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domingo, 28 de março de 2010

A revolta

Sexta-feira última Lelê estava chegando do colégio, com mochila nas costas, e falou em tom sério:
- Pai, estou revoltada!
Fiquei surpreso e conjecturei logo que alguém na escola, algum(a) coleguinha, tinha lhe xingado, lhe batido ou lhe ofendido de alguma forma. Já ia eu lhe perguntar por que dessa revolta quando ela repetiu:
- Tô revoltada, pai.
Nossa, senhora - fiquei imaginando - qué que foi que essa menina aprontou lá no colégio? Com quem ela brigou? Qual será a injustiça que cometeram com ela? Quase que eu já ia falar: “só me basta dar o nome do sujeito que lhe bateu que eu quero mostrar a esse indivíduo com quantos paus se faz uma canoa!”. Contive-me e falei pra ela revelar qual era o motivo de tanta revolta. Se fosse Maurinete o instinto materno já teria arregalado os olhos e dito em letras garrafais um “o que foi que aconteceu, minha filha, fala logo!”. Com meu olhar reclamante de explicações Lelê falou:
- É que eu recebi o resultado dos testes de matemática...
Nem bem terminou de falar e já imaginei que ela havia tirado zero, sendo que pelo menos uma questão estava corretíssima e o professor nada considerara. Já estava engatilhando um “que filho da mãe!” – coitado dos professores, nessas ocasiões suas mães se assemelham aos de árbitros de futebol – quando ela completou:
- E eu tirei oitenta e quatro!
Eu: “Ãh!”. E comecei a rir e lhe dar os parabéns. Afinal, não é toda hora que se tira uma nota dessas em matemática. A revolta era porque teve gente que tirou dez e ela achava que poderia muito bem ter também tirado nota máxima. Ou seja, a competitividade está latente em sua mente. É a pedagogia moderna. E agora, vou tirar a menina da escola? Ou aceito que esse é o mundo em que vivemos e ponto!

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