidade nova, ainda não tem o inglês – no próximo ano terá – curso que eu e Maurinete queríamos fazer. Portanto, no próximo ano, a família estará unida no Kumon. Depois voltarei a ‘falar’ mais do Kumon.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Como estou dirigindo?

Oração de uma criança: “Deus, que os maus não sejam tão maus e que os bons não sejam tão chatos. Amém”. As vezes fico a me perguntar se estou sendo um pai chato. Mau, tenho a consciência de que não sou. O ideal e o correto é que Lelê seja questionada por alguém. Mas observando bem nosso cotidiano, e do ponto de vista da criança, nós adultos temos momentos que somos maus e temos momentos que somos bons. Se negamos alguma coisa à criança somos maus, se lhe atendemos somos bons. É assim, da ótica infantil. Não me refiro ao ´mau´ no sentido de agressor física e mentalmente à uma criança, porque aí já se trata de doido, maluco. E há momentos em que é preciso dizer ´não´, um ´não´ benéfico. Considero essa questão – bom/mau - muito do ponto de vista dos pais. Cada criança é uma criança, cada pai/mãe é um pai/mãe. Cada vez mais vamos percebendo que a formação de um filho pelos pais é algo que é bom, é fácil, é difícil, é isso, é aquilo... Isso não é nenhuma novidade, não sou entendido de nada. A boa criação de um filho se dá na relação de convivência e zefini. A boa educação é a convivência gostosa. Os pais ensinam aos filhos e os filhos ensinam aos pais. Não depende de grau escolar, de riqueza, de pobreza, de religião, etecetra e tal. É a pedagogia de Paulo Freire: o professor ensina ao aluno aprendendo e o aluno aprende do professor ensinando. Repito: conviver gostosamente.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Feriado

Fui pegar Lelê na Escola Classe, quando ela me viu saiu correndo arrastando sua mochila pra me encontrar na maior alegria.
DD: Que alegria é essa minha filha?
LL: Advinhe!
DD: O Presidente da República morreu e não terá aula amanhã.
LL: Amanhã eu não vou ter aula.
DD: Por quê?
LL: A tia está doente e a tia xis não pode substituir ela porque também está doente.
Vi na alegria dela a alegria que todo brasileiro tem quando há um feriado nacional, e, principalmente, se for um feriado que caia na sexta-feira ou na segunda-feira, ou, melhor ainda se for na quinta-feira pra enforcar a sexta e se ter o prazer de não ver a cara do chefe por uns bons dias e ficar afogado no direito à preguiça com bebida, comida e sono. Lelê se afoga no dormir e brincar, principalmente brincar, um dos pilares dos direitos humanos da criança. Criança que tem seu tempo de brincar na infância cria a base de quatro paredes sólidas em um desenho mágico numa construção lógica por andaimes pungentes. Essa semana deu-me vontade de ouvir a música ´Construção´ de Chico Buarque de Hollanda e ainda ela está ressonando em minha memória.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Resposta ao Dr. Alcindo

No dia 23/7 último escrevi texto neste Blog da Lelê intitulado AGENDA, sobre a orientação que a psicopedagoga deu para que Lelê se organizasse em sua vida para deixar de ser menos relaxada com suas coisas, para que criasse mais responsabilidades no seu dia-a-dia em casa e na escola com seus estudos. Consistia numa folha de isopor constando por escrito em folha de cartolina das tarefas do dia-a-dia de Lelê, desde da hora que acorda até a hora de ir dormir, e, na frente de cada tarefa dessas consta os horários a serem seguidos. Isto vai nos auxiliar de não ficarmos fazendo cobranças constantes para ela, de não ficarmos pegando em seu pé para com suas responsabilidades caseiras e escolares. É só ler o que escrevi lá atrás. Ponto.
O meu amigo Dr. Alcindo, advogado, residente em São Paulo, fez um comentário sobre essa postagem dizendo o seguinte: “Vocês estão massacrando a pobre da menina! Eis a prova... Lelê não sabe, ainda, mas poderia entrar com um Habeas Corpus...” Já ouvi falar muito nesse tal de Hábeas Corpus e, devido minha ignorância jurídica recorro ao dicionário do Aurélio, mesmo sabendo que não é um dicionário jurídico, especializado, mas me dá uma noção correta desse latinismo “habeas cor pos = que tenhas teu corpo” e significa: “garantia constitucional outorgada em favor de quem sofre ou está na iminência de sofrer coação ou violência na sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder”. Arra, diabo, tô lascado. Pelo menos na concepção do Dr. Alcindo. E agora, o que é que eu faço, meu deus do céu! Eu não vou mentir pra Lelê e vou falar pra ela o que significa ‘habeas corpus” e já vou aproveitar para contratar o Dr. Alcindo – acredito que ele fará um precinho camarada pra mim – para ela dar entrada com esse dispositivo jurídico pra processar a mim e a Maurinete. Em contrapartida vou também aproveitar o próprio Dr. Alcindo para fazer nossa defesa. Pode ser inusitado, não sei se isso é legal. Mas antes, dessa bi contratação, tenho algumas considerações a fazer ao Dr. Alcindo, que até poderá ajudá-lo na confecção da acusação e da defesa que ele provavelmente nos fará. É o seguinte: quando o senhor, Dr. Alcindo, era criança, assim, nessa faixa de idade de Lelê, seus pais deixavam que você acordasse lá pelas 10h. ou mais e assim fazia com que você não fizesse seus deveres escolares, ou, se estudasse pela manhã, perderia praticamente todas as aulas porque chegaria muito tarde? Sim, eu sei, Vossa Excelência foi uma criança modelo e seus pais nunca o chamaram a atenção para você almoçar, arrumar sua cama, dar uma geral no seu quarto, tomar remédio, tomar banho, escovar os dentes, dormir mais cedo e não ir dormir a hora que bem entendesse pra não perder aulas no dia seguinte, e por aí vai. O senhor, Dr. Alcindo, acredita que nós estamos massacrando nossa Lelê porque queremos que ela brinque em determinado horário para não perder aulas, que ela goste de comer frutas, que goste de ler, que goste de nos ajudar em alguma atividade caseira, que não deixe de ver televisão – seus programas prediletos, que tenha toda liberdade mas não deixe de fazer suas obrigações cotidianas, como o senhor mesmo teve de estudar, brincar e ser legal como Vossa Excelência o é. Vê aí, espero que Vossa Excelência faça os autos do processo com critério, e, caso eu seja condenado, vou usufruir dessa excrescência da justiça brasileira de ir para uma cela distante da marginália porque tenho diploma superior.

domingo, 3 de agosto de 2008

A Utopia da Modernidade

Depois que almoçamos no apartamento de meu irmão Valdim fomos ver a exposição “A Utopia da Modernidade: de Brasília à Tropicália”. Há dias que eu queria leváLelêlá – a Tropicália nus faz in ventar pa lavras – e fomos eu, Maurinete, Lelê e Vanessa Felleti, amiga capixaba nossa que está hospedada em casa. A exposição está no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. Na área externa a gente já encontra obras sugestivas, como o próprio nome da exposição, A UTOPIA E MODERNIDADE, feito em compensado de tamanho gigante, cor mostarda – cada letra com quase três metros de altura por uns quase dois. Como a própria Tropicália, difícil não chamar a atenção. Dizem que lá de cima, de avião, dá pra se ver essas palavras gigantes. Havia também outros parangolés interativos que Lelê correu logo pra pegá-los, brincar, interagir. A porta de entrada são letras giratórias, e não porta. Só deu pra Lelê. Dentro, fotos em tamanho natural e recortadas no contorno de automóveis da década de 50/60 e de políticos, autoridades, como Juscelino Kubitschek, e candangos – os que botaram a massa pra construir Brasília. Os visitantes tiravam fotos com elas, as fotos. No rodapé de uma parede frases escritas. Móbiles de Athos Bulcão, falecido semana passada aqui em Brasília. Um corredor semi-escuro em que as pessoas de roupas claras se destacavam ao passar nele. Mas o mais legal mesmo era a montagem de um painel de fotos de revistas, jornais e capas de discos da década de 50/60 com todo tipo de gente famosa: Sartre; Pelé; Michel Foucault; uma capa de disco com o desenho do rosto de Nara Leão no início de sua carreira, sensacional; músicos: de Jimi Hendrix a Roberto Carlos; escritores: de Clarice Lispector a Jorge Amado; artistas da moda e com roupas da moda; políticos e o escambau. No centro do painel uma televisão que deveria ser o modelo das primeiras do Brasil, passando imagens em preto e branco daquela época. Nós íamos explicando pra Lelê quem era quem. Getúlio Vargas, depois de saber que ele suicidou, Lelê queria saber porque ele cometeu esse ato. Acabou que saímos da exposição e não explicamos os motivos. Além da tv havia um rádio do tempo de minha bisavó, funcionado, com a música Tropicália de Caetano Veloso. Era a música de fundo quando se entrava no espaço da exposição. Pronto, Lelê deu os primeiros passos na história de Brasília, na de Jusça, como ela se refere a JK, e na do Tropicalismo. Pelo menos os principais nomes do Tropicalismo ela já sabe – Cae/Gil e seus afluentes, como Milton Nascimento e Jorge Bem, a quem ela ama de paixão, como ela diz. Tenho um cd com os principais sucessos de Jorge Bem e ela sabe cantar quase todo de cor.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Leitura

Ih, há quantos dias Lelê já terminou de ler o livro Blog da Cacau. Ela passou pra tia Bel ler. Ela adorou. É um livro de uma linguagem fluente, cativante, próprio pra gente de sua idade, com assuntos de seu interesse feminino. Já falei nisso por aí acima, mas é que quero dizer, falando em leitura, que Lelê parou de ler o livro de Monteiro Lobato, O Minotauro. Acredito que ela sentiu o texto um pouco pesado, por enquanto. Não vou forçar para ela continuar porque sei que mais tarde ou mais cedo ela o retomará. Leitura, para qualquer que seja a fase de vida, tem que ser natural, sem forcação de barra, porém com uma boa orientação, como todo mundo sabe. Muita gente fala que começou a ler já na infância com Monteiro Lobato, que é sensacional, mas, por enquanto Lelê emperrou. Depois do Blog da Cacau ela já leu As Aventura do Avião Vermelho, de Érico Veríssimo. Comprei num sebo. Muita gente só conhece a obra para adultos do gaúcho Érico, mas ele também escreveu, para crianças, Os Três Porquinhos Pobres; Rosa Maria no Castelo Encantado; O Urso-com-Música-na-Barriga; A Vida do Elefante Basílio e Outra Vez os Três Porquinhos. Este primeiro semestre ela está um pouco displicente com a leitura de livros, mesmo porque eu também dei uma relaxada em não ter dado uma devida atenção para essa questão, mas quero retomar seu pique do ano passado.