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sábado, 31 de maio de 2008

Cabuloso

Maurinete trouxe pra gente ler o livro “Literatura Infantil: gostosuras e bobices” de Fanny Abramovich e eu estava lendo e Lelê viu e gritou:
LL: Olhaí, pai, a Fanny Abramovich é a autora de “Pacto de Sangue”, aquele livro que a gente leu, livro fera. (É verdade, lemos esse livro há poucos meses).
Li um pouco do livro pra Lelê em que Fanny fala que quando criança ela era uma leitora compulsiva, é tanto que, quando ela tinha uns 9 anos de idade os pais dela matricularam-na na (percebi o cacófato) União Cultural Brasil-Estados Unidos pra aprender inglês, porque já havia lido tudo o que havia sido editado para crianças, naquela época, em português.
LL: Pô, pai, isso é cabuloso (falou encantada).
Sinceramente, não sei o que significa “cabuloso”. No sentido dessa frase aí acima, de Lelê, significa que a Fanny era fera, irada, duca, porque no dicionário, fui ver, significa “aborrecido, importuno, que tem ou dá cabula (estudante pouco assíduo; gazeteiro). Bem, mas a palavra teve uma sonoridade muito gostosa e jogo de cintura, é uma palavra que faz a gente encher a boca: “caBULOso”, como a gente enche pra falar “BUNDA” e ela me levou ao pai dos burros, o que é burrice quem afirma isso. O dicionário é o pai dos inteligentes.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Coisa de menina

Eu estava fazendo barba no banheiro e Lelê chega e me fala:
LL: Pai, agora eu vou tomar três banhos por dia.
DD: Ah, que bom.
LL: Mas amanhã não, vou começar só na segunda-feira. A melhor coisa do mundo é tomar banho.
Há pouco tempo, ou melhor, já faz bastante tempo, como toda criança, ela se recusava a banhar-se, só banhava com bronca nossa. Será que ela está em fase de transição, entrou na fase definitiva de banhos rotineiros?
DD: Olhe, filhinha, se você tomar seus dois banhos diários, um antes do almoço e outro antes do jantar, ou seja, antes de ir pra aula e ao chegar, pode ficar tranqüila, me dou por satisfeito.
Depois que ela já tinha terminado de tomar banho me pediu pra chamar Neide:
LL: Pai, por favor, chame Neide pra mim.
DD: Pra que que é?
LL: Chame Neide, pai.
DD: Mas pra que você quer Neide? Ela tá lá dentro fazendo as coisas dela.
LL: É coisa de menina (falou toda cheia de si).
Não perguntei o que era essa “coisa de menina” que ela queria falar com Neide, não insisti, não pisei fundo em minha curiosidade, que, talvez, ela quisesse que eu insistisse. Depois vejo Neide penteando o cabelo dela, fazendo um estilo amarrado e um filete de cabelo caindo na lateral.
Neide: É isso a “coisa de menina” que ela queria – e riu.
29.05.08 - Quinta-feira
Título:Rick Wakeman
●Depois que Lelê conversou com Neide:
LL: Né, pai, se eu quiser ir pra Vitória eu posso ir sem pedir autorização de ninguém?
DD: Não, tem que ter autorização minha e de Maurinete.
Neide: Tá vendo!
LL: Minha mãe tem que dá autorização, ou melhor, obrigação d’eu beber refrigerante todo dia (falando em tom de gozação).
Neide: Sei...
LL: Obrigação de me dar bastante chocolate, né pai?
DD: Ahan!
Neide: Anda Letícia, vamos, deixa eu pentear teu cabelo pra ir pra escola.
DD: Bora, bora, bora, Letícia, vamos almoçar!
LL: O que é bora?
DD: É uma marca de automóvel.
LL: É um carro muito legal. Eu nuca andei de bora.
DD: Vamos, Letícia, se não a van já vai passar pra te pegar e você num tá pronta.

●Quando fui hoje pegar Lelê na psicopedagoga voltamos ouvindo Tribute to The Beatles - cd de Rick Wakeman, que comprei semana passada no Carrefour, um fera do piano nas décadas de 1970/80, e o cara faz arranjos sensacionais com seu piano - e na quinta faixa a música tem um arranjo em que a bateria se destaca, e eu e Lelê vínhamos ouvindo essa faixa com o som meio alto, batendo bateria imaginariamente como um baterista de banda de rock com todos aqueles movimentos de braço e cabeça. Quem nos olhasse acharia que ali estavam um sujeito saído do Hospital São Vicente de Paula – hospital psiquiátrico de Brasília - com sua filha recém saída da Funabem. Diz Lelê que esse cd é muito bom.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A dor

Voltaram as dores nas pernas de Lelê – mais no joelho e na batata da perna. Já levamos ao pediatra, já foi retirada radiografia, e nada acusou. Diz o pediatra que essa dor é decorrência da fase de crescimento dela e o remédio é esperar o tempo passar. Tem momentos que ela chora – não foi o caso de hoje, até o momento – e aí eu tenho que ficar massageando suas pernas até ela adormecer ou passar um pouco essa bendita dor. Já sei que hoje de madrugada serei acionado como massagista. São os ossos do ofício. Ela já fez os deveres da escola, agora está vendo tv. Se o programa do Chaves, aquele programa mexicano que passa no SBT, passasse neste momento, vinte e três horas, talvez ela se entretivesse e acabasse dormindo. Ela adora as bobices (para mim, é claro) do Chaves. Taí um momento em que a televisão funciona como babá eletrônica. Lelê fala que provavelmente essas dores são porque ela brincou muito, pulou muito, se agitou muito na escola, e por isso não rodamos de bicicleta pela rua hoje como sempre fazemos quando ela chega da escola. Ah, massageio as pernas de Lelê usando cânfora. Dor, dor, mardita dor, por que você não vai embora e deixa nossa Lelezinha em paz! Vai, dor, vai, vai ver se eu estou na esquina e te manda sua tonta!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Não caiu da cama

De madrugada acordo e vou ver como Lelê está – sempre que acordo por essas horas vou vê-la como está – e ela estava com as pernas pra fora da cama. Coloco-as pra cima da cama e como estava fazendo frio cubro-a com seu cobertor. De manhã, na hora do café:
LL: Pai, de madrugada eu senti que eu estava com as pernas de fora da cama e levei um susto.
DD: Mas eu acordei e fui em sua cama e vi que você estava com as pernas de fora e voltei com elas pra cama e te cobri com o cobertor.
Fiquei imaginando se essa minha atitude não seria o tal do instinto materno/paterno de saber que ela poderia cair da cama e acordei involuntariamente e a socorri ou simplesmente estou atribuindo poderes a mim inexistentes, fantasiosos.
Maurinete e Lelê já estão saindo – 7:10 h. Hoje é dia de Lelê ir pra Escola Parque – e eu brinco com as duas:
DD: Gente, como são lindas as minhas duas meninas, fala sério, não são umas gracinhas! Saindo as duas juntas nesse horário – eu busco Lelê meio-dia -, que lindo, gente! As duas riem com o sorriso de canto de boca ainda sedentas de cama e sono.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Primeiro

Semana passada estávamos eu e Lelê na sala de estar da biblioteca do UniDF esperando por Maurinete, sentados num sofá, Lelê com a cabeça sobre meu colo e eu acariciando seu rosto, cofiando seu cabelo, e de repente ela me pergunta:
LL: Pai, quem vai dar meu primeiro sutiã?
Olhei para sua região peitoral e respondi:
DD: Quando você tiver seios será eu.
Maurinete chegou para irmos lanchar e não deu tempo de acrescentar, mas deveria ter acrescentado: “Quando você chegar à primeira menstruação também te darei o primeiro modess; quando você estiver amadurecida, de namorado, provavelmente te darei a primeira camisinha; quando você sofrer o primeiro desencanto amoroso te darei o primeiro ombro para você desaguar suas lágrimas; quando você sofreu o primeiro tombo de bicicleta fui o primeiro a te socorrer; quem deu a primeira bronca em você, fui eu...; mas uma “coisa” primeira só você poderá nos dar, a mim e a Maurinete, é o primeiro neto.”

domingo, 25 de maio de 2008

Época do pediatra

Estamos na cozinha, Letícia sentada no colo de Maurinete.
Mauri: Ê, minha filha, já está na época de você ir ao seu pediatra.
LL: Fazer o quê?
Mauri: Ver como está sua saúde, saber quando você vai menstruar...
LL: Nunca!
Mauri: Você já vai completar 10 anos!
LL: Mãe, com quantos anos você menstruou?
Mauri: Com 13. Esmeralda também acho que foi com 13.
LL: E tia Izabel?
Mauri: Sei não.
LL: E tia Simone?
Mauri: Também não sei, você tem que perguntar pra elas. Continua Mauri em tom maternal: Um dia você vai casar e dessa barriguinha vai nascer filhos.
Já de pé, as duas dançando abraçadas:
Mauri: Tá vendo, Beibe, nessa fase é muito bom, abraçada à mamãe, carinho, beijinho...
DD: Depois já adolescente não quer nem saber e na frente dos amigos vai achar que isso é pagar mico.
Antigamente não era “pagar mico”, e sim “passar vergonha”. Como as crianças a linguagem também se modifica.

sábado, 24 de maio de 2008

O Brasil vai agradecer

Ontem a noite fui ao Guará e fui comprar cerveja no Bar do Chicão, 204 Sul e – sempre compro lá e ele adora Letícia – ao lado da entrada do bar tinha um mendigo, acocorado, uma fita amarrada na cabeça, já estava pra lá de Bagdá. Letícia estava comigo falando com Chicão e aí, de repente, ela me pede a chave do carro – não havia necessidade dela ter travado as portas – e correu até ele e volta com umas moedas e entrega pro mendigo. Já estamos fechando a tampa da traseira do carro e o mendigo se dirige até nós e fala pra Letícia: “seu gesto um dia o Brasil vai agradecer, o Brasil vai agradecer”. Esticando sua mão suja para minha, cumprimento-o com aperto de mão e pra mim fala: “Ela foi até o carro, pegou moedas e me deu. Seu gesto um dia o Brasil vai agradecer. O Brasil vai agradecer”. Falei-lhe um “Deus lhe acompanhe” e fomos embora. No carro Letícia repetiu: “seu gesto um dia o Brasil vai agradecer, o Brasil vai agradecer” e caímos na risada pela frase meio enigmática do bebum.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sonhos

Nosso condomínio tem um ônibus de circulação interna, Lelê já andou nele com Neide – nossa empregada - e seu motorista é um senhor de uns sessenta e poucos anos de nome Eduardo.
LL: Olha lá, pai, “seu” Eduardo.
DD: Meu xará.
LL: Ele é igualzinho a você.
DD: Como igualzinho?
LL: Ele é careca como você, tem olhos azuis como você, é simpático como você. Mas coitado de “seu” Eduardo. Quando as pessoas descem ou sobem de uma vez do ônibus ele tem que responder de um por um: “boa tarde”, “ boa tarde”, “boa tarde”... Aí depois ele emenda (ela imita “seu” Eduardo falando rápido) “Boa tarde - boa tarde - boa tarde - bom serviço - bom serviço - bom serviço - até logo - até logo - até logo - até amanhã - até amanhã - até amanhã...”.

Sobre seus sonhos:
LL: Pai.
DD: Ôi! (na maioria das vezes tenho que responder alguma coisa, pois senão ela fica me chamando até eu respondê-la).
LL: Todos os meus sonhos são bons. Todos!
DD: E o que você sonha?
LL: Tudo!
DD: Por exemplo.
LL: Ah, eu acho legal quando sonho dirigindo. Você é um homem de sorte.
DD: Por quê?
LL: Porque você dirige.
DD: Mas vai chegar a sua vez, pode ficar tranqüila.
LL: Meu sonho é dirigir um C4 Palas lá em Vitória. Eu já queria ser adulto. Eu detesto ser criança.
DD: Eu adoraria ser criança como você, começar a vida de novo.
LL: Então vamos trocar!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Flu 3 x 1 SP

Lelê preferiu fazer os deveres da escola ontem à noite a assistir a novela Duas Caras, mesmo tendo hoje - quinta, amanhã – sexta, sábado e domingo sem aulas. É o dever da escola e mais nada em primeiro lugar, sem ninguém pedir. É uma menina de ouro, nesse ponto, e em outros também, mas amanhã vou passar uma vista nos deveres pra ver se realmente tudo está nos trinques.
Ontem também ela estava muito alegre porque o Fluminense estava ganhando de 1 x 0 do São Paulo, jogo no Rio de Janeiro pela Libertadores, acho que é isso. No início do segundo tempo ela adormeceu numa posição muito interessante vendo o jogo em sua cama: corpo estirado, de bruços, mãos entrelaçadas sob o queixo, de touca, como se estivesse muito concentrada. Tive que retirá-la dessa posição porque senão ela iria arranjar um torcicolo com certeza. Terminou o jogo 3 x 1 pro Flu e deu-me vontade de acordá-la pra falar da vitória fluzeana mas tive dó e deixei-a sonhando com a vitória do Flu até ali 1 x 0.
Hoje fomos à casa de Fátima no Riacho Fundo, amiga nossa, e tomamos banho de piscina. Foi muito legal.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Bonita

* LL: Pai, você me acha bonita?
DD: Linda!
LL: Eu não me acho não.
DD: Mas você é linda, sim.
LL: Todo pai acha sua filha linda.

* Tenho um cd do BB King (uma seleção) que gosto muito de ouvir e estávamos ouvindo uma seleção também de Charles Aznavour, presente que Maurinete ganhou de mim e Lelê, e ouvindo Aznavour Lelê deu seu parecer:
LL: O Charles Aznavour é melhor do que BB King.
DD: Eu prefiro BB King. Mas por quê ele é melhor?
LL: Ah, o BB King fica só tocando (instrumental).

As rimas de Lelê.
*LL: Meu coração bate
Como um caroço de abacate.

Meu coração por ti bate
Que nem um dente de alicate

terça-feira, 20 de maio de 2008

Neve

Tomando cafezinho da manhã, solzinho fresquinho, tempinho friinho, Lelê comenta:
LL: Pai, antes deu morrer eu quero conhecer a neve. Lá no Canadá tem. Você num quer não?
DD: Eu não, tenho horror a frio nessa quantidade. Estranho você querer conhecer a neve porque nunca vi menina mais frienta do que você. Só quer ficar com as janelas dos quartos fechadas, só quer ficar de meias andando pela casa, e a noite já veste um moleton dos brabos. Como que você quer conhecer a neve?
LL: Mas eu quero.
DD: Ah, você já conhece.
LL: Não, pai, eu não tô falando de tia Nem, não (Neves, Maria das Neves).
DD: Tudo bem.
Pra variar, como hoje é terca-feira, dia dela ir pra Escola Parque agora de manhã, deu um grito pra Maurinete que eu tive que chamar a atenção dela pra não acordar os vizinhos. Que agonia, sô!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Figurinhas

Lelê comprou um álbum de figurinhas dos Rebeldes – o que ela tinha, com figuras grandes, ela levou pra Vitória na última viagem que fez e deu pra sua priminha Jaína – e desde de sexta-feira última só é me chamando pra ir comprar figurinhas na banca de jornais. Já fui umas três vezes e ela já comprou bem uns quinze pacotinhos de figuras – o que corresponde a 60 figurinhas – e tudo com o dinheiro dela, moedas que ela tinha juntadas pelos os livros que leu e do rapa que faz com as moedas que encontra pela casa e em nos nossos carros. E pelo que eu percebi ela ainda tem moedas pra gastar com figurinhas. Se continuar nesse ritmo o álbum será preenchido rapidamente e, conseqüentemente, ela irá ter que acelerar suas leituras pra ganhar mais dinheiro.
Ela não tem nenhuma amiga que colecione, pelo menos que ela saiba, e resolveu escrever um aviso e colocar no mural da Escola Classe. Já elaborou o texto: “troca-se figurinhas dos Rebeldes. Favor procurar Letícia na 4a. Série B, ou no telefone 3367_ _ _ _”.Ontem já era uma hora da manhã e Letícia estava deitada em sua cama relendo Diário de Julieta, de Ziraldo.

domingo, 18 de maio de 2008

Sim

Pode beber mais leite com toddy, escolha a roupa que você quer, quantas esfirras você vai querer?, qual refrigerante você quer?, pode comer mais pão, Neide vai fazer macarrão daquele que você gosta, você quer ir no Veredas ou no Assados e Grelhados ou no Tabuleiro?, vamos ao Nicolândia no Parque da Cidade, pode comer esse chocolate como sobremesa, come mais um chocolate, pode ligar pra Vanessa em Vitória, mamãe trouxe esses filmes pra você ver comendo uma bacia de pipocas, você pode acordar a hora que quiser amanhã, você vai querer almoçar carne de porco o carne de sol?, pode ir dormir hoje na cama com mamãe, pode comprar o álbum de figurinhas dos Rebeldes, leve os gibis da Menina Maluquinha Julieta pra escola, tome esse chiclete pra você chupar depois do almoço...
17.05.08 - Sábado
Título: Holliday on Ice
Ontem fomos ao show Holliday on Ice. Fomos por causa de Letícia, porque é um espetáculo pra crianças, um show com o perfil infantil. Pernalonga e seus Amigos na Volta ao Mundo em 80 minutos. Um show com a cara de Hollyood, um grupo de patinação no gelo para encantar as crianças com o passarinho Piu Piu, o coelho Pernalonga e o gato Frajola que sempre queria pegar Piu Piu, e só não pegava devido a proteção da vovó. Ameaçava o gato pegar o passarinho e o ginásio inteiro, em vozes infantis, gritava “Vovó! Vovó!”. Prestei atenção na reação de Lelê e não era diferente da de toda criança ali presente. Depois fomos comer uma pizza

LL: Pai, o telefone está morto.
DD: Está o que?
LL: Está morto. É assim: quando a gente está falando nele, ele está vivo e quando a gente
coloca ele no gancho ele está morto.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Não

Para ler rápido, em tom de narração esportiva: Letícia pega essas meias sujas no chão e bota no cesto de roupas sujas, guarda essas fotografias no álbum, vá escovar os dentes, tire o dedo desse nariz, se não está mais vendo televisão desligue ela então, calce as sandálias, cuidado pra não derrubar essa comida fora do prato, limpe esses farelos de pão em sua blusa, calce os tênis porque a van já esta chegando, não bata essa porta, pode rodar bicicleta mas cuidado com os carros na rua, junte esses lápis na pochete pra você não ficar procurando depois por esse e aquele lápis, bagunçar esses brinquedos pela casa não – você tem seu quarto pra isso, e essa tesoura e essa caneta nesse sofá?, vai tomar banho que já está quase na hora de você almoçar pra ir pra escola, menina já tem uma hora que você está nesse banho – num tá vendo que você vai se atrasar pra escola, come essa verdura que está uma delícia, você não comeu nada nada nada – quer virar santa!, amarra o cadarço de seu tênis, eu num já te falei pra não fechar as portas internas da casa com chave?, desligue esse computador quando você não quiser mais usar, por quê você não fecha a pasta com a tampinha logo após usála, dá uma geral nesses brinquedos porque já passou da hora né filha!...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Com que roupa

Logo após o banho para ir a escola – por volta das 10:30 às 11:00 hs. - ao invés de vestir o uniforme escolar Lelê vestiu a roupa dos Rebeldes: sainha plisada azul, blusa manga três quartos, gravata listada vermelha.
DD: Você não vai de uniforme hoje pra escola?
LL: Vou.
DD: E por quê você está vestida com a roupa de Rebeldes?
LL: Ah...., porque quero.
A muchachita Rebeldiana foi atacada pelas saudades do conjunto mexicano, mas logo, logo ela já estava com o uniforme escolar. A noite ela queria fazer uma palhaçadinha: me pediu pra vestir uma calça e camisa minhas, meus sapatos e um gorro preto que tenho e colocar seu óculos escuros. Como aqui em casa está tudo empoeirado por causa de uns consertos em algumas paredes, falei que não, hoje, e deixasse pra sábado que tudo já estaria limpo e aí eu bateria uma foto. Ela concordou. Não sei o que deu nela hoje pra querer usar roupas fora do momento.
Ainda a noite estávamos eu, ela e Maurinete no UniDF e ela estava com um bombom e ofereceu pra Maurinete e pra mim falou: “O senhor quer?”. Eu e Maurinete caímos na gargalhada porque ela nunca falou comigo “o senhor”, e sim “você”, “pai, papai”, “tu”. Ela levou um susto com nossa risada de repente e disse que não percebeu que falou dessa maneira.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Crescimento

Lelê chegou da escola já falando alto, quase jogando a mochila na cozinha:
LL: Pai, eu cresci!
DD: Cresceu em quê?
LL: De tamanho, ué!
DD: Por que você fala isso?
LL:Porque eu senti que eu cresci!
DD: E como você sabe que você cresceu?
LL: Porque eu tô me sentindo mais alta.
DD: Como você mediu?
LL: Porque eu sinto quando me agacho e vejo o chão perto de mim, ó (se agachou enver-
gando o corpo para baixo).
DD: Amanha eu vou te medir.
Nós de casa não vamos percebendo esse crescimento dela, mas geralmente as pessoas nos falam: “nossa, ela é alta!”. Só sei que há poucos dias Maurinete teve que sair urgente pra comprar roupas pra ela porque as que ela tinha já estavam perdidas, e pelo o andar da carruagem vamos ter que sair mais uma vez pra abastecê-la de roupa.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Cedo

Ontem a noite Lelê já estava me cobrando para eu acordá-la às seis e trinta, que seria para ela começar a se preparar para ir as aulas das terças na Escola Parque. Quando eu acordo a menina, nessas terças, ela de imediato já está de pé e já vai direto pro banheiro tomar banho e de sua cama mesmo passa na nossa e já começa a pressionar Maurinete para acordar também porque ela não quer chegar atrasada um minuto se quer. Ela está tomando banho e gritando lá do banheiro: “vamos, mãe!”, “acorda, mãe!”, “eu vou chegar atrasada!”, “vamos, mãe!”, “acorda, mãe!”... Em pouco tempo ela já está arrumada e eu já tenho comprado pão, feito o café e ela já começa a tomar café fazendo pressão em Maurinete com “vamos, mãe, vou chegar atrasada!”, e Maurinete: “Não, você não vai chegar atrasada, confie em mim”.
Maurinete deixa Letícia e eu busco. Ela quer chegar cedo pra dar tempo pra brincar com os colegas antes de começar as aulas. Lá na Escola Parque tem vários brinquedos bem convidativos pra criançada brincar subindo, descendo, escorregando, pulando. Às sete e pouco da manhã a gurizada já tá num corre-corre de aquecimento para as aulas.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Corte de cabelo

Anteontem Lelê cortou o cabelo. Até que enfim! Tava grande e eu e Maurinete pedíamos para ela cortar e ela negava terminantemente. Sua decisão para o corte se deu porque há alguns dias ela viu uma coleguinha da Escola Classe com o cabelo cortado mais ou menos rente com o início do pescoço. Eu vi – era a Fernanda – e falei que tinha ficado lindo. Lelê ficou toda empolgada e disse que queria cortar também. Todo mundo que vê o cabelo cortado de Lelê acha que ela ficou mais bonita. Até para pentear agora é mais prático. A guria agora só vive molhando o cabelo e penteando-o.
Mais uma vez Lelê passa a tarefa de leitura para Neide, nossa empregada. Sexta-feira última ela levou pra casa pra ler no fim-de-semana os livros Vovó Delícia e O Menino Maluquinho, ambos de Ziraldo. Neide falou que Lelê disse que iria fazer perguntas sobre os livros pra saber se realmente ela tinha lido-os. Segundo Neide Letícia lhe falou que ela tinha que ler livros pra ficar mais inteligente, que a leitura é muito importante pras pessoas não ficarem burras. O jeito dela convencer Neide, segundo a própria, era do mesmo jeito de Maurinete: exaltar a importância da leitura na formação da pessoa.


domingo, 11 de maio de 2008

Dia das mães

Ontem mesmo Letícia estava se coçando pra dar logo o presente de Maurinete pela passagem do dia das mães, mas eu segurei sua ansiedade pra ela entregar só hoje, no dia.
Acordamos, dei os parabéns pra Maurinete – ela me retribuiu dizendo que eu também era uma verdadeira mãe - e Letícia nada, ela só queria dar os parabéns e o presente só depois que tomasse banho, se arrumasse pra ir a missa e tomasse café. Feito isso foi lá no seu closet buscar os presentes que estavam escondidos – só ela sabia onde é que estavam – e entregou pra Maurinete, depois de abraços, beijos, declarações de eu te amo, eu te adoro, eu te... um cd do francês Charles Aznavour, que Maurinete tanto queria – ele esteve recentemente no Brasil – mais um vasinho de flor que tem a base feita de garrafa pet – ela tinha levado de casa no início da semana – trabalhado na sua escola juntamente com um cartão desenhado com flores e mensagens. Sua escola sempre trabalha essas datas com trabalhos artesanais. A mensagem de Letícia, manuscrita é: “Mamãe querida, espero que goste do presente, eu fiz com muito carinho e amor. Eu te amo, do fundo do meu (desenho de um coração)”. A mensagem da Escola Classe, feita no computador em papel A4 , cor rósea, é a seguinte:

Mãe, um presente de Deus

Para completar o homem
Deus a fez mulher
Mas para participar do milagre da vida

Deus a fez mãe

Para liderar uma casa
Deus a fez mulher
Mara para edificar um lar

Deus a fez mãe


Para estudar, trabalhar e competir
Deus a fez mulher
Mas para guiar a criança insegura

Deus a fez mãe

Para os desafios da sociedade
Deus a fez mulher
Mas para o amor, a ternura e o carinho

Deus a fez mãe

Para fazer qualquer trabalho
Deus a fez mulher
Mas para embalar um berço e construir um caráter

Deus a fez mãe

Para ser princesa
Deus a fez mulher
Para ser rainha

Deus a fez mãe

Mamãe, você é o mais lindo presente de Deus para mim,
E eu, quero ser um dádiva de Deus para você.

- Parabéns pelo seu dia!
Equipe da Escola Classe 304 Sul. Maio/2008.

sábado, 10 de maio de 2008

A morte da professora.

Ontem no Habib’s Lelê estava brincando no brinquedo de balanço – ela fica brincando lá enquanto as esfirras não chegam e eu fico bebendo cerveja lendo e ao mesmo tempo observando-a brincando com as outras crianças – e um guri com uniforme da Escola Parque que ela estuda às tercas-feiras falou-lhe que a professora que trabalha na biblioteca da Escola Parque morreu. As esfirras chegaram e ela chegou junto também.
LL(Lelê): Pai, aquele menino ali, ó, de uniforme, ele estuda na Escola Parque e ele falou
Que a bibliotecária de lá morreu.
DD(Dudu): Morreu?
LL: Sim, morreu. Ó como eu estou arrepiada (mostrou o braço). Eu fiquei abalada. (realmente ela estava chocada, muito sentida).
DD: Calma, relaxa.
LL: Você sabe quem era ela? Ela usava óculos...
DD: Sim, sei, era morena, alta. Eu pegava livros pra você ler com ela. Ela não era bibliotecária,
era professora mas trabalhava lá na biblioteca. Eu já havia perguntado pra ela uma
vez.
LL comeu, foi brincar, e retornou pra comer mais uma rodada de esfirra.
LL: Pai, não consigo esquecer a professora...
DD: Calma, filha, vamos tentar esquecer. Coma e volte a brincar.
Fomos embora e no caminho ela voltou a falar da morte da professora. Em casa ela falou pra Maurinete mas o tempo foi passando e ela foi se conformando.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Escola de lata

Como muita escola pública a escola de Letícia pediu para que a gurizada levasse latinha de refrigerante pra eles venderem pra comprar computador... Ou seja, na ausência do Estado que se virem professores e alunos, etc. e tal. Mas o que quero falar mesmo é que, com as latinhas que Letícia consegue em casa, na casa da vó Bia e algumas que Maurinete traz do trabalho (tudo em nome da educação!), ela cuida das latinhas como se estivesse cuidando de algo importantíssimo. Ela lava latinha por latinha, bota pra secar, amassa, guarda numa sacola como se fossem objetos de muito zelo que só ela que pudesse tocá-los. Ai, ai, ai se eu mexo nas latinhas. Ontem ela levou garrafa pet que era pra fazer trabalho em sala de aula que a professora pediu. Trabalho artesanal. Vamos ver o resultado depois desse trabalho.
As sandálias de Letícia estavam jogadas no quarto dela e eu as chutei para um canto para ela levar para a sapateira:
Lelê: Pai, não chuta as sandálias!
Eu: Por que?
Lelê: Porque elas tem vida, elas sentem.
Eu: Ah, é?Lelê: Tudo tem vida, tudo! Até o cocô tem vida.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Alô!


Por volta de 19 a 20h. ,todo dia, de segunda-feira a sexta-feira: Triiiiiiiiimmmmm! Triiiiiimmmm!.... Letícia sai correndo gritando “deixa, deixa, deixa que eu atendo, é mamãe!”.
Maurinete: Mamãe tá com saudade de fiinha (voz dengosa).
Lelê: Eu também, eu te amo. Você vai demorar?
Ambas se derretem em dengos e vozes chorosas encenadas. Parecem duas atrizes de dublagem em cena de desenho animado mimado.
Ontem Maurinete ligou e avisou que havia comprado os ingressos pro Holliday One Nice – nem sei de que espécie de show é isso – pra Lelê, eu, Maurinete e Ophelina (mãe de Maurinete). Pronto, é a conta pra Letícia ficar todo dia contando quantos dias faltam para esse evento. Ontem ela ficou esperando Maurinete e foi dureza pra essas duas dormirem. Letícia fica acesona e eu tenho que reclamar que Maurinete tem que ir dormir porque no dia seguinte ela tem que acordar cedo e Letícia fica dormindo até mais tarde. Não tem jeito até eu engrossar a voz, porque senão elas vão ficar nesse lenga-lenga madrugada adentro.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Sonhos

Essa menina teve tantos sonhos hoje que nem sabe descrevê-los direito, mesmo eu fazendo perguntas pra juntar os cacos e ver se dava pelo menos um sonho completo. Sonhou que estava no show de Roberto Carlos num navio e ela subia numa parede pra ver melhor Betão. Sonhou que foi ao show da dupla sertaneja Bruno e Marroni e que recebia autógrafos deles. Disse-lhe Maurinete que ela estava chorando de madrugada, mas ela não se lembra nada disso, ou seja, possivelmente estava sonhando, e falou mais um outro que não lembro o que ela falou porque estava tudo disperso e sem sentido. Pra completar falou de outros sonhos que teve quando estava em Vitória quando era menorzinha ainda.
Quando chegou da escola leleu já foi falando pra mim:
Lelê: Pai, hoje tem um monte de deveres pra fazer. 6 páginas de estudos sociais, 2 páginas de matemática, 4 folhas de geografia.
Eu: Que bom! É assim que a escola tem que ser.
Lelê: Peguei o bobo, na casca do ovo! Peguei o bobo, na casca do ovo!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Se...

Se eu não falo, se eu não reclamo, se eu não oriento, se eu não dou bronca, se eu... O pente de Lelê/Mauri estaria na escrivaninha da biblioteca; gibis estariam juntos com cds e dvds; o guarda-chuva estaria escancarado na cama; a bola suja estaria sobre o sofá; o controle remoto da tv e o telefone sem fio na bancada da pia da cozinha; o tênis sujo de areia deixaria marcas no piso da sala; o prato na sala de tv (isso já está mais controlado); a tampa da pasta de dentes já estaria sabe-se lá onde... Estava eu procurando o controle remoto do portão da garagem e, só ontem é que achei, por acaso, na bandeja de alumínio dentro do forno de fogão. Não sei quem colocou lá. Também tenho que elogiar Lelê, que de tanto a gente falar ela já não mais deixa calcinha jogada a toa, não deixa a toalha do banho jogada em qualquer lugar pois agora ela coloca no varal, e, vez por outra, ela dá uma geral nas gavetas de seu closet e nos brinquedos. É assim, assim que caminha a criançada e os adultos também. Acredito que isso de desarrumação e arrumação faz parte da criação do ser humano. Só não podemos deixar que a criança se deixe levar pro lado da bagunça e da irresponsabilidade. E quando eu era criança, como é que era?

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Flu

Essa menina tem o sangue do tipo brasileiro apaixonado por futebol. Tricolor doente. Eu já havia presenteada-a com sandálias do Fluminense e agora quer uma camisa do Flu em seu próximo aniversário e vai querer da mãe um calção. Quer também uma bandeira do pó-de-arroz. Ainda bem que eu e Maurinete somos vascaínos. Quem gosta dessa tricolozada é nosso amigo candango-paulista Alcindo, outro apaixonado tricolor, que rasga a seda pra Letícia por ela ser Flu. A questão é que devemos redobrar nossa atenção pra dentro de casa senão teremos tudo quebrado com as boladas de Letícia. As vezes ela fica irradiando o jogo com o grand finale de uma partida tricolor. E tem coisas que não dá pra entender, ou dá, pois se trata de uma torcedora mirim: ontem ela estava torcendo pelo Flamengo contra o Botafogo na decisão do campeonato carioca.

domingo, 4 de maio de 2008

Amigos

Lelê falou pra Maurinete que tem dois “amigos”.
Lelê: Mãe, tenho dois amigos muitos legais (falou em tom de “amigos” como paqueras).
Maurinete: Ah, é? E quem são esses meninos.
Lelê: Miguel e Diego.
Maurinete: De onde eles são? (perguntou em tom de saber mais sobre os tais “amigos”)
Lelê: Eh, mãe, são duas árvores que ficam aqui em nossa rua. Eu chamo elas de Miguel e Diego. (Ontem a tarde quando estávamos rodando de bicicleta fui lá nas árvores com Letícia e ficamos conversando com elas. Eu e ela ficávamos inventando diálogos com as árvores como se fossem com os dois amigos dela).
Maurinete: Ah, bem...
Lelê: Quando eu casar eu quero ter um filho com o nome de Diego.
Maurinete: Diego, a origem desse nome, significa “do diabo”.
Lelê: Ah, mas eu quero, eu gosto desse nome.
Maurinete: Tudo bem, o filho não é meu mesmo, pela avó não seria esse nome.
Eu: Esse nome, Beibim, é nome de gente, não tem nada a ver com isso que você falou.Maurinete: 'Ah, é mesmo' (falou como se estivesse pedindo para esquecermos essa história de “do diabo”, e tudo ficou normal, em paz).

sábado, 3 de maio de 2008

Morte anunciada

Maurinete saiu, foi fazer compras da construçao da piscina, fazer unha... Fui deixar Lelê na catequese. Já no carro:
Eu: Vamos Letícia, vou te deixar na morada de Deus.
Lelê: É verdade.
Eu: Eu amo Deus.
Lelê: Até que enfim!
Eu: Deus também me ama.
Lelê: Deus ama a todo mundo. Ama até os mortos. A gente não devia morrer.
Eu: Mas aí, se a gente não morresse, o mundo hoje estaria superlotado de gente.
Lelê: A gente deveria viver até...
Eu: Até...
Lelê: Até o infinito!
Eu: É, mas a gente vai morrer.
Lelê: Ou senão, Deus poderia avisar a gente quando a gente fosse morrer.
Eu: Ah, seria legal, Deus falasse: “Eduardo vai morrer no dia 29 de setembro de 2045 às vinte e três horas e quarenta e cinco segundos. Letícia vai morrer em 25/04/3007 às 23:02:55.
Lelê: Quando chegasse a hora aí eu ia bruargh!!! (fez a cara de gente esticando a língua com careta para dizer que estava morrendo).
Eu: Aí a gente podia dar uma baita duma festa um dia antes da morte anunciada. Seria legal.
Chegamos no salão do condomínio onde é realizada a catequese e Lelê se juntou à nova galera de sua vida.
Saí com Lelê para almoçarmos e na volta vimos no mural de avisos na entrada do condomínio um aviso: “Procura-se gato branco, de olhos azuis. Recompensa-se. Tratar no Telefone:...”
Eu: Achei!
Lele: Onde?
Eu: Sou eu!
Lelê: Como assim?
Eu: Ué, gato, branco, olhos azuis! Chego na casa da mulher, se ela for também uma gata, falo: ‘Pronto: está aqui o gato branco de olhos azuis’. Lelê riu com minha sacada, mas completou:
Lelê: Aí a mulher fala: :”Ah, é?”, e mete o cabo de vassoura na sua cabeça.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Deus

Lelê, sentada no sofá do home, vendo a fita de vídeo-cassete do show dos Rebeldes, que eu gravei pra ela de quando o grupo mexicano esteve aqui no Brasil há mais de ano, me pergunta:
Lelê: Pai, o que é narcisista?
Eu: De onde você aprendeu essa palavra?
Lelê: De uma múisica, depois eu te falo.
Eu: Provavelmente você irá ler sobre o narcisismo no livro de Monteiro Lobato que você está lendo, O Minotauro. Narcisismo é a história de um rapaz muito bonito, na Grécia antiga, que, não havendo espelho para as pessoas se verem, certo dia ele foi beber água, ou banhar o rosto em um rio, algo parecido, e se viu naquela água limpa, trasparente. Ele se achou lindo, se achou o máximo de belezura, e, portanto, quando uma pessoa se acha o máximo de boniteza, esta pessoa está se achando o Nacísio, essa pessoa é narcisista.
Lele: Ah, tá,. Pai, e as frutas são coisas criadas por Deus? (perguntou olhando para a capa de uma revista Veja que tinha a capa composta só de frutas)
Eu: Sim, são.
Lelê: Mas Deus deu inteligência para o homem criar as coisas.
Eu: Sim, é verdade, mas quem te ensinou isso?
Lelê: Foi a Angélica na Catequese.
Eu: Ela é freira?
Lelê: Não, ela tá se formando pra ser.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Só em casa

O dia todo dentro de casa, pernas pro ar, nós três. Letícia e Maurinete viram o filme de desenho animado no dvd, Professor Particular, e, pela não sei pela quantas vezes Lelê viu Tainá. Mais uma amiguinha apareceu para Letícia: é a filha do Iriel, morador daqui do condomínio, ciclista inveterado. A filhinha dele tem quatro anos, eles iam passando aqui em frente de casa e começamos a conversar e ele perguntou se a filhinha queria brincar com Lelê e ela concordou e ficaram as duas lá no quarto de Letícia brincando de montar quebra cabeça e jogando no lap top da Xuxa.
O dia está meio friorento, deu até preguiça da gente fazer caminhada pelas ruas do Ville e Letícia acompanhar-nos em sua bicicleta. Quando estava passando o desenho animado teve um momento que Maurinete teve que ir lá na cozinha e Lelê ficou no home, mas Maurinete estava atenta ao filme, que surgiu a seguinte frase de um personagem: “para que estudar se a gente pode se divertir!”, e aí Maurinete gritou lá da cozinha: “ignorante, estudar também é se divertir!”.